O extrangeiro na língua materna: (não) desejar as coisas alheias
DOI:
https://doi.org/10.5216/rp.v19i1.6074Abstract
A relação entre língua materna e língua estrangeira, embora pouco problematizada, é algo que inquieta e desperta curiosidade entre profi ssionais que mostram sua preocupação com o impacto da língua estrangeira sobre a língua materna; a mistura de línguas; o amor ou aversão das crianças e adolescentes pela língua estrangeira. O lingüista Jean-Claude Milner defi ne língua materna como algo de que a lingüística não dá conta, que excede gramáticas e teorias e pertence ao eixo da poesia, dos lapsos, dos jogos de palavras. Essa língua é materna para certo falante, e podemos dizer, com o autor, que ela materna o falante, fazendo dele um sujeito. Se, como afirma o psicanalista Jean Bergès, somos todos bilíngües, é porque falamos uma língua que tem nela (esquecida) uma outra, uma reserva, uma estrangeiridade, algo que nos é alheio, e que nos faz desejar. Quanto à língua estrangeira, tomada no sentido usual de segunda língua, é preciso levar em conta que sua aprendizagem exige mediações pedagógicas e técnicas, e pode se esgotar em um uso estritamente instrumental (tradução, comunicação, leitura). O ideal de homogeneidade que marca o cotidiano escolar não permite que se considere cada criança em sua singularidade, levando em conta seu desejo, e acaba por produzir sintomas (fracasso escolar, problemas no aprendizado, exclusão). Levantamos a hipótese de que a consideração desse (des)compasso entre as línguas pode permitir uma harmonia, mesmo dissonante, e uma provocação quanto à impossibilidade de obedecer a um mandamento que contraria o desejo.Downloads
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2009-04-27
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VERAS, V. O extrangeiro na língua materna: (não) desejar as coisas alheias. Revista Polyphonía, Goiânia, v. 19, n. 1, p. 111–124, 2009. DOI: 10.5216/rp.v19i1.6074. Disponível em: https://revistas.ufg.br/sv/article/view/6074. Acesso em: 19 dec. 2024.
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