Villa-Lobos, do maxixe moderno à forma cíclica

convertendo-se em um músico francês no Rio de Janeiro

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5216/mh.v21.61997

Palavras-chave:

Villa-Lobos, Sonata cíclica, Vincent d'Indy, Quarteto de cordas, Sinfonia

Resumo

Após ensaiar seus primeiros passos como compositor em gêneros variados de música popular de salão e carnaval, e ainda arriscar gêneros “sérios” como ópera, música sacra e música de câmara, Heitor Villa-Lobos (1887-1959) estudou o Cours de Composition Musicale (1909) de Vincent d’Indy, livro ao qual teve acesso em 1914 (CORRÊA DO LAGO, 2010, p. 30-31; 80; NÓBREGA, 1969, p. 14).

A Sonata Fantasia n° 2 (1914) para violino e piano, é sua primeira tentativa no domínio da forma cíclica; foi sucedida por obras como o Segundo Trio com piano (1915), a Sonata para violoncelo e piano n° 2 (1916) e o Segundo e Terceiro Quartetos de Cordas (respectivamente de 1915 e 1916). Compostas nesse meio tempo, suas primeiras quatro Sinfonias (entre 1916-1919) são supostamente “escritas no estilo do compositor francês Vincent d’Indy” (MUSEU VILLA-LOBOS, 2010, p. 34).

O conceito de “sonata cíclica” não é propriamente questão de “estilo”, mas voltado à questão da estrutura formal; d’Indy fala sobre o “caráter cíclico”, no qual “temas permanentes” e “motivos condutores” estabelecem sentido de dependência entre os movimentos de uma obra musical em larga escala (D’INDY, 1909, p. 375). Segundo d’Indy, essa técnica nasce com o “gênio beethoveniano” e atinge “sua plenitude com César Franck”. O ideal de unidade pode ser atingido apenas por meio de “sinais exteriores, facilmente reconhecíveis” (D’INDY, 1909, p. 378).

Este artigo analisa estratégias composicionais usadas por Villa-Lobos em sinfonias e quartetos compostos e estreados entre 1915 e 1919. Como pano de fundo, vemos o processo de “afrancesamento” do compositor, de modo a abrir caminho como compositor sinfônico no meio musical carioca.

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Biografia do Autor

Paulo de Tarso Salles, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil, ptsalles@usp.br

Graduação em Música pela Universidade Sao Judas Tadeu (1987), mestrado em Música pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2002), doutorado pela Universidade Estadual de Campinas (2005) e pós-doutorado pela University of California Riverside (2014). É Professor Livre Docente no Departamento de Música da ECA/USP, onde trabalha desde 2008. Tem experiência na área de Música, com ênfase em teoria e análise musical, estética musical, música brasileira e teoria dos tópicos musicais. Coordena o PAMVILLA (Perspectivas Analíticas para a Música de Villa-Lobos), grupo de pesquisa cadastrado no CNPq. Autor dos livros: Os quartetos de cordas de Villa-Lobos: forma e função (Edusp, 2018); Villa-Lobos: processos composicionais (ed. Unicamp, 2009) e Aberturas e impasses: a música no pós-modernismo e seus reflexos no Brasil - 1970-1980 (ed. Unesp). É idealizador e coordenador do Simpósio Villa-Lobos na Universidade de São Paulo

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Publicado

2021-05-11

Como Citar

SALLES, P. de T. Villa-Lobos, do maxixe moderno à forma cíclica: convertendo-se em um músico francês no Rio de Janeiro. Música Hodie, Goiânia, v. 21, 2021. DOI: 10.5216/mh.v21.61997. Disponível em: https://revistas.ufg.br/musica/article/view/61997. Acesso em: 19 dez. 2024.

Edição

Seção

Artigos