CAPITALISMO ACADÊMICO E A COMPETIÇÃO ALIENANTE ENTRE PROFESSORES-PESQUISADORES NOS RANKINGS DE EDUCAÇÃO SUPERIOR

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5216/ia.v49i2.79133

Palavras-chave:

Predominância Financeira; Rankings Acadêmicos; Universidade Brasileira.

Resumo

Este artigo explora a influência da lógica do capitalismo acadêmico e dos rankings internacionais na estrutura e funcionamento da educação superior brasileira. Analisa a crescente mercantilização do conhecimento e a intensificação da competição científica, fenômenos que são impulsionados pela predominância financeira. O estudo destaca a centralidade das grandes editoras acadêmicas no mercado editorial global e explora sua relação intrínseca com os rankings acadêmicos. A conclusão do artigo indica que a predominância financeira está progressivamente inserindo as universidades estatais brasileiras no circuito do capitalismo acadêmico, desafiando sua autonomia institucional e alienando seus pesquisadores sob a intensificação do trabalho para a produção de conhecimento.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Everton Henrique Eleutério Fargoni, Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), São Carlos, São Paulo, Brasil, evertonfargoni@gmail.com

Doutorado em Educação pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Mestre em Educação e pedagogo pela UFSCar. Professor e Pesquisador do grupo em economia política da educação e formação humana (GEPEFH/UFSCar). Pesquisador do eixo de pesquisa "Produção de conhecimento" da Rede Universitas/BR.

João dos Reis Silva Júnior, Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), São Carlos, São Paulo, Brasil, jr@ufscar.br

Livre Docente (USP). Professor Titular do Departamento de Educação (UFSCar). Pós-doutor em Economia (USP e University of London). Doutor em História e Filosofia da Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Mestre em Administração (PUC-SP). Professor visitante da Arizona State University (EUA). Pesquisador do CNPq.

Afrânio Mendes Catani, Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, Brasil, amcatani@usp.br

Livre Docente em Educação e Professor Titular da Faculdade de Educação da USP. Mestre e Doutor em Sociologia (USP), graduado em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas. Pós-Doutorado na Middlesex University London. Professor visitante na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), campus de Duque de Caxias. Pesquisador do CNPq.

Referências

ALTBACH, P. G.; SALMI, J. O caminho para a excelência acadêmica: A criação de universidades de pesquisa de nível mundial. Washington, DC: Banco Mundial, 2011.

ANTUNES, R. Uberização, trabalho digital e indústria 4.0. 1. ed. São Paulo: Boitempo, 20205.

BIANCHETTI, L.; VALLE, I. R. Produtivismo acadêmico e decorrências às condições de vida/trabalho de pesquisadores brasileiros e europeus. Ensaio: aval. pol. públ. Educ., Rio de Janeiro, v. 22, n. 82, p. 89-110, jan./mar. 2014.

BIANCHETTI, L; ZUIN, A. S. FERRAZ, O. Publique, apareça ou pereça: produtivismo acadêmico, pesquisa administrativa e plágio nos tempos da cultura digital. Salvador: Edufba, 2018.

BLUME, S. Transfer sciences: Their conceptualisation, functions and assessment.

Prepared for the Consequences of the Technology Economy Programme for the

Development of Indicators', OECD, Paris. 2-5 July, 1990.

BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). Dados Abertos Indicadores de Qualidade da Educação Superior, 2024. Disponível em: https://www.gov.br/inep/pt-br/acesso-a-informacao/dados-abertos/indicadores-educacionais/indicadores-de-qualidade-da-educacao-superior. Acesso em: 5 abr. 2024.

BRASIL. Instituto De Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). A evolução recente do emprego de novos doutores no setor privado não educacional brasileiro. Disponível em: https://www.ipea.gov.br/portal/radar/temasradar/ciencia-tecnologia-2/14815-a-evolucao-recente-do-emprego-de-novos-doutores-no-setor-privado-nao-educacional-brasileiro. Acesso em: 9 maio 2024.

CHESNAIS, F. A mundialização do capital. Tradução de Silvana Finzi Foá. São Paulo: Xamã, 1996.

DOURADO, L. F. Reforma do Estado e as políticas para a educação superior no Brasil nos anos 90. Educação & Sociedade, v. 21, n. 69, p. 109-132, 2000.

GAULEJAC, V. Gestão como doença social: ideologia, poder gerencialista e

fragmentação social. Aparecida: Idéias & Letras, 2007.

GEUNA, A.; NESTA, L. University Patenting and its Effects on Academic Research: The Emerging European Evidence. SPRU, University of Sussex, 2004.

HAZELKORN, E. Reflexões sobre uma década de classificações globais: O que aprendemos e questões pendentes. Beitraegezur Hochschulforschung, Munique, v. 49, n. 1, p. 12-28, 2013.

HELGEN, K. Stunning breakthrough: the platypus and echidnas came from the South Pole. Australian Geographic, 29 mar. 2022.

KISHI, N. How does policy focus influence scientific research? Science and Public Policy, v. 47, n. 1, p. 114-124, 2020.

KNIGHT, J. Internationalization remodeled: Definition, approaches, and rationales. Journal of Studies in International Education, v. 8, n. 1, 2004.

KNIGHT, J. Rankings, ratings and benchmarking: what they mean for institutional strategies and internationalization. International Higher Education, Boston, n. 82, p. 2-3, 2016.

MARGINSON, S. Higher education and the common good. Melbourne:

Melbourne University Press, 2016.

MARX, K. Manuscritos econômico-filosóficos. São Paulo: Boitempo, 2004.

MEYER, M. Academic patents as an indicator of useful research? A new

approach to measure academic inventiveness, Research Evaluation, 12(1): 17-27, 2013.

MOREIRA, E. et al. The rise of hyperprolific authors in computer science: Characterization and implications. Scientometrics. v. 128(5), p. 2945-74. 15 mar. 2023.

MURRAY, F.; STERN, S. Quando as ideias não são gratuitas: o impacto das patentes na pesquisa científica. In.: Innovation Policy and the Economy, Josh Lerner and Scott Stern, editors, MIT Press, 2007.

OLIVEIRA, F. Crítica à razão dualista - O Ornitorrinco. São Paulo: Boitempo editorial, 2003.

PAULANI, L. Brasil Delivery: Servidão Financeira e Estado de Emergência Econômico. São Paulo: Boitempo Editorial, 2008.

RISTOFF, D.; GIROUX, H. Rankings acadêmicos na educação superior: tendências e desafios para as universidades brasileiras. Avaliação (Campinas), v. 19, n. 3, p. 625-646, 2014.

SALMI, J. O desafio de criar uma universidade de classe mundial. Colômbia: Mayol (BM), 2009.

SGUISSARDI, V.; SILVA Jr., J. R. Trabalho intensificado nas federais: pós-graduação e produtivismo acadêmico. São Paulo: Xamã, 2009.

SILVA JR, J. R. The new brazilian university: a busca por resultados comercializáveis: para quem? Bauru: Canal 6, 2017.

SILVA JR., J. R.; FARGONI, E. H. E. Mundialização da educação superior: notas sobre economia, produção de conhecimento e impactos na sociedade civil. Trabalho & Educação, Belo Horizonte, v. 28, n. 3, p. 35–49, 2019.

SILVA JR, J. R. Rankings, trabalho do pesquisador e capital financeiro. Educação & Sociedade, v. 44, p. e266708, 2023.

SLAUGHTER, S.; RHOADES, G. Academic capitalism and the new economy: market, State and Higher Education. Baltimore, MD: Johns Hopkins University Press, 2004.

THIENGO, L. C.; BIANCHETTI, L.; DE MARI, C. L. Rankings acadêmicos e universidades de classe mundial: relações, desdobramentos e tendências. Educação & Sociedade, Campinas, v. 38, n. 139, p. 507-526, abr./jun. 2017.

Downloads

Publicado

2024-09-03

Como Citar

FARGONI, E. H. E.; JÚNIOR, J. dos R. S.; CATANI, A. M. CAPITALISMO ACADÊMICO E A COMPETIÇÃO ALIENANTE ENTRE PROFESSORES-PESQUISADORES NOS RANKINGS DE EDUCAÇÃO SUPERIOR. Revista Inter-Ação, Goiânia, v. 49, n. 2, p. 1113–1131, 2024. DOI: 10.5216/ia.v49i2.79133. Disponível em: https://revistas.ufg.br/interacao/article/view/79133. Acesso em: 19 nov. 2024.