O Ressonador como Modelo para Texturas Musicais no Contexto da Composição Instrumental Contemporânea
DOI:
https://doi.org/10.5216/mh.v24.78402Palavras-chave:
Composição Musical, Textura Musical, Síntese Sonora, Modelo Físico, RessonadorResumo
A escrita musical praticada nos séculos XX e XXI fez emergir novas texturas musicais não observadas em períodos históricos anteriores. Se a monofonia, a polifonia, a homofonia e a heterofonia têm as suas raízes no desenvolvimento das técnicas tradicionais da harmonia e do contraponto, a renovação da textura musical pode ser entendida como resultado de novas poéticas musicais e abordagens estéticas prosseguidas por diferentes ramos do modernismo musical e seus desdobramentos. Conceitos como a emancipação da dissonância, a melodia dos timbres (Klangfarbenmelodien), a libertação do ruído e o interesse pelas massas sonoras em movimento podem ser apontados como catalisadores de texturas nunca antes ouvidas, como o pontilhismo de Anton Webern e dos serialistas do pós-guerra, os blocos sonoros de Igor Stravinsky e Edgard Varèse, as massas sonoras estocásticas de Iannis Xenakis, os aglomerados massivos de Krzysztof Penderecki, a micropolifonia de György Ligeti e o ideal de síntese sonora instrumental perseguido por como Tristan Murail e outros comumente agrupados sob a égide da Música Espectral. Mesmo que não seja uma tendência predominante, uma nova textura particularmente interessante é o que podemos chamar textura-ressonador, que será a ideia central do presente texto. Será desenvolvida uma breve definição do modelo excitador-ressonador no contexto da síntese sonora digital e sua possível tradução na análise e criação de texturas instrumentais, explorando exemplos do repertório contemporâneo, com especial interesse no trabalho de compositores brasileiros.