DISJUNÇÕES DO POVO, VIDAS PRECÁRIAS E ESCOLA PÚBLICA

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5216/ia.v49ied.especial.79556

Palavras-chave:

Povo; Escola Pública; Defesa da Escola Pública; Escola Heterotópica.

Resumo

Amparada em pressupostos político-filosóficos não metafísicos, a presente análise, de caráter teórico-conceitual, busca, em seu primeiro plano argumentativo, evidenciar a não generalidade da categoria povo, problematizando as suas cisões como condição de sua própria existência e a precariedade como um de seus efeitos disjuntivos. Num segundo plano, a partir do entendimento de que a precariedade implica alguma forma de destituição da dignidade de uma vida, sugere que o elo entre a escola pública e as vidas precárias seja pensado por intermédio de uma mirada heterotópica, circunscrita por uma relação constitutiva de pertencimento, por um endereçamento inventivo ao arquivo do mundo e por um gesto que torna os olhos da escola sensíveis às vidas precárias. Ao concluir, sustenta a ideia de que as rupturas do povo, ao mesmo tempo que forjam vidas precárias, constituem-se como premissa de enfrentamento da precariedade, exercendo, sobretudo no espaço-tempo da escola pública, um papel eticamente positivo.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Glaurea Nádia Borges de Oliveira, Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Campinas, São Paulo, Brasil, glaurea@unicamp.br

Professora da Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas (FEF/Unicamp), vinculada ao Departamento de Educação Física e Humanidades. Doutora em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FE/USP) e Mestra em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP).

Referências

AGAMBEN, G. O que é um povo? In: AGAMBEN, G. Meios sem fim: notas sobre a política. Belo Horizonte: Autêntica, 2015, p. 35-40.

AQUINO, J. G. O pensamento como desordem: repercussões do legado foucaultiano. Pro-Posições, Campinas, v. 25, n. 2, p. 83-101, mai./ago. 2014.

AQUINO, J. G. Diálogos em delay: especulações em torno de uma temporalidade outra do encontro pedagógico. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 43, n. 2, p. 311-326, abr./jun. 2017.

AQUINO, J. G. Não mais, mas ainda: experiência, arquivo, infância. Childhood & Philosophy, Rio de Janeiro, v. 12, n. 23, p. 179-200, jan./abr. 2016.

ARIÈS, P. História social da criança e da família. 3. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2022.

BUTLER, J. “Nosotros, el pueblo”. Apuntes sobre la libertad de reunión. In: BADIOU, A. et al. (Org.). ¿Qué es um pueblo? Buenos Aires: Eterna Cadencia Editora, 2014. p. 47-68.

BUTLER, J. Vida precária. Contemporânea, São Carlos, n. 1, p. 13-33, jan./jun. 2011.

CHATTERJEE, P. Colonialismo, Modernidade e Política. Salvador: EDUFBA/CEAO, 2004.

DIDI-HUBERMAN, G. In: BADIOU, A. et al. (Org). ¿Qué es um pueblo? Buenos Aires: Eterna Cadencia Editora, 2014. p. 69-101.

FOUCAULT, M. O sujeito e o poder. In: RABINOW, P.; DREYFUS, H. (Org.). Michel Foucault, uma trajetória filosófica: para além do estruturalismo e da hermenêutica. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1995. p. 231-249.

FOUCAULT, M. Outros Espaços. In: MOTTA, M. B. (Org.). Ditos e Escritos III – Estética: literatura e pintura, música e cinema. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2001, p. 411-422.

GALLO, S. Educação menor: produção de heterotopias no espaço escolar. In: Grupo Transversal. (Org.). Educação menor: conceitos e experimentações. Curitiba: Prismas/Appris, 2013, p. 75-88.

LIBÂNEO, J. C. O dualismo perverso da escola pública brasileira: escola do conhecimento para os ricos, escola do acolhimento social para os pobres. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 38, n. 1, p. 13-28, 2012.

LIBÂNEO, J. C. Escola de tempo integral em questão: lugar de acolhimento social ou ensino-aprendizagem? In: BARRA, V. M. L. da (Org). Educação: ensino, espaço e tempo na escola de tempo integral. Goiânia: Editora da UFG, 2014. p. 257-308.

RANCIÈRE, J. El inhallable populismo. In: BADIOU, A. et al. (Org.). ¿Qué es um pueblo? Buenos Aires: Eterna Cadencia Editora, 2014. p. 119-124.

TELLES, V. S. Pobreza e cidadania: figurações da questão social no Brasil moderno. In: TELLES, V. S. Pobreza e cidadania. São Paulo: Editora 34/PPGS-USP, 2001a, p. 13-56.

TELLES, V. S. Questão social: afinal, do que se trata? In: TELLES, V. S. Pobreza e cidadania. São Paulo: Editora 34/PPGS-USP, 2001b, p. 115-138.

VARELA, J.; ALVAREZ-URIA, F. A maquinaria escolar. Teoria & Educação, São Paulo, n. 6, p. 68-96, 1992.

WILLIANS, J. Pós-estruturalismo. Rio de Janeiro: Vozes, 2012.

Downloads

Publicado

2024-09-01

Como Citar

OLIVEIRA, G. N. B. de. DISJUNÇÕES DO POVO, VIDAS PRECÁRIAS E ESCOLA PÚBLICA. Revista Inter-Ação, Goiânia, v. 49, n. ed.especial, p. 839–853, 2024. DOI: 10.5216/ia.v49ied.especial.79556. Disponível em: https://revistas.ufg.br/interacao/article/view/79556. Acesso em: 8 out. 2024.