EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS E ÉTICA NA PARTICIPAÇÃO DE POPULAÇÕES VULNERÁVEIS EM PESQUISA: UMA ANÁLISE DA LEI 14.874 DE 2024.
EDUCATION IN HUMAN RIGHTS AND ETHICS IN THE PARTICIPATION OF VULNERABLE POPULATIONS IN RESEARCH: AN ANALYSIS OF LAW 14.874 OF 2024.
DOI:
https://doi.org/10.5216/rfd.v49i2.81588Palabras clave:
Educação em direitos humanos, ética em pesquisa com seres humanos, populações vulneráveis, participaçãoResumen
O presente artigo tem como objetivo analisar questões éticas subjacentes à participação de grupos vulneráveis em pesquisa decorrentes da recente lei 14.874, promulgada no Brasil em 28 de maio de 2024. As perguntas que orientaram o trabalho foram: 1) qual o papel da educação em direitos humanos para que membros de comitês de ética em pesquisa e de outros atores responsáveis pelo resguardo dos direitos das populações vulneráveis, como o Ministério Público, compreendam e promovam a participação desses grupos de forma efetiva em pesquisa; e 2) qual o papel da educação em direitos humanos para uma definição de “pesquisa essencial aos grupos”, nos termos do inciso II do artigo 24 da lei, que respeite as perspectivas interculturais e de diversidade que marcam sociedades plurais onde grupos cultural, racial e socialmente diferenciados interagem em pesquisas científicas. A hipótese que orientou a investigação foi que a educação em direitos humanos, firmada numa perspectiva crítica, tem o potencial de ampliar a consciência da alteridade nos atores apontados pela legislação em questão como responsáveis pela garantia do direito à participação de populações vulneráveis em pesquisa. O percurso metodológico contou com revisão bibliográfica e recurso a material em audiovisual onde pessoas em situação de vulnerabilidade expressam suas perspectivas sobre ética e direitos humanos. As conclusões apontaram para um potencial relevante de ferramentas de educação em direitos humanos que, para além da educação formal, potencializam a formação de membros de CEP e outros profissionais que têm o dever de resguardar direitos de grupos vulneráveis em pesquisa.
Descargas
Citas
ADORNO, T. W. Educação e Emancipação. Trad. Wolfgang Leo Maar. 6º reimpressão. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1995.
ALMEIDA JR., Antônio Ribeiro; ZUIN, Antônio A. S. O trote como crise sacrificial na universidade: a violência fora de controle. Pró-Posições. v.35, 2024. https://www.scielo.br/j/pp/a/D5ghb5pmZGWYb58Y3q8cjsF/?format=pdf&lang=pt
ANDRADE KVF de, NERY JS, PESCARINI JM, RAMOND A, SANTOS CA DE ST, ICHIHARA MY, et al. Geographic and socioeconomic factors associated with leprosy treatment default: An analysis from the 100 Million Brazilian Cohort. PLOS Neglected Tropical Diseases, v. 13, n.9, 6 de setembro de 2019.
BEECHER, Henry K. Ethics and clinical research. The New England Journal of Medicine. v. 274, n. 24, jun. 1966. https://www.nejm.org/doi/abs/10.1056/NEJM196606162742405
BENEVIDES, Maria Victória. Educação em direitos humanos: de que se trata? Convenit Selecta, v. 6, n. ene./ju 2001, p. 43-50, 2001.
BOBADILLA, Mariana del Rocio Aguilar; PERUZZO, Pedro Pulzatto; TEIXEIRA, Vanessa Corsetti. Educação em direitos humanos para a memória e não repetição das graves violações ocorridas durante "política de profilaxia da lepra" no Brasil do século xx. Revista Sapiência, [s. l.], 21 nov. 2023. Disponível em: https://www.revista.ueg.br/index.php/sapiencia/article/view/14679. Acesso em: 8 out. 2024.
BOURDIEU, P. La distinción. Criterios y bases sociales del gusto. 1979. Madrid: Ed. Taurus.
BOURDIEU, P., PASSERON, J-C. La reproducción. Elementos para uma teoría del sistema de enseñanza. 1979. Barcelona: Ed. Laia.
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Guia prático sobre a hanseníase. 2017. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_pratico_hanseniase.pdf. Acesso em: 23 dez. 2023.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Boletim epidemiológico de hanseníase, Brasilia, janeiro 2023.
CARTA CAPITAL. Âncora do SBT sugere campo de concentração para pessoas com coronavírus. 2020. <https://www.cartacapital.com.br/sociedade/ancora-do-sbt-sugere-campo-de-concentracao-para-pessoas-com-coronavirus/>.
CARVALHO, Mario. “Travesti”, “mulher transexual”, “homem trans” e “não binário”: interseccionalidades de classe e geração na produção de identidades políticas. Cadernos Pagu (52), 2018. https://www.scielo.br/j/cpa/a/MyFKg4jJ4dBr6Zzfpb7vL9Q/?format=pdf&lang=pt
CRUZ, Alice. Uma cura controversa: a promessa biomédica para a lepra em difracção entre Portugal e Brasil. Tese de Doutorado em Pós-Colonialismos e Cidadania Global da Universidade de Coimbra. Orientação de Dra. Maria Paula Meneses. Co-orientação de Dr. João Arriscado Nunes. Coimbra, 2013.
DIAS, Renato Duro et al. Violência obstétrica e o paradigma do discurso hegemônico na área da saúde. Revista de Direito Sanitário, v. 21, p. e0011, 2021. DOI: 10.11606/issn.2316-9044.rdisan.2021.159259. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/rdisan/article/view/159259. Acesso em: 6 dez. 2024.
DOURADO, Ana Lucia; BIDARRA, Zelimar Soares. Estratégias para a Escuta Especializada de vítimas de violência sexual em redes intersetoriais. Revista Serviço Social & Sociedade. n. 145, 2022. https://www.scielo.br/j/sssoc/a/fC93ntsJGN46jhSHcFcz6Kk/?format=pdf&lang=pt
FERNANDES, Natália. Ética na pesquisa com crianças: ausências e desafios. Revista Brasileira de Educação. v.21, n.66, jul-set 2016. https://www.scielo.br/j/rbedu/a/jqNWVT4RX8dLfNjKbPgNVfj/?format=pdf&lang=pt
FERRAZ, Adriana. CNN. Órgão do Ministério da Saúde sugere tratar autistas severos com eletrochoque. 2021. https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/orgao-do-ministerio-da-saude-sugere-tratar-autistas-severos-com-eletrochoque/
FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. ed 17. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
GOFFMAN, E. Estigma - Notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. 4ª edição. Rio de Janeiro: LTC, 2017.
GONÇALVES M , SANTOS KS, SILVA SS, MARCUSSI TCC , CARVALHO KV, FORTUNA CM. Women and leprosy: interferences and experiences. Revista Latinoamericana de. Enfermagem, v. 29, 2021.
HORKHEIMER, M. "Teoria tradicional e teoria crítica". In: Benjamin, Horkheimer, Adorno, Habermas (coleção Os Pensadores). Trad. E. A. Malagodi, R. P. Cunha. São Paulo: Abril, 1975 [1937], p. 125-162.
INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL. Protocolo de consulta e consentimento Wajãpi. Ed. RCA - Rede de Cooperação Amazônica, 2014. Disponível em <https://acervo.socioambiental.org/sites/default/files/documents/WAL00006.pdf>
KANT DE LIMA, R. BAPTISTA, B. G. L. Como a Antropologia pode contribuir para a pesquisa jurídica? Um desafio metodológico. Anuário Antropológico. Brasília, UnB, v. 39, n. 1, 9-37, 2014.
KINTOPP et. al. Acessibilidade do termo de consentimento na pesquisa clínica no Brasil. Revista Bioética. v.31, 2023. https://www.scielo.br/j/bioet/a/JfmX3b6z48BKX8Pnkd9QfPy/?format=pdf&lang=pt
LEVANTEZI, M; SHIMIZU, H; GARRAFA, V. Princípio da não discriminação e não estigmatização: reflexões sobre hanseníase. Revista de Bioética, v.28, n.1, Jan-Mar 2020.
LIMA et. al. O Trote e a Saúde Mental de Estudantes de Medicina. Revista Brasileira de Educação Médica. v.41, n.2, 2017. https://www.scielo.br/j/rbem/a/WTs7b4dyKcdbXpNJ9scdbqt/?format=pdf&lang=pt
LUCAS, JAVIER DE. Las minorías: de los derechos individuales al estatuto jurídico, Isonomía. Revista de Teoría y Filosofía del Derecho, México, núm. 3, octubre de 1995, pp. 71-108.
MACIEL, Laurinda Rosa et al . Memories and history of Hansen's disease in Brazil told by witnesses (1960-2000). Hist. cienc. saude-Manguinhos, Rio de Janeiro , v. 10, supl. 1, p. 308-336, 2003.
MOREIRA, T. A. S. ; GONCALVES, M. A. B. ; PERUZZO, PEDRO PULZATTO . Identidades e aproximações entre violações de direitos de pacientes de hanseníase no século XX e o sequestro e roubo de bebês pelo Estado no século XXI. Cadernos da Defensoria Pública do Estado de São Paulo, v. 8, p. 82, 2023.
MOURA, Gabriela Pinto. Prostituição e espaço urbano: a perspectiva putafeminista nos escritos de três prostitutas ativistas brasileiras. Revista brasileira de estudos urbanos e regionais (Dossiê território, gênero e interseccionalidades), v. 23, 2021. https://www.scielo.br/j/rbeur/a/DPTcwmZk7WxxHqHK3mnc8qk/?format=pdf&lang=pt
NERY JS, RAMOND A, PESCARINI JM, ALVES A, STRINA A, ICHIHARA MY, et al. Socioeconomic determinants of leprosy new case detection in the 100 Million Brazilian Cohort: a population-based linkage study. The Lancet Global Health, v.7, n.9, 1 de setembro de 2019.
OLIVERIA, Carolina. Justiça proíbe Bolsonaro de usar termo “lepra” para se referir à hanseníase. O que é a doença? Brasil de Fato. São Paulo. 18 de janeiro de 2022. https://www.brasildefato.com.br/2022/01/18/justica-proibe-bolsonaro-de-usar-termo-lepra-para-se-referir-a-hanseniase-o-que-e-a-doenca
OPAS. Brasil fortalece capacidade de diagnóstico da hanseníase. Disponível em: <https://www.paho.org/pt/noticias/25-1-2022-brasil-fortalece-capacidade-diagnostico-da-hanseniase>. Acesso em: 26 de agosto de 2024.
OPROMOLLA, Paula Araujo; LAURENTI, Ruy. Controle da hanseníase no Estado de São Paulo: análise histórica. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 45, n. 1, p. 1-2, fev. 2011. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rsp/a/g9j3P3hcbzr36bscttJc3Dk/#ModalTutors. Acesso em: 16 dez. 2024.
PANZA, Juliana Christofoli. Depoimento Especial e a subordinação de direitos ao sistema penal: uma tríplice violação. Revista Serviço Social & Sociedade. n.143, 2022. https://www.scielo.br/j/sssoc/a/G3c7JpQXtWg3hWbLrw8s9Gz/?format=pdf&lang=pt
PELLEGRINO, Charles. O último trem de Hiroshima: os sobreviventes olham para trás. São Paulo: Leya, 2010, p.4.
PÉREZ PORTILLA, Karla. Aproximaciones al concepto de minoría. in DERECHOS HUMANOS Memoria del IV Congreso Nacional de Derecho Constitucional Tomo III. Diego Valadés y rodrigo Gutiérrez Rivas (orgs). Universidad Nacional Autonoma de Mexico, 2001. http://ru.juridicas.unam.mx/xmlui/handle/123456789/9068
PERUZZO, P. P., SILVEIRA, S. M. L., GONÇALVES, N. I. G., FLORES, E. P. L., SANTIAGO, K. T., SIMBERA, P. A. DE C., SILVA, L. V. C. DA. Contribuição para o relatório temático da relatora especial das Nações Unidas para a eliminação da discriminação contra as pessoas atingidas pela hanseníase e seus familiares ao conselho de direitos humanos da ONU. Revista De Direitos Humanos E Desenvolvimento Social, v.2, 1–31, 2022.
PERUZZO, PEDRO PULZATTO; LAMAS, A. C. F. C.; TONELLI, C. V.. Contribuições dos estudos sobre trauma psicossocial para a reparação das mulheres e meninas vítimas da política de hanseníase do Brasil do século XX. ReDiS - Revista de Direito Socioambiental (UEG). v.2, p.12, 2024.
PERUZZO, P. P.; SILVA, L. V. C.; GONCALVES, N. I. G.. Hanseníase e agenda internacional sobre reabilitação e acessibilidade para pessoas com deficiência. Revista Eletrônica do Curso de Direito da UFSM. v.18, p.1 - 31, 2023.
PINZÓN, TORRES CÉSAR AUGUSTO. Normal y anormal: discursos y prácticas de la segregación em Polisemia, n.13, Bogotá. Enero - junio de 2012, pp. 86 - 93.
QUEIROZ, Larissa de Abreu; ASSIS, Fátima Büchele; MARTINHAGO, Fernanda. Perfil dos processos de internação compulsória decorrentes do uso de drogas: uma pesquisa documental. Saúde em Debate. v. 46, n. 134, 2022. https://www.scielo.br/j/sdeb/a/qRfXJqpZS3tsbdPn9dbzv6P/?format=pdf&lang=pt
SAEZ, H. E. Fenomenología de la violencia en el tejido social. Pacarina del Sur. Revista de pensamiento crítico latino-americano, n.26. enero-marzo 2016 pp. 57-69. http://pacarinadelsur.com/nuestra-america/saberes-y-horizontes/1264-fenomenologia-de-la-violencia-en-el-tejido-social - P
SILVA, Lilian Ramos da. Não me chame de mulata: uma reflexão sobre a tradução em literatura afrodescendente no Brasil no par de línguas Espanhol-Português. Trabalhos em Linguística Aplicada, Campinas, n(57.1): 71-88, jan./abr. 2018.
SPIVAK. Gayatri. Pode o subalterno falar? Belo Horizonte: Editora UFMG, 2018.
STAVENHAGEN, Rodolfo. Siete Tesis Equivocadas sobre America Latina. Sociología y Subdesarrollo, México, Nuestro Tiempo, 1981
WUO, Andréa Soares. A construção social da Síndrome de Down. Cadernos de Psicopedagogia, São Paulo, v. 6, n. 11, 2007. Disponível em
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-10492007000100002&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 21 dez. 2024.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2025 Revista Facultad de Derecho UFG

Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución-NoComercial-SinDerivadas 4.0.
Os Autores que publicam nesta revista concedem à Revista da Faculdade de Direito da UFG uma licença mundial, sem royalties, sujeita aos termos e condições da Licença Jurídica Creative Commons Atribuição 3.0 Brasil Creative Commons Attribution License
Os autores concedem à RFD UFG todos os direitos autorais sobre os artigos nela publicados, que os mantêm com exclusividade até o advento de domínio público sobre os mesmos.





















