Pensando a Condição Provisória do Viajante Contemporâneo

ensaio sobre uma Geografia que pretende descer ao chão

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5216/teri.v15i2.82659

Palavras-chave:

Viajante contemporâneo, Escalas de análise, Trabalho de campo da Geografia, Lugar

Resumo

O presente trabalho propõe um diálogo inicial que destaca a convergência entre a condição provisória do viajante contemporâneo e a prática do geógrafo em trabalho de campo. Ambos, assim como planejadores e urbanistas, costumam observar e pensar a cidade a partir de uma perspectiva distanciada, marcada pela visão do “alto”; seja por meio do uso de imagens de satélite, visões aéreas, ou, no caso do viajante, com o uso de ferramentas digitais. Essa abordagem, embora útil, não permite captar a dinâmica cotidiana vivida no chão. Compreende-se, portanto, que, do alto, não se vê ninguém! Planejadores, geógrafos e viajantes, ao perceberem e pensarem as cidades sob essa ótica, compartilham um mesmo estado de existência, marcado por contatos breves com os moradores locais. Tal condição provisória resulta em incompletudes interpretativas sobre os lugares. No entanto, ao descer um degrau na escala de análise e “colocar os pés no chão da vida”, abrem-se novas alternativas analíticas para a Geografia como ciência dos lugares. Neste contexto, a interação com a etnografia surge como oportunidade para enriquecer a prática geográfica. A aproximação entre essas duas abordagens de trabalho de campo é uma proposta que visa abrir outras formas de conhecer e interpretar os lugares.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Sandro de Oliveira Safadi, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás, Anápolis, Goiás, Brasil, sandro.safadi@ifg.edu.br

Doutor em Geografia. Docente do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás.

Referências

CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. 2. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2005. 698 p.

CASTRO, I. E. O problema da escala. In: CASTRO, I. E.; CORREA, R. L.; GOMES, P. C. C. (Organizadores) Geografia: conceitos e Temas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995. p. 117 – 140.

CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano: artes de fazer. Tradução de Ephraim Ferreira Alves. 7ª ed. Petrópolis: Vozes, 2014. [Publicado originalmente em 1980].

GEHL, J. Cidades para pessoas. São Paulo: Perspectiva, 2015. [Publicado originalmente em 2010].

GIDDENS, Anthony. As Consequências da Modernidade. Tradução de Raul Fiker. São Paulo: Editora UNESP, 1991. [Publicado originalmente em 1990]

IPRI – Instituto de Pesquisas em Relações Internacionais. Tendências de turismo: comportamento da população brasileira. Brasília: Ministério do Turismo, 2024. Disponível em: https://www.gov.br/turismo. Acesso em: 25 nov. 2024.

LA BLACHE, Paul Vidal de. Des caractères distinctifs de la géographie. Annales de Géographie, [S.L.], v. 22, n. 124, p. 289-299, 1913.

LACOSTE, Yves. A geografia – isso serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra. 3. ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1993. [Publicado originalmente em 1976].

LATOUR, Bruno. Nous n’avons jamais été modernes: essai d’anthropologie symétrique. Paris: La Découverte, 1997, 207 p.

MAGNANI, José Guilherme Cantor. De perto e de dentro. Revista Brasileira de Ciências Sociais, vol 17, Nº49. p. 11-29, 2002. https://doi.org/10.1590/S0102-69092002000200002.

MONBEIG, Pierre. Acervo Digital do Jornal O Estado de São Paulo. Disponível em https://acervo.estadao.com.br/procura/#!/pierre%20monbeig/Acervo/acervo%20.

MOREIRA, Ruy. As formas da geografia e do trabalho do geógrafo no tempo. In: ______. Pensar e ser em geografia. São Paulo: Contexto, 2007. p. 13-22. [Publicado originalmente em 1993].

MOREIRA, Ruy. A geografia serve para desvendar máscaras sociais. In: ______. Pensar e ser em geografia. São Paulo: Contexto, 2007. p. 61-79. [Publicado originalmente em 1978].

SANTOS, Milton. A Natureza do Espaço: Técnica e Tempo, Razão e Emoção. 3. ed. São Paulo: Hucitec, 1999. 308 p. [Publicado originalmente em 1996].

SAFADI, Sandro de Oliveira. O mundo vivido na geografia brasileira: sobre a instabilidade de um conceito humanista-cultural no início do século XXI. Caminhos de Geografia, Uberlândia, p. 16-31, 2020. https://doi.org/10.14393/RCG0058465.

SILVA, Armando Correia da. Aparecer, ser e forma. GEOgraphia. Ano II, Nº3, p. 7-25, 2000.

Downloads

Publicado

2025-05-15

Como Citar

SAFADI, Sandro de Oliveira. Pensando a Condição Provisória do Viajante Contemporâneo: ensaio sobre uma Geografia que pretende descer ao chão. Revista Terceiro Incluído, Goiânia, v. 15, n. 2, p. e15202, 2025. DOI: 10.5216/teri.v15i2.82659. Disponível em: https://revistas.ufg.br/teri/article/view/82659. Acesso em: 5 dez. 2025.