Morfologia do trato digestivo de formigas
Palavras-chave:
Formigas, histoquímica, íleo, proventrículo, ultramorfologia, ventrículo.Resumo
A presença de microrganismos no trato digestivo de formigas da tribo Cephalotini (subfamília Myrmicinae) e do gênero Dolichoderus (subfamília Dolichoderinae) tem sido motivo de várias especulações entre os mirmecologistas. Entretanto, não existem dados sobre muitas das características da relação desses microrganismos, descobertos há menos de 25 anos, com as formigas, principalmente no que concerne aos aspectos histoquímicos, enzimológicos e ultramorfológicos. Assim sendo, foram realizados estudos comparados de proventrículo, ventrículo e íleo de três espécies de formiga pertencentes ao gênero Cephalotes (C. atratus, C. clypeatus e C. pusillus) e do ventrículo de uma espécie do gênero Dolichoderus [Dolichoderus (= Monacis) bispinosus]. Com isso, objetivou-se buscar relações entre as espécies, bem como diferenças enzimológicas e histoquímicas tanto da parede como do conteúdo dessas porções do trato digestivo que possam ser utilizadas para a compreensão da função intestinal, bem como para o esclarecimento acerca de quais recursos alimentares são aproveitados em cada parte do trato digestivo e como isto ocorre. Foram feitas análises ultramorfológicas nas espécies pertencentes à tribo Cephalotini. Os resultados enzimológicos e histoquímicos das regiões estudadas apresentaram o mesmo padrão para todas as espécies. Da mesma maneira, a secreção das células digestivas colunares foi considerada como sendo do tipo apócrino para todas as espécies estudadas. Nas espécies da tribo Cephalotini estudadas e em Dolichoderus (= Monacis) bispinosus, o pH levemente ácido do lúmen do ventrículo e do íleo permite a sobrevivência dos microrganismos nestas regiões do trato digestivo. Nós propomos que na tribo Cephalotini, a estabilidade do pH está relacionada com a intensa secreção de íons Ca2+ pelas células digestivas do ventrículo. Além disso, a presença maciça de microrganismos no íleo, as adaptações morfológicas que garantem elevado suprimento de oxigênio e metabólitos e as capacidades absortiva e digestiva das células epiteliais dos indivíduos desta tribo indicam que esta região do trato digestivo possa ser bastante especializada e adaptada para abrigar microrganismos. Assim, estas formigas estabelecem com os microrganismos uma legítima simbiose, o que leva à otimização dos recursos alimentares explorados por elas.Downloads
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