Comunicação entre Compositor e Pianista: O Texto Artístico como Espaço de Diálogo e Interpretação
DOI:
https://doi.org/10.5216/mh.v25.83478Palavras-chave:
notação musical, intenção do autor, interpretação, espaço de diálogo, liberdade interpretativaResumo
O artigo analisa a atualização performativa de uma obra musical, entendida como um ato comunicativo complexo baseado na interação dialética entre o compositor (autor) e o intérprete (performer). O mediador central deste sistema é o texto artístico, geralmente representado pela partitura musical.
O autor enfatiza a dupla função da partitura: por um lado, ela serve como canal de transmissão da intenção do autor — um conjunto de aspectos conceituais, estruturais e sonoros da ideia artística e figurativa, codificados através do sistema semiótico da notação musical (fixação de altura, ritmo, andamento, dinâmica, etc.). Por outro lado, devido à inevitável limitação semiótica e à incompletude interna da notação, que é incapaz de registrar com absoluta precisão todas as nuances (agógica, dinâmica, timbre, microdinâmica, toque), o texto musical torna-se um espaço de diálogo. Essa incompletude exige a atividade interpretativa ativa do intérprete, que não é um mero transmissor passivo, mas um sujeito ativo que decodifica, compreende hermeneuticamente e recria sonoramente (atualiza) a intenção do autor. Assim, o texto musical define o quadro normativo, mas requer um preenchimento criativo.
A relevância do estudo deste sistema comunicativo justifica-se por sua importância fundamental para a compreensão do status ontológico da música, os mecanismos da percepção do ouvinte, a dialética da correlação entre a intenção do autor e a liberdade do intérprete, bem como a reinterpretação do papel do intérprete como sujeito da interpretação, em diálogo com o texto e o autor.







