Dinâmica do CO2: do CO2 para matéria orgânica e da matéria orgânica para CO2 - estimativas dos fluxos

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5216/rbn.v17i1.59419

Palavras-chave:

Concentração de CO2, atmosfera terrestre, gás de efeito estufa, matéria orgânica, volume da camada atmosférica

Resumo

O CO2 da Terra está em constante transformação. Durante a fotossíntese é assimilado e imobilizado na forma de matéria orgânica. Ao contrário, sob a ação de processos químicos e bioquímicos, o CO2 da matéria orgânica é liberado novamente na atmosfera. A concentração atual de CO2 na atmosfera é de cerca de 390 ppm. Tomando por base informações da literatura é possível estimar a quantidade de matéria orgânica produzida a partir do CO2 disponível na atmosfera. Por outro lado, incinerando toda a matéria orgânica vegetal e animal na Terra, é possível estimar a quantidade de CO2 produzida e liberada para a atmosfera. Para testar estas hipóteses, modelos matemáticos foram desenvolvidos. Pelos modelos é possível estimar que se todo o CO2 na atmosfera fosse assimilado via fotossíntese, produziria 296 Mg.ha-1 de matéria orgânica. Por outro lado, incinerando toda a matéria orgânica vegetal e animal da Terra, excluindo petróleo, carvão e outras fontes de carbono, e considerando um valor médio de 100 Mg.ha-1, a concentração de CO2 na atmosfera aumentaria em 131,8 ppm. Este valor adicionado aos 390 ppm existentes aumentaria a concentração de CO2 para 521,8 ppm. De acordo com os modelos e resultados apresentados, as florestas podem não ser tão importantes como acumuladoras de carbono, tornando o ambiente propício à vida na Terra, mas de acordo com a literatura são essenciais na formação de chuvas e manutenção da umidade, especialmente em áreas distantes dos oceanos e mares.

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Biografia do Autor

Tomás Aquino Portes, Universidade Federal de Goiás, Instituto de Ciências Biológicas, Departamento de Botânica, Goiânia, GO

Professor Titular aposentado (continua como voluntário) da Universidade Federal de Goiás (ICB/UFG/Departamento de Botânica). Possui mestrado em Ciências Agrárias (Fisiologia Vegetal) pela Universidade Federal de Viçosa (1977), doutorado e pós-doutorado em Biologia Vegetal pela Universidade Estadual de Campinas (1990/2011). Trabalhou como pesquisador na EMBRAPA de 1975 a 1995. A partir de 1995, por concurso, transferiu-se para a Universidade Federal de Goiás. Na Universidade, além de professor na graduação e pós-graduação bem como orientador no mestrado e doutorado, foi presidente da CAD (Comissão de Avaliação Docente), membro da CPPD (Comissão Permanente de Pessoal Docente), chefe de Departamento (Departamento de Biologia Geral/Botânica) por nove anos, Vice-diretor do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), membro e presidente do Conselho Consultivo da Funape (Fundação de Apoio à Pesquisa da UFG) e, Diretor Executivo da Funape, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Biologia (PPGBio) nos anos de 2004 e 2005. Além de outras atividades como elaboração dos sites do ICB e da pós-graduação em Biologia. Participou por três vezes da seleção para chefe geral do Centro Nacional de Pesquisa em Arroz e Feijão (CNPAF), para tal elaborou o Memorial Descritivo e Plano de Trabalho. Na Embrapa, além dos trabalhos de pesquisa em fisiologia do feijoeiro, foi coordenador do Programa Nacional em Pesquisa (PNP) em feijão. Participou diretamente no desenvolvimento da produção de feijão de terceira época, irrigado (feijão de inverno), representando atualmente mais de 18% da produção brasileira de feijão. Participou do trabalho: distribuição profunda do fertilizante, cujo resultado foi utilizado pelos fabricantes das semeadoras que ajustaram suas máquinas para distribuir o fertilizante a 10 - 12 cm abaixo das sementes. Participou do primeiro trabalho sobre mecanização da colheita do feijão em Goiás. Primeiro trabalho,no Brasil, com fotossíntese e emissão da fluorescência pela clorofila a, participou diretamente nos trabalhos de recuperação de pastagens degradadas (Sistema Barreirão) que resultou no Sistema de Integração Lavoura x Pecuária (ILP), reintegrando milhares de hectares de terras degradadas ao sistema produtivo. Recebeu em 1997 o Prêmio Total na Agricultura, Ministério da Agricultura. Foi o coordenador geral da primeira Reunião Nacional de Pesquisa em Feijão (RENAFE), em 1982, atualmente Congresso de Feijão. Publicou 41 artigos em revistas científicas, quatro livros, oito capítulos de livros, 13 artigos em jornais. Orientou 16 alunos de mestrado e cinco de doutorado. Participou a convite de 16 bancas de mestrado, oito de doutorado e quatro bancas de concurso público. Tem experiência na área de Ecofisiologia Vegetal, consorciação de culturas, integração lavoura x pecuária, fotossíntese, fluorescência, carbono x nitrogênio, análise de crescimento de plantas.

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Publicado

21-05-2020

Como Citar

PORTES, T. A. Dinâmica do CO2: do CO2 para matéria orgânica e da matéria orgânica para CO2 - estimativas dos fluxos. Revista de Biologia Neotropical / Journal of Neotropical Biology, Goiânia, v. 17, n. 1, p. 47–55, 2020. DOI: 10.5216/rbn.v17i1.59419. Disponível em: https://revistas.ufg.br/RBN/article/view/59419. Acesso em: 29 mar. 2024.

Edição

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Artigos