O CRESCIMENTO DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: UMA POLÍTICA PÚBLICA OU UMA ESTRATÉGIA COMERCIAL DOS GRUPOS EMPRESARIAIS EDUCACIONAIS?
DOI:
https://doi.org/10.5216/ia.v49i2.79064Palavras-chave:
Educação Superior, Educação a Distância, Políticas Públicas, Conglomerados Privados EducacionaisResumo
Atualmente, no ensino superior brasileiro, mais alunos ingressam em cursos na educação a distância (EaD) que os registrados na modalidade presencial. Se as projeções estatísticas para o campo se confirmarem, o número total de estudantes remotos matriculados ultrapassará, em breve, os inscritos em matrículas presenciais. Contudo, este crescimento substancial da EaD não veio acompanhado de um protagonismo do setor público que assistiu, pouco a pouco, ao fortalecimento do setor privado, expresso na atuação das grandes empresas educacionais no setor. Este artigo, bibliográfico e documental, analisa esta transformação a partir dos Planos Nacionais de Educação 2001-2011 e 2014-2024 e das estratégias comerciais das grandes empresas do setor educacional para captar os alunos de classes sociais mais desfavorecidas. Os resultados demonstraram que o alinhamento do conjunto de marcos normativos estatais, não previstos no PNE 2014-2024, e o interesse comercial latente dos grupos educacionais foram fundamentais para o atual desenho do nosso sistema.
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