PRECISAMOS FALAR SOBRE VIOLÊNCIA ACADÊMICA: A UNIVERSIDADE COMO LÓCUS DE REPRODUÇÃO DE VIOLÊNCIAS COLONIAIS

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5216/ia.v49i2.79002

Palavras-chave:

Ensino Superior; Violência Acadêmica; Colonialidade e Universidade; Programas de Pós-Graduação.

Resumo

Neste trabalho apresento uma análise sobre a violência acadêmica enquanto um conjunto de práticas abusivas naturalizadas e reproduzidas nas instituições de ensino superior. Por meio de teóricos/as da epistemologia decolonial e de autores/as que problematizam o ensino superior brasileiro, teço críticas às relações sociais opressoras estabelecidas neste espaço, sobretudo no nível da pós-graduação. Entre as principais práticas que caracterizam a violência acadêmica estão: a desigualdade de ingresso e permanência ao/no ensino superior por recortes de classe, raça e gênero/sexualidade; a cultura produtivista; a negação de direitos a trabalhadores-discentes da pós-graduação; e as relações abusivas de poder, como assédio, sexismo e racismo. Entre as implicações dessas práticas, estão esgotamento e adoecimento físico e psíquico de docentes e discentes.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Kary Emanuelle Reis Coimbra, Universidade Federal do Piauí (UFPI), Picos, Piauí, Brasil, karycoimbra@ufpi.edu.br

Doutora em Políticas Públicas pela Universidade Federal do Piauí (PPGPP-UFPI), na Linha de Pesquisa de Cultura, Identidade e Processos Sociais; Mestre em Administração pela da Universidade Federal de Minas Gerais (CEPEAD-UFMG), na Linha de Pesquisa de Estudos Organizacionais e Sociedade; e Bacharela em Administração pela Universidade Federal do Piauí (UFPI). Docente no Curso de Graduação em Administração da Universidade Federal do Piauí (UFPI) - Campus Senador Helvidio Nunes de Barros (Picos). Coordena o NUDES - Núcleo Decolonial de Estudos e Práticas em Organizações, Cultura e Sociedade. Graduanda em Licenciatura em Filosofia (UNISINOS).

Referências

ALCADIPANI, R. Resistir ao produtivismo: uma ode à perturbação Acadêmica. Cadernos EBAPE.BR, Rio de Janeiro, v. 9, n. 4, p. 1174-1178, 2011.

AMÂNCIO, H. P. Ensino superior e transformação social: decolonizar a universidade na perspectiva da igualdade racial. Revista da ABPN, [S. l.], v. 12, n. 34, p. 627-657, 2020.

BOCARDI, M. B. Caracterização do adoecimento psíquico na pós-graduação brasileira: dos dados à teoria. 2020. Dissertação (Mestrado em Psicologia) – Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2020.

CAMPOS, I. O. de. Mulheres na academia: desigualdades de gênero no corpo docente da Faculdade de Direito da USP. (Cátedra UNESCO de Direito à Educação). Universidade de São Paulo. Faculdade de Direito, 2021.

CARPES, P. B. M.; STANISCUASKI, F.; OLIVEIRA, L.; SOLETTI, Rossana C. Parentalidade e carreira científica: o impacto não é o mesmo para todos. Epidemiologia e Serviços de Saúde, Brasília, v. 31, n. 2, e2022354, 2022.

CASTRO-GÓMEZ, S. Decolonizar la universidad: la hybris del punto cero y el diálogo de saberes. In: CASTRO-GÓMEZ, S.; GROSFOGUEL, R. (org.). El giro decolonial: reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global. Bogotá: Siglo del Hombre, 2007.

CHAUÍ, M. Sobre a violência. Organização de Ericka Marie Itokazu e Luciana Chaui-Berlinck. Belo Horizonte: Autêntica; São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2021. (Escritos de Marilena Chauí, 5)

CHAUÍ, M. Ideologia da competência. Organização de André Rocha. Belo Horizonte: Autêntica; São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2022. (Escritos de Marilena Chauí, 3)

CUNHA, R.; DIMENSTEIN, M; DANTAS, D. Desigualdades de gênero por área de conhecimento na ciência brasileira: panorama das bolsistas PQ/CNPq. Saúde Debate, Rio de Janeiro, v. 45, p. 83-97, out. 2021. Supl. 1.

DUEÑAS, M.; AGUIAR, T.; VALDIVIESO, M.; SEQUERA, M. F. Presentación. In: DUEÑAS et al. Reflexiones y resistencias sobre las violencias patriarcales en la academia: miradas sobre las violencias patriarcales y el poder en la academia. Buenos Aires: CLACSO, 2024.

DUSSEL, E. Europa, modernidade e eurocentrismo. In: LANDER, E. (org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas. Buenos Aires: CLACSO, 2005. (Colección Sur Sur)

FANON, F. Os condenados da terra. Tradução de José Laurênio de Melo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968.

FORTES, C. S. A vida nervosa na pós-graduação. 2021. Dissertação (Mestrado em Sociologia) – Programa de Pós- Graduação em Sociologia e Ciência Política da Universidade Federal de Santa Catarina, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2021.

GLATZ, E. T. M. M.; YAEGASHI, S. F. R.; FRANÇA, F. F.; SOUZA, S.; FONSECA, A. A. R.; RABASSI, L. K. B. C. A saúde mental e o sofrimento psíquico de pós-graduandos: uma revisão de literatura em teses e dissertações. Revista Educar Mais, [S. l.], v. 6, p. 255-273, 2022.

GUIMARÃES, E. D. F.; ZELAYA, M. A política de cotas raciais nas universidades públicas do Brasil, duas décadas depois: uma análise. Trabalho & Educação, Belo Horizonte, v. 30, n. 3, p. 133-148, 2022.

LANDER, E. Ciências sociais: saberes coloniais e eurocêntricos. In: LANDER, E. (org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas. Buenos Aires: CLACSO, 2005. (Colección Sur Sur)

LUGONES, M. Colonialidade e gênero. In: HOLLANDA, H. B. de. (org.) Pensamento feminista hoje: perspectivas decoloniais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2020.

LIZARDO, E. (org.); BONONE, L. M., OLORRUAMA, D. FAIRBANKS, C.; SOUSA, E. J. S. Dossiê Florestan Fernandes: Pós-graduação e trabalho no Brasil. São Paulo: ANPG/CEMJ, 2023.

NJERI, A. O sol da nossa humanidade e a educação pluriversal. In: RAYMUNDO, J.; FRANÇA, R. (org.). Pretagonismos. Rio de Janeiro: Agir, 2022.

QUIJANO, A. Colonialidad del poder y clasificación social. In: CASTRO-GÓMEZ, S.; GROSFOGUEL, R. (org.). El giro decolonial: reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global. Bogotá: Siglo del Hombre, 2007.

SCHWARCZ, L. M. Sobre o autoritarismo brasileiro. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.

VERGÈS, F. Decolonizar o museu: programa de desordem absoluta. Tradução de Mariana Echalar. São Paulo: Ubu Editora, 2023.

ZANDONÁ, C.; CABRAL, F. B.; SULZBACH, C. C. Produtivismo acadêmico, prazer e sofrimento: um estudo bibliográfico. Perspectiva, Erechim, v. 38, n.144, p. 121-130, 2014.

Downloads

Publicado

2024-09-03

Como Citar

COIMBRA, K. E. R. PRECISAMOS FALAR SOBRE VIOLÊNCIA ACADÊMICA: A UNIVERSIDADE COMO LÓCUS DE REPRODUÇÃO DE VIOLÊNCIAS COLONIAIS. Revista Inter-Ação, Goiânia, v. 49, n. 2, p. 1098–1112, 2024. DOI: 10.5216/ia.v49i2.79002. Disponível em: https://revistas.ufg.br/interacao/article/view/79002. Acesso em: 21 nov. 2024.