O Conceito de um Museu Virtual de Clarinete 3D:
Preservar o Património Cultural
DOI:
https://doi.org/10.5216/mh.v25.83307Palavras-chave:
acústica, digitalização, tecnologias interativas, organologia, performanceResumo
A preservação do patrimônio musical enfrenta uma assimetria temporal incontornável: as habilidades baseadas na performance desaparecem gradualmente a cada nova geração, deixando artefatos sonoros sem o contexto interpretativo. Este estudo apresenta um arquivo virtual 3D que documenta a evolução do clarinete (1750–2024) por meio de uma síntese integrada de dados acústicos, materiais e performativos. A espectroscopia de impedância acústica caracterizou as propriedades ressonantes de 147 instrumentos históricos; a vibrometria a laser Doppler mediu as vibrações das paredes em 247 pontos (20 Hz–20 kHz, resolução de 0,5 Hz); e a fotogrametria tridimensional capturou os perfis geométricos (precisão de ±0,05 mm). Clarinetistas profissionais (n = 146) avaliaram a funcionalidade do protótipo museológico por meio de questionários estruturados após sessões exploratórias interativas. A análise espectral revelou diferenças entre escolas nacionais: gravações alemãs apresentaram 22% mais energia abaixo de 1 kHz em comparação às francesas; as frequências de vibrato também diferiram significativamente (alemãs: 3,2 Hz / francesas: 5,8 Hz). A composição do material correlacionou-se com características tímbricas: picos de formante em 2,3 kHz para grenadilla contrastaram com 1,8 kHz para boxwood, com coeficientes de amortecimento de 0,012 e 0,023, respectivamente. A análise composicional evidenciou determinismo mecânico: o uso do registro chalumeau por Mozart (34% em K.622) correspondeu precisamente às capacidades acústicas do clarinete basset; passagens cromáticas aumentaram de 34 ocorrências (Mozart) para 156 (Spohr) após a introdução da inovação de treze chaves por Müller. Os modelos interativos em 3D permitem experimentos cinestésicos impossíveis com espécimes frágeis; as visualizações espectrais traduzem descrições tímbricas subjetivas em parâmetros quantificáveis. As aplicações educacionais incluem a preservação de tradições interpretativas, com práticas regionais documentadas antes que a padronização apagasse suas distinções. A estrutura do museu integra modelos fotogramétricos e medições acústicas, possibilitando a análise diacrônica de repertórios ao longo dos 274 anos de evolução do clarinete.







