Um objeto arbitrário
discutindo axiomas entre coisas e coisos
DOI:
https://doi.org/10.5216/hawo.v4.79462Palavras-chave:
Materialismo, Etnografia, Arqueologia, Linguística, EcologiaResumo
A antropologia vem experimentando uma “revolução material” que a faz ultrapassar fronteiras do conhecimento e avançar como uma força poderosa que relaciona humanos e não-humanos. Essa transformação é como uma metanóia, uma mudança radical de perspectiva que nos leva a questionar nossas crenças e a buscar novas formas de compreender a vida. Nesse contexto, este texto tem como objetivo chamar a atenção para os objetos cotidianos que muitas vezes passam despercebidos, mas que têm um papel fundamental na construção da nossa identidade cultural. Por meio de uma abordagem epistemológica cuidadosa, a arqueologia fina que se faz aqui busca explorar para além da técnica e a estética dos artefatos, e assim construir uma etnografia das coisas que nos ajuda a entender melhor a antropologia dos objetos. Trata-se, portanto, também de uma abordagem linguisticamente responsável que valoriza a materialidade do nosso presente, e nos ajuda a compreender melhor quem ou o que somos e como nos relacionamos ecologicamente com o mundo ao nosso redor.
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