Suzane Von Richthofen

cruellement «intéressé, intelligent et appliqué»

Auteurs-es

DOI :

https://doi.org/10.5216/ci.v27.80933

Mots-clés :

Análise de conteúdo, Crime, Gênero, Suzane Richthofen

Résumé

Le crime de la famille Richthofen est largement connu du public brésilien en raison de sa forte répercussion, avec de nombreuses manchettes dans divers médias. Parmi la quantité d’informations diffusées par la presse, la figure de Suzane von Richthofen a été intensément exploitée, renforçant des stéréotypes de genre, tandis que les autres personnes impliquées dans le crime n’ont pas reçu le même traitement dans la presse écrite. Cette recherche analyse des contenus journalistiques, notamment des manchettes et des articles des journaux Folha de São Paulo et Correio Braziliense, publiés entre 2002 et 2006, en se concentrant sur la représentation de Suzane. Pour cela, une revue de la littérature qualitative est utilisée, tenant compte des aspects socioculturels de l’affaire, et l’analyse de contenu est adoptée selon la méthode proposée par Laurence Bardin (2020). À travers ces articles, on a observé la fréquence à laquelle certains termes et thèmes liés au crime sont associés à Suzane Richthofen, la décrivant avec des adjectifs tels que “folle”, “salope” et “vagabonde”, chargés de discrimination de genre. Les approches sensationnalistes, en plus de déformer les faits, renforcent des modèles patriarcaux et stigmatisent les figures féminines à travers des étiquettes spécifiques.

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Bibliographies de l'auteur-e

Lucas Matheus Araujo Bicalho, Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES), Montes Claros, Minas Gerais, Brasil, bicalholucas7@gmail.com

Étudiant en Master d’Histoire au Programme de Post-graduation en Histoire (PPGH) de l’Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). Diplômé en Histoire - Licence d’enseignement de la même institution. Membre du Groupe d’Études en Histoire du Sport et de l’Éducation Physique (GEHEF), rattaché au Département d’Éducation Physique et des Sports (DEFD) et au PPGH. Également membre du Centre de Mémoire du Sport (CEMESP), également associé à Unimontes.

Filomena Luciene Cordeiro Reis, Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES), Montes Claros, Minas Gerais, Brasil, filomena.joao.reis1996@gmail.com

Post-doctorat à l’Universidade de Uberaba (2022–2023). Doctorat en Histoire de l’Universidade Federal de Uberlândia (2013) et Master de l’Universidade Severino Sombra (2005). Formations postuniversitaires lato sensu en Sciences Sociales (1996) et en Gestion de la Mémoire (1998), toutes deux obtenues dans des institutions du Minas Gerais. Diplômée en Histoire (1994) de l’Unimontes et actuellement en formation en Pédagogie (2021–2024) à l’UniSant’Anna. Suit également un cursus en Archivistique au Centro Universitário Leonardo da Vinci.

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FOLHA DE SÃO PAULO. Suzane no julgamento, não usava mais a blusa infantilizada. Usava brincos de argola grandes, cabelos avermelhados, unhas feitas e magra - esqueça a gorducha de biquíni de antes. Folha de São Paulo. 20 jul. 2006.

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FOLHA DE SÃO PAULO. Tudo por amor, já que os pais olhavam torto para o romance e chegaram a proibi-la de ver Daniel. Suzane foi coagida pelo namorado a praticar o crime. Ela o amava tanto que era capaz de fazer qualquer coisa. Até mesmo, ir contra os pais e matá-los. Folha de São Paulo. 23 out. 2004.

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Publié-e

2024-12-27

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BICALHO, L. M. A.; REIS, F. L. C. Suzane Von Richthofen: cruellement «intéressé, intelligent et appliqué». Comunicação & Informação, Goiânia, Goiás, v. 27, p. 219–236, 2024. DOI: 10.5216/ci.v27.80933. Disponível em: https://revistas.ufg.br/ci/article/view/80933. Acesso em: 15 janv. 2025.