RANKINGS ACADÊMICOS INTERNACIONAIS COMO REGULADORES DA EDUCAÇÃO SUPERIOR: UMA ANÁLISE ACERCA DOS SEUS USOS EM DELIBERAÇÕES SOBRE POLÍTICAS INSTITUCIONAIS
DOI:
https://doi.org/10.5216/ia.v49i2.79138Palavras-chave:
Educação Superior; Rankings Acadêmicos; Políticas Institucionais; Universidades Públicas.Resumo
Nas últimas duas décadas, rankings acadêmicos internacionais ganharam relevância na educação superior global. Referências para a formulação de políticas públicas e opiniões de importantes atores no campo, essas classificações têm influenciado atividades acadêmicas e administrativas de instituições de educação superior pelo mundo. No Brasil, pesquisas têm evidenciado a presença de rankings em Planos de Desenvolvimento Institucional e em mídias universitárias; no entanto, suas consequências nos processos de tomada de decisão nas instituições ainda são pouco conhecidas. Este artigo procura contribuir com tal entendimento, analisando atas dos Conselhos Universitários da USP e da Unicamp entre 2010 e 2023. Os resultados revelam que rankings são mobilizados como fonte de autoridade externa na construção de estratégias argumentativas, alterando como diversos agentes dão sentidos à qualidade na educação superior.
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