[Ensaio visual] Reconfigurações de um percurso académico em tempos de pandemia -

o futuro é hoje

Resumo

Em março de 2020 fomos surpreendidos por uma pandemia que alastrou rapidamente por todo o mundo e se debateu com políticas desconcertadas de governos dos diversos países. Cientistas, políticos e negacionistas confundiram-nos com sua inação ou divergência na ação. Para mim, a esperança de uma experiência na Universidade do Maranhão animava minha atividade de docência, investigação e extensão e a ilusão de que a pandemia seria controlada rapidamente. Regressado a Portugal numa situação de emergência, no início de abril confrontei-me com o vazio afetivo, emocional, social, académico e profissional e com o histórico de um tio avô que migrando para o Rio Grande do Sul viria a ser vítima da Gripe Espanhola (1918 e 1919), no início do século XX. Pretendo apresentar a reconfiguração de meu percurso em tempos de pandemia até este tempo de um possível esperar que esta possa estar controlada. Usarei para esta reflexão as notas do diário que fui escrevendo ao longo do tempo, a memória do vivido e das realizações, atividades, conexões e outras formas que me permitiram estar vivo e ativo perante esta terrível situação. Reinventar-me como pesquisador e organizador de ações de formação, de extensão e de participação em redes de pesquisa e ação colaborativa, em formas de co-aprendizagem e aprendência centradas nos aprendentes, nas suas histórias, nos seus desejos, emoções e visões do mundo, na reconfiguração das interações umas vezes mediadas pelas tecnologias outras pelas formas possíveis dos encontros que a situação por vezes permitia. Certos que as crises nos reinventam e reinventam o nosso estar como docentes, pesquisadores e de ações com a comunidade e podem contribuir para a reinvenção das escolas, universidades e instituições, que a dimensão temporal se alterou – que o futuro é hoje.