Estudo estrutural por RMN de 1H de peptídeos bioativos isolados da secreção cutânea de Hypsiboas albopunctatus e Leptodactylus labyrinthicus
Palavras-chave:
Estrutura tridimensional, peptídeos, RMNResumo
Atualmente, o surgimento de fungos, bactérias e vírus resistentes a múltiplos fármacos tem estimulado o interesse pelo desenvolvimento de peptídeos antimicrobianos com maior potencial terapêutico. Eles em geral possuem propriedades de extrema importância como toxicidade seletiva, ação rápida, mecanismos de ação específicos e um amplo espectro de ação. Muitas dessas características podem ser encontradas em peptídeos isolados da secreção cutânea de anuros.O principal fator que diferencia peptídeos antimicrobianos de antibióticos utilizados na terapia convencional está relacionado com o seu mecanismo de ação. A força motriz para a ação de peptídeos antimicrobianos é sua habilidade em provocar lise em membranas celulares, matando rapidamente um amplo espectro de microorganismos. Nesse sentido, a conformação do peptídeo tem uma grande importância em sua interação com a estrutura anfifílica das membranas biológicas. A determinação da estrutura tridimensional por meio da técnica de Ressonância Magnética Nuclear possibilita a identificação da posição espacial de cada resíduo e destaca aqueles que são importantes para a sua ação e que, portanto, poderiam ser modificados para aumentar a atividade antimicrobiana. O estudo da estrutura 3D dos peptídeos em soluçao é uma vantagem da técnica de RMN, pois se consegue simular o ambiente fisiológico.
Nesse contexto, determinou-se através da RMN a estrutura tridimensional de dois peptídeos: ocellatina-P1G16 (GLLDTLKGAAKNVVGGLASKVMEKL-NH2) isolado da rã Leptodactylus labyrinthicus, e o peptídeo hylin a1 (IFGAILPLALGALKNLIK-NH2), isolado da rã Hypsiboas albopunctatus.
O peptídeo ocellatina-P1G16, em presença de SDS-d25, apresentou estrutura em ?-hélice entre os resíduos Leu3-Lys24. A anfipaticidade da estrutura pode ser observada pela separação da estrutura em duas faces distintas, uma hidrofobica (apolar) e outra hidrofilica (polar). O peptídeo hylin a1, em presença de SDS-d25, apresentou estrutura helicoidal entre os resíduos Ile5-Ile17 e baixa anfipaticidade.
Por fim, as análises moleculares de anfipaticidade, interação eletrostática e troca H2O/D2O, confirmam o modelo proposto, pois apontaram a mesma face de interação dos peptídeos com a membrana, indicando uma orientação paralela. Essas características estruturais tornam esses peptídeos candidatos promissores para o desenvolvimento de um novo composto antimicrobiano.
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