‘Com a casa nas costas’:

a circulação de mercadorias e alimentos entre Brasil e Colômbia

Autores

  • Diana Patricia Bolaños Erazo UFSM
  • Maria Catarina Chitolina UFSM

Palavras-chave:

Migração familiar. Etnicidade. Práticas alimentares. Transnacionalismo.

Resumo

O presente artigo pretende debater um dos aspectos presentes na migração familiar de brasileiros para a Colômbia: a circulação de alimentos e objetos cotidianos, um cordão umbilical que vincula os migrantes com seu país de origem. Entendemos suas práticas transnacionais como próprias de um grupo que busca ressaltar traços culturais para diferenciar-se de outros grupos com os quais “disputa” posições e espaços na vida cotidiana. Este grupo de brasileiros na Colômbia se reafirma através da escolha cuidadosa de sinais diacríticos, como falar português, consolidar suas casas como territórios brasileiros, cozinhar cotidianamente comida brasileira, entre outros. Por meio de investigação etnográfica realizada entre 2014 e 2018 buscou-se compreender as estratégias usadas por estas famílias para que mercadorias e alimentos se desloquem com eles ou pelas redes sociais de migrantes nas quais estão imersos, viabilizando a construção e negociação de práticas transnacionais.

Referências

Referências

ASSIS, G. O. Mulheres migrantes no passado e no presente: gênero, redes sociais e migração internacional. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 15, n. 3, p. 745- 772, set./dez. 2007.

ASSUNÇÃO, V. K. A. Onde a comida “não tem gosto”: estudo antropológico das práticas alimentares de imigrantes brasileiros em Boston. 2011. Tesis (Doctorado en Antropología Social) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2011.

ASSUNÇÃO, V. K. A circulação de alimentos e de relações entre brasileiros em Boston e no Brasil. In: RIAL, C. SILVA, S. R. SOUZA, A. M. Consumo e cultura material: perspectivas etnográficas, Editora UFSC, 2012.

BARTH, F. Os grupos étnicos e suas fronteiras. In: LASK, T. O guru, o iniciador e outras variações antropológicas. Rio de Janeiro: Contra Capa, 2000. p. 25-67.

BOURDIEU, P. Gostos de classe e estilos de vida. In: Ortiz, Renato (org). Bourdieu. São Paulo: Ática, 1983. p. 82-121. (Coleção grandes cientistas sociais, n. 39).

BRIGHTWELL, M. G. Sentir-se em casa longe de casa: a comida no cotidiano de migrantes brasileiros em Londres. Revista Tessituras, Pelotas, v. 3, n. 2, p. 60-78, jul./dez. 2015.

BOLAÑOS, D. E. A comida é o de menos: as redes sociais de migrantes brasileiros na Colômbia. 2019. Disertación (Maestria en Ciencias Sociales) - Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2019.

CALDEIRA, T. P. R. Cidade de muros: crime, segregação e cidadania em São Paulo. São Paulo: Edusp, 2000.

CRISTINA. Entrevista 2. Interlocutora de la investigación. Cali- Colombia, 2017.

CUNHA, M. C. Cultura com aspas e outros ensaios. São Paulo: Cosac Naify, 2009.

DAS, V. Fronteiras, violência e o trabalho do tempo: alguns temas wittgensteinianos. Rev. bras. Ci. Soc., São Paulo , v. 14, n. 40, p. 31-42, June 1999. Available

fromhttp://www.scielo.br/scielo.phpscript=sci_arttext&pid=S010269091999000200003&lng=en&nrm=iso.

Access on: 01 Aug. 2019. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-69091999000200003.

DUNKER, C. A lógica do condomínio ou: o síndico e seus descontentes. Revista Leitura Flutuante, v.1, 2009.

DEVIKA, J. Her-self: early writings on gender by Malayalee Women. Kolkata: STREE, 2005.

DUTRA, R. C. A. Cozinha e identidade nacional: notas sobre a culinária na formação da cultura brasileira segundo Gilberto Freyre e Luis Câmara Cascudo. Anais do Seminário Gastronomia em Gilberto Freyre. Recife: Fundação Gilberto Freyre, 2005.

ENRIQUEZ, M. As coisas que perdemos no fogo. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2017.

FREYRE, G. Casa Grande & Senzala: formação da família brasileira sob o regime da economia patriarcal. Rio de Janeiro: José Olympio, 1958.

GEERTZ, C. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: LTC, 1989.

GOMES, F. S. Comidas, pessoas e deuses: etnografia de eventos alimentares na Índia. 2010. 124 f., il. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social)-Universidade de Brasília, Brasília, 2010.

HALBWACHS, M. A memória coletiva. São Paulo: Vértice, 1990.

LÉVI-STRAUSS, C. O triângulo culinário. Revista de Antropologia, São Paulo, v. 10, n. 1/2 p. 24-35, 1966.

LIMA, A.; TOGNI, P. Migrando por um ideal de amor: família conjugal, reprodução, trabalho e gênero. Ipotesi: Revista de Estudos Literários, v. 16, n. 1, p. 135-144, 2012.

MACIEL, E. A comida boa para pensar: sobre práticas, gostos e sistemas alimentares a partir de um olhar socioantropológico. Revista Demetra: alimentação, nutrição & saúde, v. 8, p. 321-328, 2013.

MARCUS, G. Etnografía en/del sistema mundo: el surgimiento de la etnografía multilocal. Alteridades, Ciudad de México, v. 11, n. 22, p. 112-127, jul./dic. 2001.

MARISA. Entrevista 3. Interlocutora de la investigación. Cali-Colombia, 2018.

MILLER, D. Consumo como cultura material. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 13, n. 28, p. 33-63, jul. /dez. 2007.

MILLER, D. Trecos, troços e coisas: estudos antropológicos sobre cultura material. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2013.

MINTZ, S. Comida e antropologia: uma breve revisão. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 16, n. 47, out. 2001.

MONTEIRO, C. S. O que cabe na mala? Deslocamentos e circulação de objetos da diáspora senegalesa em terra de italianos. Revista Século XXI: Revista de Ciências Sociais, v. 8, n. 1, p. 203-232, jan./jun. 2018.

ORTNER, S. Uma atualização da teoria da pratica. In: GROSSI, M. ECKERT, C. FRY, P. (org.). Conferencias e diálogos: saberes e práticas antropológicas. Editora Nova Letra, 2007.

ORTNER, S. Subjetividade e crítica cultural. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, v. 13, n. 28, p. 375-405, dez. 2007b. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-71832007000200015&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 01 ago. 2019. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-71832007000200015

PEIRANO, M. O dito e o feito: ensaios de antropologia dos rituais. Rio de Janeiro: Núcleo de Antropologia da Política, 2002.

PIZARRO, C. La bolivianidad en disputa. (Des)marcaciones de etnicidad en contextos migratorios. In: KARASIK, G. Migraciones internacionales: reflexiones y estudios sobre la movilidad territorial contemporánea. Buenos Aires: CICCUS, 2013. p. 331-360.

POULAIN, J. P. Sociologia da alimentação: os comedores e o espaço social alimentar. 1 ed. Florianopolis: Editora UFSC, 2006.

SANDRA. Entrevista 1. Interlocutora principal de la investigación. Curitiba, 2016.

SAYAD, A. A imigração ou os paradoxos da alteridade. São Paulo: Edusp, 1998. 299 p.

SHEPHARD, P. Working with Malaysians: expatriates and malaysians perspectives. In: ABDULLAH, A. (ed.). Understanding the Malaysians workforce: guidelines for managers. Kuala Lumpur: Malaysian Institute of Management, 1996.

VELHO, G. Individualismo e cultura: notas para uma antropologia da sociedade moderna. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1987.

WALLERSTEIN, I. A reestruturação capitalista e o sistema mundial. Revista Perspectivas, São Paulo, v. 20/21, 249-267, 1997.

ZANINI, M. C. C.; SANTOS, M. O. Mangia che te fa bene! Comida e identidade entre os descendentes de imigrantes italianos no Rio Grande do Sul. Travessia: Revista do Imigrante. CEM, ano 26, n. 72, jan./jun. 2013.

Publicado

2020-10-12

Como Citar

ERAZO, D. P. B.; CHITOLINA , M. C. . ‘Com a casa nas costas’:: a circulação de mercadorias e alimentos entre Brasil e Colômbia. Hawò, Goiânia, v. 1, p. 1–39, 2020. Disponível em: https://revistas.ufg.br/hawo/article/view/66118. Acesso em: 4 dez. 2024.