O pé dáctilo como elemento organizador em uma alegoria factual, na Paixão Segundo João, de J. S. Bach
DOI:
https://doi.org/10.5216/mh.v9i3-Esp.22018Resumo
Na retórica musical, as células/figuras rítmicas tem função estrutural, cumprindo a tarefa de persuasão na medida em que são elementos organizadores do movimento e da idéia implícitos no discurso sonoro. Assim como na poesia, estas figuras organizam-se em “pés métricos”. Esta organização, denominada Rhythmopöie aborda os pés rítmicos a partir de seu significado poético, estabelecendo uma relação entre este e sua possível representação em música. O pé dáctilo (do grego Daktylos = dedo) é formado por uma sílaba longa seguida de duas breves. Segundo Mattheson, devido a estas três partes – uma grande e duas pequenas – este nome se deve à analogia com as articulações dos dedos. O autor atribui ainda uma segunda versão ao pé dáctilo: uma nota longa pontuada, seguida de uma curta e outra menos curta, como é o ritmo siciliano. Na Paixão Segundo S. João de Bach, descrevemos um procedimento através do qual o pé dáctilo passa por uma transformação quando, partindo de simples célula rítmica com sentido de agitação, assume característica programática, representando metaforicamente a violência, até se transformar em uma alegoria da redenção, tendo como condutora a simbologia do sofrimento de Cristo na cruz. Retoricamente, podemos reconhecer nestes trechos a construção de uma alegoria factual, definida por Pécora como “... signos de uma movimentação divina na história que deve ser interpretada e divulgada, segundo o decoro da oratória sacra, de modo a, por sua vez, mover os homens e fazêlos, pela reta eleição do seu arbítrio, cumprir o futuro que se anuncia” (PÉCORA 2008). Palavras-chave: Retórica; Figuras retórico-musicais; Johann Sebastian Bach.Downloads
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Publicado
2013-01-07
Como Citar
JANK E EDUARDO AUGUSTO OSTERGREN, H. O pé dáctilo como elemento organizador em uma alegoria factual, na Paixão Segundo João, de J. S. Bach. Música Hodie, Goiânia, v. 9, n. 3-Esp, 2013. DOI: 10.5216/mh.v9i3-Esp.22018. Disponível em: https://revistas.ufg.br/musica/article/view/22018. Acesso em: 19 dez. 2024.
Edição
Seção
Artigos