PENSAR O TEMPO PARA CONSTRUIR UM MÉTODO: A DESCONTINUIDADE HISTÓRICA EM GASTON BACHELARD
Palabras clave:
Descontinuidade histórica, Multiplicidade do tempo, Gaston Bachelard, Método, Epistemologia HistóricaResumen
Neste artigo, propomos uma reflexão sobre o estatuto epistemológico da descontinuidade histórica na obra de Gaston Bachelard. Em meados do século passado, notadamente a partir da obra de Georges Canguilhem, a abordagem descontinuísta já havia se transformado em um procedimento, entre outros, integrado à história das ciências por exigência dos objetos específicos selecionados pelo historiador. No entanto, inicialmente, isto é, na obra de Bachelard, a “hipótese da descontinuidade e da multiplicidade do tempo” foi pensada a partir de seu duplo caráter historiográfico e transcendental. Neste artigo, mostramos que as críticas de Bachelard a autores como Comte e Émile Meyerson denunciavam a solidariedade entre as teorias do conhecimento que defendiam uma continuidade entre espírito científico e senso comum e as teorias continuístas da história da ciência – que defendiam que o conhecimento científico se formava progressivamente por acúmulo a partir da experiência comum. Por fim, mostramos que o valor epistemológico da reflexão sobre o tempo histórico em Bachelard é determinado pela transformação que ele provoca na noção de “método” em relação àquela que vigorava na filosofia e na historiografia das ciências do século XIX e início do século XX.
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