JUSTIÇA CLIMÁTICA E EVENTOS CLIMÁTICOS EXTREMOS: UMA ANÁLISE DA PERCEPÇÃO SOCIAL NO BRASIL
DOI:
https://doi.org/10.5216/teri.v1i2.17842Palabras clave:
Justiça Climática, Desigualdade, Mudanças ClimáticasResumen
RESUMO: Eventos climáticos extremos vêm sendo noticiados em diferentes cidades do Brasil. Embora ainda não seja claro se eles já são conseqüência das mudanças climáticas, não há muita discussão sobre o fato de que tais eventos se tornarão cada vez mais freqüentes e intensos nos próximos anos. Além disso, os atores sociais que são geralmente mais vulneráveis a esses eventos são aqueles que menos contribuem para a mudança do clima. Tal desigualdade referente às responsabilidades e aos impactos sofridos deu origem ao conceito e movimento global por Justiça Climática. O objetivo deste artigo é demonstrar que, apesar de eventos de injustiça climática já serem perceptíveis no Brasil, o discurso da Justiça Climática ainda não foi incorporado de forma consistente no país. Para tanto, realizamos pesquisa documental nos principais jornais de São Paulo e do Rio de Janeiro, para identificar se houve a incorporação do conceito de Justiça Climática na análise das causas de enchentes que ocorreram nessas cidades em dezembro/2009 e abril/2010. Os resultados sugerem que os meios de comunicação, a sociedade em geral e as comunidades atingidas em particular, ainda não associaram claramente episódios de injustiça ambiental, eventos climáticos extremos e mudanças climáticas. As conclusões acentuam que os grupos atingidos deveriam incorporar o discurso da Justiça Climática com a finalidade de influenciar as decisões públicas de forma que as correções paliativas que vêm sendo adotadas no tratamento de eventos climáticos extremos se tornem políticas estruturantes de redução de vulnerabilidade e de adaptação às mudanças climáticas.
Descargas
Citas
ACSELRAD, H. Justiça ambiental - ação coletiva e estratégias argumentativas. In ACSELRAD, H.; HERCULANO, S. & PÁDUA J.A. (Eds.), Justiça ambiental e cidadania Rio de Janeiro: Relume Dumará. 2004, pp. 23-39.
ACSELRAD, H., MELLO, C. C. D. A., & BEZERRA, G. D. N. O que é justiça ambiental? Rio de Janeiro: Garamond. 2009.
BOULDING, K. The economics of the coming spaceship earth. In H. Jarret (Ed.), Environmental quality in a growing economy. London; Baltimore: Resources for the Future Inc. & The Johns Hopkins Press. 1966.
BROOKS, N., ADGER, W. N., & KELLY, P. M. The determinants of vulnerability and adaptive capacity at the national level and the implications for adaptation. Global Environmental Change, v. 15, n. 2, p. 151-163, 2005.
BULLARD, R. Enfrentando o racismo ambiental no século XXI. In ACSELRAD, H.; HERCULANO, S. & PÁDUA, J. A. (Eds.), Justiça ambiental e cidadania Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2004. pp. 41-68.
BURSZTYN, M. Armadilhas do progresso: contradições entre economia e ecologia. Sociedade e Estado, v. X, n. 1, p. 97-124, 1995.
CEDEPLAR/UFMG, & FIOCRUZ. Mudanças climáticas, migrações e saúde: cenários para o Nordeste, 2000-2050. Belo Horizonte: Cedeplar/UFMG; Fiocruz, 2009.
EBI, K. L. Facilitating climate justice through community-based adaptation in the health sector. Environmental Justice, v. 2, n. 4, p. 191-195, 2009.
ENGLE, N., & LEMOS, M. Unpacking governance: building adaptive capacity to climate change of river basins in Brazil. Global Environmental Change,v. 20, p. 4-13, 2010.
FOLHA DE S. PAULO. (2009, 2-19 Dez 2009). Folha de S. Paulo.
FOLKE, C. Resilience: the emergence of a perspective for social-ecological systems analyses. Global Environmental Change, v. 16, p. 253-267, 2006.
IKEME, J. Equity, environmental justice and sustainability: incomplete approaches in climate change politics. Global Environmental Change, v. 13, n. 3, p. 195-206, 2003.
IPCC. Climate change 2001: impacts, adaptation and vulnerability. Valência: IPCC, 2001.
IPCC. Summary for policymakers. In PARRY, M. L.; CANZIANI, O. F.; PALUTIKOF, J. P.; VAN DER LINDEN, P. J. & HANSON, C. E. (Eds.), Climate Change 2007: impacts, adaptation and vulnerability. Contribution of Working Group II to the Fourth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change Cambridge, U.K: Cambridge University Press, 2007a, pp. 7-22.
IPCC. Working Group 1: the physical basis of climate change report. Valência: IPCC, 2007b.
LARREA, C., & WARNARS, L. Ecuador's Yasuni-ITT Initiative: Avoiding emissions by keeping petroleum underground. Energy for Sustainable Development, v. 13, n. 3, p. 219-223, 2009.
LOHMANN, L. Carbon trading, climate justice and the production of ignorance: ten examples. Development, v. 51, n. 3, p. 359-365, 2008.
MCMICHAEL, P. Contemporary contradictions of the global development project: geopolitics, global ecology and the ‘development climate’. Third World Quarterly, v. 30, n. 1, p. 247-262, 2009.
NOBRE, C. A., YOUNG, A. F., SALDIVA, P., MARENGO, J. A., NOBRE, A. D., JR., S. A., et al. Vulnerabilidades das megacidades brasileiras às mudanças climáticas: Região Metropolitana de São Paulo. São Paulo: INPE, 2010.
O ESTADO DE SÃO PAULO !sso não é normal. Retrieved 27 Ago 2010, from http://issonaoenormal.com.br/
O GLOBO. (2010, 05-15/04/2010). O Globo.
RBJA. Rede Brasileira de Justiça Ambiental. Retrieved 24 Ago 2010, from http://www.justicaambiental.org.br/_justicaambiental/pagina.php?id=2300
ROBERTS, J. T. The international dimension of climate justice and the need for international adaptation funding. Environmental Justice, v. 2, n. 4, p. 185-190, 2009.
ROBERTS, J. T., & PARKS, B. C. Ecologically unequal exchange, ecological debt, and climate justice: The history and implications of three related ideas for a new social movement. International Journal of Comparative Sociology, v. 50, n. 3-4, p. 385-409, 2009.
ROBERTS, J. T., & TOFFOLON-WEISS, M. Concepções e polêmicas em torno da justiça ambiental nos Estados Unidos. In ACSELRAD, H.; HERCULANO, S.; PÁDUA, J. A. (Eds.), Justiça ambiental e cidadania Rio de Janeiro: Relume Dumará. 2004, p. 81-95.
SAUNDERS, C.. The Stop Climate Chaos Coalition: climate change as a development issue. Third World Quarterly, v. 29, n. 8, p. 1509-1526, 2008.
SHEPARD, P. M., & CORBIN-MARK, C. Climate justice. Environmental Justice, v. 2, n. 4, p. 163-166, 2009.
STORM, S. Capitalism and Climate Change: Can the Invisible Hand Adjust the Natural Thermostat. Development and Change, v. 40, p. 1011-1038, 2009.
SZE, J., GAMBIRAZZIO, G., KARNER, A., ROWAN, D., LONDON, J., & NIEMEIER, D. Best in show? Climate and environmental justice policy in California. Environmental Justice, v. 2, n. 4, p. 179-184, 2009.
TWOMLOW, S., MUGABE, F. T., MWALE, M., DELVE, R., NANJA, D., CARBERRY, P., et al. Building adaptive capacity to cope with increasing vulnerability due to climatic change in Africa – a new approach. Physics and Chemistry of the Earth, v. 33, n, 8-13, p. 780-787, 2008.
TYREE, S., & GREENLEAF, M. The environmental injustice of "clean coal": Expanding the national conversation on carbon capture and storage technology to include an analysis of potential environmental justice impacts. Environmental Justice, v. 2, n. 4, p. 167-171, 2009.
WHITE-NEWSOME, J., O'NEILL, M. S., GRONLUND, C., SUNBURY, T. M., BRINES, S. J., PARKER, E., et al. Climate change, heat waves, and environmental justice: Advancing knowledge and action. Environmental Justice, v. 2, n. 4, p. 197-205, 2009.