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JOVENS NEGROS COTISTAS NA UNIVERSIDADE PÚBLICA: UMA CARTOGRAFIA DAS RESISTÊNCIAS

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5216/ia.v50i2.83102

Palavras-chave:

Jovens Negros. Política de Cotas Raciais. Narrativas. Universidade.

Resumo

Este artigo analisa as dificuldades no processo de inclusão e as táticas de permanência de jovens negros cotistas na universidade pública. Faz um recorte da dissertação de Mestrado em Educação, com uso da Cartografia (Deleuze; Guattari, 2011; Passos; Kastrup; Escóssia, 2020) na análise documental e na produção de narrativas escritas e orais de jovens cotistas. O território de pesquisa é a Universidade Estadual do Maranhão, Câmpus Caxias. As narrativas revelaram experiências de rejeição dos corpos negros nos processos de inclusão, através do dispositivo de racialidade para produzir preconceito e discriminação pela cor da pele e pela condição de cotista. Entretanto, usam táticas de resistência para permanecer a partir da afirmação identitária, do autorreconhecimento de sujeito de direito e do desempenho acadêmico.

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Biografia do Autor

Samuel José Lima de Carvalho, Universidade Federal do Piauí (UFPI), Teresina, Piauí, Brasil, samuel.jose@ufpi.edu.br

Mestrando pelo Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal do Piauí (PPGED-UFPI), da linha 3 (Educação, Diversidade/Diferença e Inclusão). Especialista em Supervisão, Gestão e Planejamento Escolar pelo Instituto de Ensino Superior Franciscano (IESF). Graduado em Licenciatura Plena em Pedagogia pelo Centro Universitário de Ciências e Tecnologia do Maranhão (UniFACEMA). Técnico em Agropecuária pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA Campus Caxias). Sou professor efetivo dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental da Secretaria Municipal de Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação (SEMECTI) do município de Codó MA. Participo da Rede Brasileira de Educação em Direitos Humanos do Piauí (REBEDH-PI); do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação, Gênero e Cidadania (NEPEGECI) e do Laboratório de Experiência e Criação do Educar em Direitos Humanos (LECEDH), cujo os estudos aproveitados desses núcleos cimentam a fundamentação teórica necessária para a construção da minha pesquisa de mestrado em Política de Cotas e a Trajetória de Jovens Negros Cotistas. Meus temas de interesse são: Corpo-território negro, Ações Afirmativas, Política de Cotas, Juventude Negra, Educar em Direitos Humanos, Relações Étnico-raciais, Políticas Públicas Educacionais, Experiências e Escrivivências.

Maria do Socorro Borges da Silva, Universidade Federal do Piauí (UFPI), Teresina, Piauí, Brasil, msocorrobs@ufpi.edu.br

Doutora em Educação, mestre em Ciências da Educação, especialista em História Política Contemporânea e licenciada em História. Professora da Universidade Federal do Piauí (UFPI), do Centro de Ciências da Educação (UFPI- CCE) no Programa de Pós-Graduação em Educação ( PPGED/UFPI) e no Departamento de Fundamentos de Educação (DEFE) com docência na área dos estudos de Fundamentos Históricos e Sociológicos da Educação e Relações Étnico-Raciais e de Gênero. É coordenadora Estadual da Rede Brasileira de Educação em Direitos Humanos no Piauí (ReBEDH-PI), Membro da coordenação nacional da ReBEDH. Coordena o Curso de Formação de Educação em Direitos Humano: uma transversalidade cultural na Educação Básica, numa parceria entre SECADI/MEC, UFPI e REBEDH. Ciou o "Laboratório de Experiências e Criações do Educar em Direitos Humanos" (LECedh), participou do Grupo de Trabalho de Enfrentamento da Violência de Gênero - UFPI. Integra o Núcleo de "Educação, Gênero e Cidadania" (NEPEGECI/UFPI), dentre outros coletivos institucionais e participou do Observatório de Juventude, Violência e Cultura de Paz (OBJUVE/UFPI) . Pesquisa os processos de experiência e criação na Educação em Direitos Humanos de crianças, adolescentes e jovens, questões das diversidades étnico-raciais de gênero, com foco para os povos originários indígenas e quilombolas, mulheres e ações afirmativas e politicas de inclusão de sujeitos, instituições, práticas educativas e movimentos sociais micro políticos, com abordagens metodológicas inovadoras, inventivas, interventivas e cartográficas, como também, ligadas às narrativas, memoria e historia. Tem uma trajetória na docência, gestão e coordenação de projetos na educação básica, superior, popular e comunitárias, principalmente na Educação em Direitos Humanos. Tem experiências de trabalhos de pesquisa e extensão em territórios sociais, entrelugares demarcados pelas violências e superações de seus conflitos, como alternativas experienciais de potencialidades na fronteira entre Maranhão e Piauí. É escritora, poeta e sociopoética, participando de coletivos nacionais literários. É membro do Instituto Histórico Geográfico de Caxias (IHGC), sua cidade de origem.

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Publicado

2025-09-08

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Como Citar

LIMA DE CARVALHO, Samuel José; BORGES DA SILVA, Maria do Socorro. JOVENS NEGROS COTISTAS NA UNIVERSIDADE PÚBLICA: UMA CARTOGRAFIA DAS RESISTÊNCIAS. Revista Inter-Ação, Goiânia, v. 50, n. 2, p. 493–508, 2025. DOI: 10.5216/ia.v50i2.83102. Disponível em: https://revistas.ufg.br/interacao/article/view/83102. Acesso em: 5 dez. 2025.

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