Técnicas de enriquecimento ambiental para gambás-de-orelha-preta (Didelphis aurita Wied-Neuwied, 1826) em cativeiro
DOI:
https://doi.org/10.1590/1809-6891v24e-76165EResumo
O objetivo deste trabalho foi analisar os efeitos do enriquecimento ambiental alimentar no comportamento dos gambás-de-orelha-preta que se encontravam em cativeiro no Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS), no município Serra, no estado do Espírito Santo (ES), de agosto a outubro de 2022. Dois modelos alimentares foram construídos para o estudo: os “Tubos Surpresa” e o “Quebra-Cabeça Alimentar”. Foram selecionados 24 gambás-de-orelha-preta, independente do sexo, juvenis, divididos em oito grupos, com três animais cada, sendo quatro grupos expostos a um modelo e quatro ao outro. Cada grupo foi submetido a duas condições: experimental, com a presença do modelo e controle, sem a presença do modelo. Cada condição durou 24 horas e ocorreram em dois dias consecutivos. Foram filmadas com câmera trap, resultando em 3233 vídeos, de 25 segundos cada. Para elaboração do etograma foram selecionados 24 vídeos de cada grupo, gravados entre as 18h00 e 19h30hs, período em que os animais se mostraram mais ativos. Os gambás interagiram com os dois modelos, acessando e comendo os alimentos escondidos, havendo preferência pela carne em comparação com a fruta. Não houve diferença significativa no comportamento dos gambás em relação aos modelos e observou-se que o comportamento agressivo diminuiu significativamente quando os modelos estavam presentes. Conclui-se que os modelos podem ser utilizados como enriquecimento ambiental para os gambás-de-orelha-preta, trazendo benefícios para a diminuição do comportamento agressivo.
Palavras-chave: Didelphis aurita; cativeiro; marsupial
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