Orchidaceae do Parque Estadual da Serra De Caldas Novas, Goiás, Brasil
Palabras clave:
Centris (Trachina) fuscata, Cyrtopodium eugenii, florística, florivoria, PESCANResumen
Neste estudo, foi realizado um levantamento das espécies de Orchidaceae ocorrentes no Parque Estadual da Serra de Caldas Novas (PESCAN), bem como um estudo da biologia floral e reprodutiva de Cyrtopodium eugenii Rchb. f. & Warm. e do efeito da herbivoria floral sobre o sucesso reprodutivo desta espécie, que ocorre nos campos rupestres do PESCAN. A família Orchidaceae, constituída por 850 gêneros, com cerca de 20.000 espécies, apresenta distribuição cosmopolita, mas com maior concentração na região tropical. No Brasil, são encontrados 200 gêneros, com mais de 2.500 espécies, sendo considerado o terceiro país do mundo em diversidade, perdendo apenas para Equador e Colômbia. No bioma Cerrado, a família é representada por 666 espécies, tendo sido encontradas 12 delas no PESCAN, distribuídas em sete gêneros. Entre as espécies que ocorrem no PESCAN, o hábito mais comum é o terrestre e a época de floração predominante ocorre na estação chuvosa. Apenas a espécie C. eugenii floresce na estação seca, de maio a setembro, sendo muito comum no PESCAN. As flores de C. eugenii são amarelo-pálidas com máculas castanhas, porém olabelo é amarelo-vivo. Neste estudo, a única espécie de polinizador de C. eugenii encontrada foi Centris (Trachina) fuscata Lepeletier, 1841 (Anthophoridae, Centridini). Embora C. eugenii não ofereça recompensa floral ao polinizador, seu labelo parece mimetizar a flor de Tetrapterys ramiflora A. Juss., uma espécie de Malpighiaceae de flor amarela, produtora de óleo, enganando o polinizador. Assim como em outras espécies sem recompensa, C. eugenii recebe poucas visitas de seu polinizador e, consequentemente, possui baixa taxa de produção de frutos. Essa espécie é autocompatível, porém não foram gerados frutos por autopolinização espontânea nem por agamospermia. Observações preliminares realizadas no campo revelaram que as inflorescências e as flores de C. eugenii sofrem constante florivoria. Ao quantificar a herbivoria natural, verificou-se que 55,20% das flores não foram consumidas, enquanto 15,45% foram inutilizadas pelo consumo das estruturas sexuais (efeitos diretos da florivoria). Foram encontradas mais flores com herbivoria no labelo (20,50%) do que em outros verticilos (18,92%). Um experimento manipulativo mostrou que há uma diminuição significativa no sucesso reprodutivo (masculino e feminino) de C.
eugenii apenas quando a herbivoria ocorre no labelo (efeitos indiretos da florivoria). Esse resultado indica que o labelo é a parte da flor mais importante na atração do polinizador e para a reprodução de C. eugenii, pois apesar de ter ocorrido alto nível de herbivoria nos outros verticilos, não houve diminuição significativa no sucesso feminino e masculino dos indivíduos.
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