SOBRE A SUPER-REPRESENTAÇÃO DO “HOMEM” NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO ACADÊMICO: REFLEXÕES SOBRE ANTINEGRITUDE E NEOLIBERALISMO NA EDUCAÇÃO SUPERIOR A PARTIR DE SYLVIA WYNTER
DOI:
https://doi.org/10.5216/ia.v50i1.79248Palavras-chave:
Produção de Conhecimento; Educação Superior; Super-Representação do Homem; Antinegritude.Resumo
Neste artigo, de natureza teórico-hermenêutica, estabelecemos o objetivo central de compreender como a produção de conhecimento, por meio da linguagem, tem corroborado e retroalimentado a antinegritude. Para tanto, nos ancoramos no conceito de “super-representação do Homem” (branco, ocidental, cisheteronormativo, patriarcal e de posse) como o Humano, conforme definido por Sylvia Wynter (2003). Consideramos o contexto atual da educação superior brasileira e as nuances do discurso neoliberal, economicista e antinegro, que tem ameaçado e esvaziado a formação ampliada nas humanidades e ciências sociais. Como encaminhamentos, ressaltamos a urgência de nos des/reeducarmos, potencializar os saberes produzidos por intelectuais negras (os) e renovar a produção de conhecimento humanizando todos os indivíduos.
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