Baixo desempenho da vitamina C comparado ao cloreto de amônio como acidificante urinário em cordeiros confinados
DOI:
https://doi.org/10.1590/1809-6891v21e-60098Resumo
A urolitíase obstrutiva é uma enfermidade de alta incidência em ovinos confinados. A acidificação urinária é um dos métodos mais eficazes para a prevenção da doença. Utilizaram-se 45 cordeiros clinicamente sadios, machos, mestiços Santa Inês, com três a quatro meses de idade, em confinamento, distribuídos em três grupos de 15 animais cada. Foi administrado 400mg/kg/dia/animal de cloreto de amônio (GA), 4mg/kg/dia/animal de vitamina C (GC) e associação dos dois produtos (GAC), durante 21 dias, ambos por via oral. As colheitas de sangue e urina foram realizadas sete dias antes do início do tratamento (M0), imediatamente antes (M1) e depois, semanalmente, até 21 dias após (M2, M3 e M4) para realização de exames de função renal (ureia e creatinina), dosagem de Ca, P e Mg no soro e na urina, urinálise e cálculo de EF desses minerais. Nos grupos GA e GAC, houve diminuição do pH no M2, permanecendo ácido até o final do experimento. Houve diminuição significativa do P sérico no GA, além de aumento urinário nos teores de Ca e Mg nesse grupo. A EF de Ca aumentou após o início dos tratamentos, porém não houve interferência para Mg. A EF de P foi significativamente menor somente no GA. O cloreto de amônio se mostrou eficaz como acidificante urinário em ovinos, porém a vitamina C, por via oral, apresentou oscilação e não atingiu estabilidade. Portanto, a suplementação com vitamina C não foi eficaz para acidificação urinária e, por isso, não deve ser utilizada na prevenção de urolitíase obstrutiva.
Palavras-chave: pH urinário; excreção fracionada; pequenos ruminantes; urinálise; urolitíase.
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