Ensino de teorias do jornalismo na graduação:
fragilidades na formação, limites do campo
DOI:
https://doi.org/10.5216/ci.v28.83785Palavras-chave:
Teorias do Jornalismo, Ensino do Jornalismo, DisciplinaResumo
O estudo analisa o ensino da disciplina de Teorias do Jornalismo nos cursos de graduação em Jornalismo no Brasil, com foco em sua representatividade e adequação teórica. O objetivo foi verificar quais saberes e conteúdos são mobilizados e se refletem a autonomia do campo. A pesquisa baseou-se em análise documental de ementas, bibliografias e matrizes curriculares de 25 instituições de ensino superior de diferentes regiões do país. O corpus contemplou universidades públicas e privadas, abrangendo distintas modalidades administrativas. Os resultados indicaram que a disciplina apresenta baixa carga horária, representando em média 2,21% do total dos cursos, e que mais da metade das instituições não especifica claramente quais teorias do jornalismo são abordadas. Observou-se predominância das teorias do Newsmaking e da Agenda-Setting, além da recorrência do conceito de objetividade. A análise evidenciou que parte significativa dos programas recorre a bibliografia de autores secundários, em detrimento das obras originais, o que reforça fragilidades na consolidação de um corpo teórico próprio do campo. Conclui-se que o ensino de Teorias do Jornalismo ainda enfrenta limitações quanto à clareza, abrangência e representatividade, o que aponta para a necessidade de revisão crítica dos currículos e de fortalecimento da formação teórica em consonância com os desafios contemporâneos da área.
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