As consoantes plosivas surdas no contexto da voz cantada:
análise do Voice Onset Time (VOT) e sua relação com a inteligibilidade
DOI:
https://doi.org/10.5216/mh.v24.79644Palavras-chave:
canção de câmara brasileira, Voice Onset Time, inteligibilidade do texto cantado, consoantes plosivas surdasResumo
As consoantes desempenham um papel crucial na interpretação e estruturação das palavras em textos cantados. Por isso, este estudo teve como objetivo analisar se o ambiente de performance, em auditórios de tamanhos variados, como câmara ou grande teatro, influencia a duração do Voice Onset Time (VOT) das consoantes /p/, /t/ e /k/, bem como das sílabas melódicas “por”, “tor” e “quis” em uma canção. Além disso, investigou-se o VOT de duas cantoras, uma considerada menos inteligível e outra mais inteligível durante uma performance destinada à câmara. Participaram do estudo 10 sopranos que interpretaram a música “Quando eu morrer” (2022), em ambientes simulados de câmara e grande teatro. Posteriormente, foram selecionados trechos das performances que continham as consoantes /p/, /t/, /k/ e suas respectivas sílabas melódicas para a medição do VOT. Para o segundo objetivo, o mesmo procedimento foi realizado, porém comparando apenas os valores de VOT da performance destinada à câmara entre a cantora menos e a mais inteligível. Os resultados indicaram que não houve diferença estatisticamente significativa nos valores de VOT das consoantes surdas e sílabas entre as duas performances. Contudo, ao comparar os valores de VOT entre as duas intérpretes (menos e mais inteligível), constatou-se que a cantora mais inteligível apresentou um VOT menor. Portanto, os resultados sugerem que uma duração reduzida para as consoantes surdas oclusivas pode favorecer a inteligibilidade do texto cantado.