Dos DOS SENTIDOS DE POÉTICA/O. O ESTADO POÉTICO

Autores

  • Miguel Almir Lima Araujo Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), Feira de Santana, Bahia, Brasil, malmir2@gmail.com

DOI:

https://doi.org/10.5216/teri.v10i1.66044

Palavras-chave:

Sentidos; Poética/Poético; Dis-posição; Sensibilidade; Espirituosidade.

Resumo

O texto apresenta a/o Poética/o como estado de dis-posição, de abertura dos sensos perceptivos, da consciência compreensiva, do laço da sensibilidade e da espirituosidade para uma forma de compreensão e de fruição dos fenômenos humanos, do existir e do coexistir humanos a partir do viger da poíesis. Ou seja, dos modos originários e originantes em que jorra o vigor seminal destes fenômenos, do existir, que potencializam o emergir de nossos fazeres e criares. A Poética, visceralmente, implica no despontar do fulcro germinal, impulsiona a insurgência das sendas abertas, do inaugural; a eclosão do extraordinário, o constelar da “eterna novidade do mundo”. O prisma da Poética, ao entrelaçar Pathos e Logos, suscita o despontar dos fluxos do espanto e da admiração, da perplexidade e das inquietações que nos interpelam, movem e insuflam no trilhar as dobras e curvas das travessias, dos laços das encruzilhadas que atravessamos impelidos pelas intensidades dos desafios de nosso ser sendo no mundo com os outros. Potencializa a abertura do corpo e do espírito, do corpoespírito – do “logos poético” – para o insurgente, o imprevisível e o surpreendente; para o pluriverso dos Sentidos humanos. Dispõe-nos para as proezas agridoces da tragicomicidade do existir. Desse modo, nos adentra nos meandros dos paradoxos e imponderáveis da complexidade humana, nos flancos de suas ambiguidades e incertezas, contradições e tortuosidades. O trançado da Poética, do estado poético, insufla a ruptura do anestésico que comprime e homogeneíza, e fomenta a plasticidade do estésico caracterizada pela expressão do jogo sincopado, da fluidez do movimento, do impulso lúdico, da imaginação criante, dos lampejos da policromia. Nesse rumo, podemos perceber, compreender e fruir os fenômenos, a vida, desde o seu pulsar originário, na movência de seu dinamismo, de suas obliquidades e de sua vivacidade com todos os sentidos juntos, interligados. Assim, estabelecemos com o mundo, com o viver contingente, uma relação pregnante/orgânica e anímica/simbólica em que penetramos na cromaticidade das intensidades e das extensidades dos núcleos das experiências, dos laços que nos entrelaçam uns com os outros movidos por nosso ser sensível e espirituoso.

 

 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Miguel Almir Lima Araujo, Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), Feira de Santana, Bahia, Brasil, malmir2@gmail.com

Professor da UEFS. Doutor em Educação

Referências

Referências

ANDRADE, Carlos Drummond. Claro enigma. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
ANDRADE, Carlos Drummond. Sentimento do mundo. Rio de Janeiro: Ed. Record, 2000.
ARAÚJO, Miguel Almir Lima de. O estado poético. In: TRINCHÃO, Gláucia Maria Costa (Org). Tempo, cultura, linguagem: reflexões sobre a área do conhecimento do Desenho e algumas implicações. Salvador: EDUFBA, 2017.
ARAÚJO, Miguel Almir Lima de. A imagem, o imaginário e a imaginação como expressões transdisciplinares. In: TRINCHÃO, Gláucia Maria Costa (Org). Desenho & visualidades. Salvador: EDUFBA, 2015.
ARAÚJO, Miguel Almir Lima de. Os Sentidos da Sensibilidade: sua fruição no fenômeno do educar. Salvador: EDUFBA, 2008.
ARIAS, Patricio Guerrero. Corazonar el sentido de las espistemologías dominantes desde las sabidurías insurgentes para construir sentidos otros de la existência (Primera parte) Calle14: revista de investigación en el campo del arte. Universidad Distrital Francisco José de Caldas Colombia
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco; Poética. Os pensadores. Volume II. São Paulo: Nova Cultural, 1987.
BACHELARD, Gaston. Fragmentos de uma poética do fogo. São Paulo: Brasiliense, 1990.
BACHELARD, Gaston. A poética do espaço. São Paulo: Martins Fontes, 1988a.
BACHELARD, Gaston. A poética do devaneio. São Paulo: Martins Fontes, 1988b.
BARBIER, René. Palavra educativa e sujeito existencial. In: BERGER, Gui e outros. Educação e pluralidade. Brasília: Plano Ed., 2003.
BÁRCENA, Fernando. El delírio de las palavras: ensaio para uma poética del comienzo. Barcelona: Herder, 2004.
BARROS, Manoel de. Poesia completa. São Paulo: Leya, 2010.
BARROS, Manoel de. Livro sobre o nada. Rio de Janeiro: Record, 2004a.
BARROS, Manoel de. O livro das ignorãças. Rio de Janeiro: Record, 2004b.
CASTRO, Manuel Antônio de. A Poética como vigência do próprio na época da técnica. Entrevista com. In: PESSANHA, Fábio Santana; BARBOSA, Bianka; FERRAZ, Antonio M.; CALFA, Maria Ignez de S. (Orgs.). Poética e diálogo: caminhos de pensamento. Rio de Janeiro: Tempo brasileiro, 2011.
CASTRO, Manuel Antônio de. (Org) A construção poética do real. Rio de Janeiro: 7Letras, 2004.
DUFRENNE, Mikel. O poético. Porto Alegre: Globo, 1969.
ELIOT, T. S. A essência da poesia. Rio de Janeiro: Artenova, 1972.
GLISSANT, Édouard. Introdução a uma poética da diversidade. Juiz de Fora, MG: Ed. UFJF, 2005.
GUIDA, Ângela. Que é isto, a Poética? In: PESSANHA, Fábio Santana; BARBOSA, Bianka; FERRAZ, Antonio M.; CALFA, Maria Ignez de S. (Orgs.). Poética e diálogo: caminhos de pensamento. Rio de Janeiro: Tempo brasileiro, 2011.
GUIMARÃES, Roberto Lyrio Duarte. Poesia. Poética. Poético. In: Revista Cine Cachoeira. Ano IV V. 7, 2014.
HEIDEGGER, Martin. Ensaios e conferências. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.
JUNQUEIRA, Leandro. A poética da obra de arte. In: PESSANHA, Fábio Santana; BARBOSA, Bianka; FERRAZ, Antonio M.; CALFA, Maria Ignez de S. (Orgs.). Poética e diálogo: caminhos de pensamento. Rio de Janeiro: Tempo brasileiro, 2011.
LEYRA, Ana María. Poética y transfilosofia. Madrid: Ed. Fundamentos, 1995.
LEZAMA LIMA, José. A dignidade da poesia. São Paulo: Ática, 1996.
MAFFESOLI, Michel. Elogio da razão sensível. Petrópolis, RJ: Voezes, 1998.
MORIN, Edgar. O método 5: a humanidade da humanidade – a identidade humana. Porto Alegre: Sulina, 2002.
MORIN, E. Ciência com consciência. Rio de Janeiro: Bertrand, 2000.
MORIN, Edgar. Amor poesia sabedoria. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998.
NUNES, Benedito. Passagem para o poético. Filosofia e poesia em Heidegger. São Paulo: Ática, 1992.
ORTIZ-OSÉS, Andrés. Amor y sentido: una hermenéutica simbólica. Barcelona: Anthropos Ed., 2003.
ORTIZ-OSÉS, Andrés. Metafísica del sentido: uma filosofia de la implicación. Bilbao: Universidad de Deusto, 1989.
PAZ, Octavio. Signos em rotação. São Paulo: Perspectiva, 2003.
PAZ, Octavio. La otra voz. Poesia y fin de siglo. Barcelona: Ed. Seix Barral, 1990.
PAZ, Octavio. El arco y la lira. Mexico: Fondo de Cultura Econômica, 1986.
PESSANHA, Fábio Santana; BARBOSA, Bianka; FERRAZ, Antonio M.; CALFA, Maria Ignez de S. (Orgs.). Poética e diálogo: caminhos de pensamento. Rio de Janeiro: Tempo brasileiro, 2011.
PESSOA, Fernando. Ficções de interlúdio/1: poemas completos de Alberto Caieiro. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980.
POUND, Ezra. A arte da poesia. São Paulo: Cultrix, 1991.
REVILLA, Carmem (Org.). Claves de la razón poética: María Zambrano un pensamiento en el orden del tempo. Madrid: Ed. Trotta, 1998.

Downloads

Publicado

2020-12-31

Como Citar

ARAUJO, M. A. L. Dos DOS SENTIDOS DE POÉTICA/O. O ESTADO POÉTICO. Revista Terceiro Incluído, Goiânia, v. 10, n. 1, p. 75–92, 2020. DOI: 10.5216/teri.v10i1.66044. Disponível em: https://revistas.ufg.br/teri/article/view/66044. Acesso em: 18 abr. 2024.

Edição

Seção

ARTIGOS