DA NATUREZA (DA ÁGUA) E DOS DIREITOS: OS RIOS ENQUANTO SUJEITOS DE DIREITO
OF THE NATURE (OF WATER) AND RIGHTS: THE RIVERS AS SUBJECTS OF LAW
DOI:
https://doi.org/10.5216/rfd.v49i2.81549Palabras clave:
Cosmovisão andina., Ecocentrismo., Buen vivir., Direitos da natureza., Direito Ambiental.Resumen
Este artigo contrapôs a visão antropocêntrica predominante no debate ambiental às vertentes ecocêntricas, com destaque para a posição fisiocêntrica adotada pelo constitucionalismo equatoriano e colombiano. A pesquisa buscou responder como a natureza pode ser acomodada na racionalidade jurídica contemporânea e qual seria a relação entre os direitos da natureza e os direitos humanos. O objetivo geral foi analisar as implicações do reconhecimento jurídico de rios como sujeitos de direitos para superar o paradigma antropocêntrico. Os objetivos específicos incluíram discutir os direitos da natureza como categoria de análise, examinar os fundamentos jurídicos das decisões sobre os rios Vilcabamba e Atrato, e avaliar os impactos dessas decisões no planejamento estatal, proteção ambiental e defesa dos direitos das populações locais. A metodologia, de abordagem qualitativa, utilizou revisão de literatura e análise documental sobre os marcos legislativos e jurisprudenciais dos casos selecionados. O estudo destacou que o reconhecimento dos direitos dos rios reflete uma transição paradigmática inspirada pela cosmovisão andina e pelo conceito de buen vivir, mas enfrenta desafios práticos relacionados à implementação das decisões judiciais e à efetivação das reparações ambientais. Apesar disso, os casos analisados representam precedentes importantes para a consolidação de um direito ecológico na América Latina.
Descargas
Citas
BARREIRO, María Del Pilar Romero. O direito humano à água e sua positivação: casos Brasil e Colômbia. 2017. Dissertação (Mestrado em Ciências Ambientais) – Instituto de Ciência e Tecnologia, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Sorocaba, 2017. Disponível em: https://repositorio.unesp. br/entities/publication/27895159-0c99-4f2b-8bd0-ae9f7e6321b7. Acesso em: 2 jul. 2025.
CÂMARA, Ana Stela; FERNANDES, Márcia Maria. O reconhecimento jurídico do rio Atrato como sujeito de direitos: reflexões sobre a mudança de paradigma nas relações entre o ser humano e a natureza. Revista de Estudos e Pesquisas sobre as Américas, Brasília, v. 12, n. 1, p. 221-240, 2018. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/repam/article/view/15987. Acesso em: 2 jul. 2025.
CANCLINI, Néstor García. Culturas híbridas: estrategias para entrar y salir de la modernidad. Mexico D. F. (Ciudad de Mexico), Grijalbo, 1989.
CARVALHO, Edson Ferreira de. Direito humano ao ambiente ecologicamente equilibrado: proteger a natureza para resguardá-la às gerações presentes e futuras. Curitiba: Juruá, 2011.
CARVALHO, Luiz Guilherme; ROSA, Rosana Gomes da; MIRANDA, João Paulo Rocha de. O novo constitucionalismo latino-americano e a constitucionalização da água enquanto um direito humano fundamental: Os Estados-constitucionais do Brasil, Uruguai, Equador e Bolívia em foco. In: MARCONATTO, Alessandra; XAVIER, Alexandre Vicentine; MIRANDA, João Paulo Rocha de (org.). Direitos Fundamentais: Análise da Fronteira da Paz até a Amazônia. Santana do Livramento (RS): Projeto Pensar Direito - UNIPAMPA, 2020. p. 8-44. E-book.
CRAWFORD, James. Sovereignty as a legal value. In: CRAWFORD, James; KOSKENNIEMI, Martti. The Cambridge companion to international law. New York: Cambridge University Press, 2012. p. 117-133.
ECUADOR. [Constituição (2008)]. Constitución de la República del Ecuador. Quito: Asamblea Nacional, 2011. Disponível em: https:// www.asambleanacional.gob.ec/sites/default/files/documents/old/ constitucion_de_b olsillo.pdf. Acesso em: 2 jul. 2025.
ESCOBAR, Arturo. O lugar da natureza e a natureza do lugar: globalização ou pós-desenvolvimento? In: LANDER, Edgardo (org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e Ciências Sociais. Perspectivas latino-americanas. Buenos Aires: Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales (CLACSO), 2005. p. 68-86.
EUA. Estados Unidos da América. Declaração de Independência dos Estados Unidos. Filadélfia, 1776. Disponível em: https://www.uel.br/pessoal/jneto/gradua/historia/recdida/ declaraindepeEUAHISJNeto.pdf. Acesso em: 2 jul. 2025.
D’ISEP, Clarissa Ferreira Macedo. O direito hídrico: um olhar jurídico tridimensional. Revista Jurídica do CESUPA, Belém, v. 1, n. 1, 2019. Disponível em: https://periodicos.cesupa.br/index.php/ RJCESUPA/article/view/27. Acesso em: 2 jul. 2025.
GARCIA, Margarida. Novos horizontes epistemológicos para a pesquisa empírica em Direito: “descentrar” o sujeito, “entrevistar” o sistema e dessubstancializar as categorias. Revista de Estudos Empíricos em Direito. São Paulo, v. 1, n. 1, p. 182- 209, 2014. Disponível em: https://reedpesquisa.org/wp-content/ uploads/2019/04/1-15-PB.pdf. Acesso em: 2 jul. 2025.
ISAGUIRRE-TORRES, Katya Regina; ANDRADE, Gabriel Vicente. Direitos da natureza. InSURgência: revista de direitos e movimentos sociais, Brasília, v. 9, n. 1, p. 589-600, 2023. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/insurgencia/ article/view/45640. Acesso em: 2 jul. 2025.
KUHN, Thomas Samuel. Reconsiderações acerca dos paradigmas. In: KUHN, Thomas Samuel. A tensão essencial. Lisboa: Edições 70, 2009. p. 335-362.
MALISKA, Marcos Augusto; MOREIRA, Parcelli Dionizio. O Caso Vilcabamba e El Buen Vivir na Constituição do Equador de 2008: pluralismo jurídico e um novo paradigma ecocêntrico. Sequência, Florianópolis, v. 38, n. 77, p. 149-176, 2017. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/sequencia/article/view/2177- 7055.2017v38n77p149. Acesso em: 2 jul. 2025.
MARÉS, Carlos. De como a natureza foi expulsa da modernidade. Revista de Direitos Difusos, São Paulo, v. 68, n. 2, p. 15-40, 2017. Disponível em: https://biblioteca.pge.rj.gov.br/scripts/bnweb/ bnmapi.exe?router=upload/122454. Acesso em: 2 jul. 2025.
MARQUES JÚNIOR, William Paiva. Notas em torno do processo de internacionalização do direito humano à água. Revista da Faculdade de Direito, Fortaleza, v. 37, n. 2, p. 91-114, 2016. Disponível em: http://www.revistadireito.ufc.br/index.php/revdir/ article/view/514/439. Acesso em: 2 jul. 2025.
MELO, Álisson José Maia. Os direitos humanos à água e ao saneamento: repercussões jurídicas na gestão de recursos hídricos e saneamento no direito brasileiro e emergência de uma organização sul-americana de gestão de águas. 2018. Tese (Doutorado em Direito) – Faculdade de Direito, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2018. Disponível em: https:// repositorio.ufc.br/handle/riufc/41953. Acesso em: 2 jul. 2025.
MENDONÇA, Adriana Lo Presti; MAMED, Danielle de Ouro; ALMEIDA, Roger Luiz Paz de. Natureza como sujeito de direito: perspectivas para o Brasil vindas da América Latina. Caderno de Relações Internacionais, Recife, vol. 14, n. 27, p. 77-110, 2023. Disponível em: https://revistas.faculdadedamas.edu.br/index.php/ relacoesinternacionais/article/view/2810. Acesso em: 2 jul. 2025.
MORAES, Germana de Oliveira. O constitucionalismo ecocêntrico na América Latina, o bem viver e a nova visão das águas. Revista da Faculdade de Direito, Fortaleza, v. 34, n. 1, p. 123-1555, 2013. Disponível em: http://www.revistadireito.ufc.br/index.php/revdir/ article/view/11. Acesso em: 2 jul. 2025.
OST, François. A natureza à margem da lei. Lisboa: Edições Piaget, 1997.
PACHÓN, María Del Pilar García; CUESTA, Lisneider Hinestroza. El reconocimiento de los recursos naturales como sujetos de derechos: análisis crítico sobre los fundamentos y efectividad de la sentencia del río Atrato. In: ARIAS, Ángela María Amaya (org.). Reconocimiento de la naturaleza y de sus componentes como sujetos de derechos. Bogotá: Universidad Externado de Colombia. 2020. p. 22-61. E-book.
POMPEIA, Sabine; MARQUES, Luiz. Os Direitos Humanos são um caso particular dos direitos da natureza. In: ALMEIDA, Néri de Barros (org.). Os direitos humanos à prova do tempo: reflexões breves sobre o presente e o futuro da humanidade. Campinas: BCCL/UNICAMP, 2021. p. 221-226. E-book. Disponível em: https:// econtents.bc.unicamp.br/omp/index.php/ebooks/catalog/ view/143/149/537. Acesso: 2 jul. 2025.
PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito internacional público e privado. Salvador: JusPODIVM, 2013.
RIBEIRO, Wagner Costa. Geografia: política da água. São Paulo: Annablume, 2008.
ROCHA, Júlio Cesar de Sá da; KHOURY, Luciana Espinheira da Costa; DAMASCENO, Ângela Patrícia Deiró. Direito das águas: trajetória legal, conflitos e participação social. Revista de Direito Sanitário, São Paulo, v. 18, n. 3, p. 143-166, 2018. Disponível em: https://revistas.usp.br/rdisan/article/view/144653/138955. Acesso em: 2 jul. 2025.
SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2006.
SILVA, Maria Angelita; FERREIRA, Jarliane da Silva; MORI, Nerli Nonato Ribeiro. Identidade e pertencimento: quando a natureza, sujeito de direito, promove o direito dos sujeitos. Revista Videre. Dourados (MS), v. 13, n. 27, p. 26-56, 2021. Disponível em: Disponível em: https://ojs.ufgd.edu.br/videre/article/view/12944. Acesso em: 2 jul. 2025.
SILVA, Thiago Henrique Costa; SILVA, Dedierre Gonçalves da; RIBEIRO, Dinalva Donizete. Conflitos, soberania hídrica e os fins da água: efeitos sobre famílias camponesas e geraizeiras de Petrolina (PE) e Correntina (BA). Revista da Faculdade de Direito da UFG, Goiânia, v. 47, n. 1, p. e71676, 2023. Disponível em: https://revistas. ufg.br/revfd/article/view/71676. Acesso em: 2 jul. 2025.
SOARES, Durcelania da Silva. Comentário Geral da ONU nº 15: o reconhecimento do direito humano à água e o alargamento da acepção de alimentação. In: SILVA, Érica Guerra da; BRITO, Paulo de (coord.). Análise crítica do direito público ibero-americano. Porto: Instituto Iberamericano de Estudos Jurídicos: Universidade Lusófona do Porto, 2020. p. 215-223. E-book. Disponível em: https://dialnet.unirioja.es/servlet/libro?codigo=769015. Acesso em: 2 jul. 2025.
TRINDADE, José Damião de Lima. História social dos direitos humanos. São Paulo: Peirópolis, 2011.
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2025 Revista Facultad de Derecho UFG

Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución-NoComercial-SinDerivadas 4.0.
Os Autores que publicam nesta revista concedem à Revista da Faculdade de Direito da UFG uma licença mundial, sem royalties, sujeita aos termos e condições da Licença Jurídica Creative Commons Atribuição 3.0 Brasil Creative Commons Attribution License
Os autores concedem à RFD UFG todos os direitos autorais sobre os artigos nela publicados, que os mantêm com exclusividade até o advento de domínio público sobre os mesmos.





















