O problema das espécies arbóreas exóticas comercializadas nos viveiros florestais: Estudo de caso no município de Juiz de Fora (MG)

Autores

  • Norberto Emídio de Oliveira Neto Universidade Federal de Juiz de Fora
  • Cassiano Ribeiro da Fonseca Universidade Federal de Juiz de Fora
  • Fabrício Alvim Carvalho Universidade Federal de Juiz de Fora

DOI:

https://doi.org/10.5216/rbn.v11i1.28346

Palavras-chave:

Restauração florestal, Código Florestal, invasão biológica, plantas exóticas, Mata Atlântica

Resumo

O comércio de mudas florestais para a recuperação de áreas degradadas e reflorestamento é crescente e a demanda de cada vez mais conhecimentos sobre práticas de manejo na produção de essências nativas, adequadas aos padrões ecológicos locais e à legislação ambiental vigente. Entretanto, a comercialização de mudas exóticas ainda é prática comum nos viveiros florestais, não existindo, para a microrregião de Juiz de Fora, MG, informações sobre os tipos de mudas comercializadosnos viveiros florestais. Neste estudo foram levantadas as espécies florestais comercializadas em oito viveiros florestais no município de Juiz de Fora, MG, e que abastecem os projetos de reflorestamento na região. As espécies foram identificadas e categorizadas em nativas da Mata Atlântica ou exóticas.Foram encontradas ao todo 147 espécies. Destas, 64 (43,5% do total) foram exóticas, sendo encontradas, com grande frequência (>50%) entre os viveiros, englobando espécies frutíferas com perfiltipicamente comercial, como goiaba (Psidium guaja), abacate (Persea americana), amora (Morus nigra) e cítricas – laranja, limão e tangerina (Citrus spp.). A presente análise evidencia uma grandeprodução e comercialização de espécies exóticas de mudas florestais do município, o que não condiz com a legislação florestal vigente e ainda pode ser considerado como grande risco em potencial para invasão biológica.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Norberto Emídio de Oliveira Neto, Universidade Federal de Juiz de Fora

I m a biologist, developing my master thesis in Ecology and Conservation at Federal University of Juiz de For a (Brazil). I study ecology, with an emphasis in Plant Ecology and conservation, including the areas: community ecology (quantitative tree surveys - floristic and phytosociological) population ecology, theoretical ecology, and restoration of degraded forests). My researches are conducted in the Atlantic Forest biome, ,mainly in urban forests (Novel Ecosystems).

Cassiano Ribeiro da Fonseca, Universidade Federal de Juiz de Fora

Sou graduado em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Juiz de Fora-UFJF, Mestre em Ecologia Aplicada ao Manejo e Conservação de Recursos Naturais pela UFJF e Doutorando em Ecologia Aplicada ao Manejo e Conservação de Recursos Naturais pela UFJF. Tenho experiência na área de Ecologia, com ênfase em Ecologia Vegetal, atuando nas áreas de conservação e nas subáreas: Ecologia de Comunidades (levantamentos quantitativos e qualitativos de componentes lenhosos - florística e fitossociologia, dinâmica de comunidades e populações lenhosas, ecologia teórica, análises multivariadas, e Recuperação e Restauração de Áreas Degradada). Minhas pesquisas são realizadas na Floresta Atlântica dando destaque para Ecologia de Florestas Urbanas (Novel Ecosystem); invasão de espécies exóticas; assim como comunidade lenhosa de Campos Rupestres.Também desenvolvo projetos de Educação Ambiental pelo Grupo Ecológico Salvaterra ONG (Juiz de Fora-MG). Contato, E-mail:cassiano.fonseca@ifsudestemg.edu.br

Fabrício Alvim Carvalho, Universidade Federal de Juiz de Fora

sou graduado (Bacharel) em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF (2001), Mestre em Biociências e Biotecnologia (ênfase em Ciências Ambientais) pela Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF (2005) e Doutor em Ecologia pela Universidade de Brasília - UnB (2009). Sou Professor Adjunto do Departamento de Botânica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), e atual Coordenador do Programa de Pós-graduação em Ecologia (PGECOL-UFJF). Tenho experiência na área de Ecologia, com ênfase em Ecologia Vegetal, nos seguintes temas: ecologia de comunidades (levantamentos quantitativos e qualitativos de componentes lenhosos - florística e fitossociologia, dinâmica de comunidades e populações lenhosas, monitoramento de parcelas permanentes), fitogeografia, ecologia teórica, análises multivariadas, recuperação/restauração florestal. Meus estudos vem sendo realizados em diversas fitofisionomias brasileiras, destacando-se: Floresta Atlântica (Ombrófilas e Estacionais), Amazônia (Floresta de Terra Firme) e Cerrado (Cerrado sensu stricto e Florestas Estacionais). Tenho dado ênfase em pesquisas direcionadas para a ecologia de florestas urbanas. Faço parte do corpo editorial (Editor de área Ciências Biológicas / Ecologia) dos períodicos: Rodriguésia e Bioscience Journal.

Referências

Barroso, C.M., A.B. Delwing, G.N. Klein, I.B.I. Barros & L.B. Franke. 2007. Considerações sobre a propagação e o uso ornamental de plantas raras ou ameaçadas de extinção no Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de Agroecologia. 2: 426-429.

Biondi,D.&J.H.Pedrosa-Macedo.2008. Plantas invasoras encontradas na área urbana de Curitiba (PR). Revista Floresta. 38: 129-144.

BRASIL. Lei Federal de n°4.771 de 15 de setembro de 1965. Institui o Código Florestal. Capturado em 22 de junho de 2012. Disponível na internet < http://www.

planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4771.htm>.

BRASIL. Decreto Federal de no2.519 de 16 de março de 1998. Promulga a Convenção sobre Diversidade Biológica, assinada no Rio de Janeiro, em 5 de junho de 1992. Capturado em 22 de junho de 2012. Disponível na internet < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D2519.htm>.

BRASIL. Lei Federal de n°11.428 de 22 de dezembro de 2006. Dispõe sobre a utilização e proteção da vegetação nativa do Bioma Mata Atlântica, e dá outras providências. Capturado em 30 de junho de 2012. Disponível na internet < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11428.htm>.

BRASIL. Lei Federal de no12.651 de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa; altera as Leis nos 6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de 1996, e 11.428, de 22 de dezembro de 2006; revoga as Leis nos

771, de 15 de setembro de 1965, e 7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida Provisória no 2.166-67, de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências. Capturado em 30 de junho de 2012. Disponível na internet < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12651.htm>.

Brito, P.S. & F.A. Carvalho. A Comunidade Arbórea de um Trecho de Floresta Atlântica Secundária no Jardim Botânico da Universidade Federal de Juiz de fora. Juiz de Fora, 2014. Rodriguesia (no prelo).

Bright, C. 1999. Invasive species: pathogens of globalization. Foreign Policy Fall 116: 50-64. Carvalho,F.A., M.T. Nascimento & J.M.A. Braga.2006.Composição e riqueza florística de um componente arbóreo de Floresta Atlântica submontana na região do Imbaú, Munícipio de Silva Jardim, Rj. Acta Botânica

Brasilica. 20 p.727-740.

Chapin III, F.S., E. S. Zavaleta, V.T. Eviner, R.L. Naylor, P.M. Vitousek, H.L. Reynolds, D.U. Hooper, S. Lavorel, O.E. Sala, S.E. Hobbie, M.C. Mack & S. Díaz . 2000. Consequences of changing biodiversity. Nature. 405: 234-242.

CDB. 1992. Convenção da Diversidade Biológica. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, Secretaria de Biodiversidade e Florestas (MMA).

CDB. 2010. Panorama da Biodiversidade Global 3. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, Secretaria de Biodiversidade e Florestas (MMA).

CONABIO. 2009. Resolução CONABIO n.o 5 de 21 de outubro de 2009. Dispõe sobre a Estratégia Nacional sobre Espécies Exóticas Invasoras. Disponível na internet. < http://www.institutohorus.org.br/download/marcos_legais/Resolucao_CONABIO_n5_ EEI_dez_2009.pdf>.

CONAMA. 2006. Resolução Conama 369 de 29 de março de 2006. Dispõe sobre os casos excepcionais, de utilidade pública, interesse social ou baixo impacto ambiental, que possibilitam a intervenção ou supressão de vegetação em Área de Preservação Permanente-APP. Capturado em 02 de julho de 2012. Disponível na internet < http://www. proamb.com.br/downloads/rlse4f.pdf>.

Ehrenfeld, J.G. 2003. Effects of Exotic Plant Invasions on Soil Nutrient Cycling Processes. Ecosystems. 6:503-523.

Fonseca C.R. & F.A. Carvalho. 2012. Aspectos Florísticos e Fitossociológicos da Comunidade Arbórea de um Fragmento Urbano de Floresta Atlântica. Bioscience Journal 28:820-832.

Fonseca, S.N., B. Moreira & F.A. Carvalho. 2013. Estrutura e diversidade da regeneração arbórea em uma floresta secundária urbana (Juiz de Fora, MG, Brasil). Floresta e Ambiente. 20:307-315.

GISP. 2005. América do Sul invadida. A crescente ameaça das espécies exóticas invasoras. Capturado em 07 de junho de 2013. Disponível na internet < http://www.institutohorus.org.br/download/gispSAmericapo.pdf>.

Gomes, J.M. & H.N. Paiva. 2006. Viveiros Florestais - Propagação Sexuada. 3rd ed. Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, Minas Gerais.

Gonçalves, E.O., H.N. Paiva, W. Gonçalves & A.G.J. Laércio. 2004. Diagnóstico dos viveiros municipais no Estado de Minas Gerais. Ciência Florestal. 14:1-12.

Instituto Hórus. 2006. Levantamento de Espécies Exóticas Invasoras: Resultados preliminares. Capturado em 12 de fevereiro de 2012. Disponível na internet < http://www.institutohorus.org.br/trabalhosa_basedados.htm>.

Isernhagen I., J.M.G. Le Bourlegat & M. Carboni. 2009. Trazendo a riqueza arbórea regional para dentro das cidades: possibilidades, limitações e benefícios. Revista da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana. 4:117-138.

IUCN. 2000. Guías para la prevención de perdidas de diversidad biológica ocasionadas por especies exóticas invasoras. 2000. Capturado em 12 de fevereiro de 2012. Disponível na internet < http://www.iucn.org/ themes/ssc/pubs/policy/invasivesEng.htm>.

Levine, J.M., M. Vilà, C.M. D’Antonio, J.S. Dukes, K. Grigulis & S. Lavorel. 2003. Mechanisms underlying the impact of exotic plant invaions in terrestrial ecosystems. Proceedings of the Royal Society of London. 270:775–781

Lorenzi,H., H.M. Souza, M.A.V. Torres & L.B. Bacher. 1999. Plantas Ornamentais no Brasil: arbustivas, herbáceas e trepadeiras. Nova Odessa: Instituto Plantarum.

Lorenzi, H. & H.M. Souza. 2003. Árvores Exóticas do Brasil: Madeireiras, Ornamentais e Aromáticas. Nova Odessa: Instituto Plantarum.

Macedo, S.S. 1999. Quadro do Paisagismo no Brasil. São Paulo.

Mckinney, M.L. 2006. Urbanization as a major cause of biotic homogenization. Biological Conservation 127:247-260.

Menon, T.A. & F.A. Carvalho. 2012. Estrutura populacional de Pinus elliottii em áreas de regeneração florestal em Juiz de Fora, MG. Pesquisa Florestal Brasileira. 32:367-372.

Miranda Neto, A., S.V. Martins, K. de A. Silva & J.M. Gleriani. 2012. Florística e estrutura do estrato arbustivo-arbóreo de uma floresta restaurada com 40 anos, Viçosa, MG. Revista Árvore 36:869-878.

MMA. 2000. A Convenção sobre Diversidade Biológica - CDB. Brasília: MMA.

Moreira, B. & F.A. Carvalho. 2013. A comunidade arbórea de um fragmento urbano de Floresta Atântica após 40 anos de sucessão secundária (Juiz de Fora, Minas Gerais). Biotemas. 26:59-70.

Oliveira, A.L.P., C.H.B. Rocha & F.A. Carvalho. A Reserva Florestal Legal: bases legais e análise de implantação no município de Juiz de Fora (MG) no período 2008-2010. Revista Ibero-Americana de Ciência Ambientais. 5: (no prelo).

Oliveira-Filho, A.T. 2010. TreeAtlan 2.0, Flora arbórea da América do Sul cisandina tropical e subtropical: um banco de dados envolvendo biogeografia, diversidade e conservação. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais. Capturado em 27 de novembro de 2011. Disponível na internet < http://www.icb.ufmg.br/treeatlan/>.

Oliveira-Filho, A.T., J.A. Jarenkow & M.J.N. Rodal. 2006. Floristic relationships of seasonally dry forests of eastern South America based on tree species distribution patterns. p.159-192. In: PENNINGTON, R.T.; et al. Neotropical savannas and dry forests: plant diversity, biogeography and conservation. The Systematics Association Special volume Series 69. Boca Raton: CRC Press - Taylor and Francis Group.

Pimentel D.S., S. McNair, J. Janecka, J. Wightman, C. Simmonds, C. O’Connell, E. Wong, L. Russel, J. Zern, T. Aquino & T. Tsomondo. 2001. Economic and environmental threats of alien plant, animal, and microbe invasions. Agriculture, Ecosystems e Environment 84:1-20.

Pirani, J.R. & M. Cortopassi-laurino. 1994. Flores e abelhas em São Paulo. 2.ed. Universidade Federal de São Paulo, São Paulo.

PMJF. 2011. O clima de Juiz de Fora. Juiz de Fora. Juiz de Fora: Prefeitura Municipal de Juiz de Fora. Capturado em 10 de outubro de 2012. Disponível na internet < http://www.pjf.mg.gov.br/cidade/clima.php>.

Rejmanek & D.M.Richardson. 1996. What attributes make some plant species more invasive?. Ecology. 77: 1655-1661.

Richard, J.H. 2006. Novel ecosystems: theoretical and management aspects of the new ecological world order. Global Ecology and Biogeography 15: 1-7.

Santiago, D.S. & F.A. Carvalho. 2013. Fitossociologia da regeneração natural de um fragmento urbano de Floresta Estacional Semidecidual (Juiz de Fora, MG). Agrária. 8 (no prelo).

Santos, A.R., H.G. Bergallo & C.F.D. Rocha. 2008. Paisagem urbana alienígena. Ciência Hoje. 41: 68-73.

Santos, N.R.Z. & I.F. Texeira.2001. Arborização de vias públicas: ambiente x vegetação. Instituto Souza Cruz, Santa Cruz do Sul, Rio de Janeiro.

Silva, L.M. 2008. Reflexões sobre a identidade arbórea das cidades. Revista da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana. 3: 65-71.

Silva, J.G. & L.F.C. Perelló. 2010. Conservação de espécies ameaçadas do rio grande do sul através de seu uso no paisagismo. Revista da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana. 5: 1-21.

Stohlgren, T.J. 1999. Exotic plant species invade hot spots of native plant diversity. Ecological Monographs 69:5-46.

Tabacow, J. 1996. Universalidade de Roberto Burle Marx. Revista Brasileira de Horticultura Ornamental 1:1-3.

Trigo, J.R. & W. Santos. 2000. Insect mortality in Spathodea campanulata Beauv. (Bignoniaceae) flowers. Revista Brasileira de Biologia 60: 537-538.

Zalba, S.M. 2007. Propostas de ação para prevenção e controle de espécies exóticas invasoras. Natureza & Conservação. 5: 8-15.

Ziller, S.R. 2000. Os processos de degradação ambiental originados por plantas invasoras. Revista Ciência Hoje. 178

Ziller, S.R. 2001 A estepe gramíneo-lenhosa no segundo planalto do Paraná: diagnóstico ambiental com enfoque à contaminação biológica. Floresta. 32(1): 41-47.

Ziller, S.R. 2007. Manejo adaptativo de espécies exóticas invasoras: colocando a teoria em prática. Natureza & Conservação. 5:16-22.

Ziller, S.R. & S. Zalba 2007. Propostas de ação para prevenção e controle de espécies exóticas invasoras. Natureza & Conservação. 5: 8-15.

Ziller, S.R., S. Zalba & R.D. Zenni. 2007. Modelo para o desenvolvimento de uma estratégia nacional para espécies exóticas invasoras. Capturado em 12 de outubro de 2012. Disponível na internet < http://www. institutohorus.org.br/download/Estrategia_ nacional/Modelo_estrategia_nacional_port.pdf>.

Waterhouse, J.T. & J.C. Quinn. 1978. Growth patterns in the stem of the palm Archontophoenix cunninghamiana. Botanical Journal of the Linnean Society. 77: 73-93.

Downloads

Publicado

07-03-2015

Como Citar

OLIVEIRA NETO, N. E. de; FONSECA, C. R. da; CARVALHO, F. A. O problema das espécies arbóreas exóticas comercializadas nos viveiros florestais: Estudo de caso no município de Juiz de Fora (MG). Revista de Biologia Neotropical / Journal of Neotropical Biology, Goiânia, v. 11, n. 1, p. 28–46, 2015. DOI: 10.5216/rbn.v11i1.28346. Disponível em: https://revistas.ufg.br/RBN/article/view/28346. Acesso em: 21 dez. 2024.

Edição

Seção

Artigos