PENSAR O TEMPO PARA CONSTRUIR UM MÉTODO: A DESCONTINUIDADE HISTÓRICA EM GASTON BACHELARD

Authors

Keywords:

Historical discontinuity, Multiplicity of time, Gaston Bachelard, Method, Historical Epistemology

Abstract

In this article, we discuss the epistemological status of historical discontinuity in Bachelard. In the 1950's and 60's, notably in the works of Canguilhem, the discontinuous approach had already become a procedure, among others, integrated with the history of the sciences as an exigency of the specific objects selected by the historian. However, initially, that is, in Bachelard's work, the "hypothesis of discontinuity and multiplicity of time" was thought from its double historiographic and transcendental character. In this article, we argue that Bachelard's criticisms towards authors such as Comte and Meyerson denounced the solidarity between the theories of knowledge that advocated a continuity between scientific spirit and common sense and the continuing theories of the history of science - which argued that scientific knowledge was progressively formed by accumulation from common experience. In the last pages, we argue that the theoretical value of the Bachelard's reflection on historical time is determined by the conceptual and epistemological transformations in the notion of "method".

Author Biography

Tiago Santos Almeida, Universidade Federal de Goiás.

Professor Colaborador e bolsista do Programa Nacional de Pós Doutorado (PNPD) da CAPES junto ao Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Goiás, onde é responsável pelas disciplinas "História e Historiografia das Ciências" (Graduação) e "Historiografia e epistemologia: o problema da objetividade" (Pós-Graduação). Possui Doutorado (2016) e Mestrado (2011) em História (linha de pesquisa "História da Ciência e da Técnica" - cf. "Outras informações relevantes") pela Universidade de São Paulo e Licenciatura em História (2006) pela Universidade Federal de Sergipe. Entre março de 2014 e março de 2015, realizou estágio doutoral de pesquisa no Centre de Philosophie Contemporaine da Université Paris 1 - Panthéon-Sorbonne, sob a supervisão de Jean-François Braunstein. É autor do livro "Canguilhem e a gênese do possível: estudo sobre a historicização das ciências" (São Paulo: Ed. Liber Ars, 2018) e organizador do livro DASTON, Lorraine. "Historicidade e Objetividade". São Paulo: Ed. Liber Ars, 2017. - (Coleção Epistemologia Histórica). Editor Associado de "Transversal: International Journal for the Historiography of Science". Coordenador científico da coleção "Epistemologia Histórica", da Editora Liber Ars. Integra a rede internacional de pesquisa "Épistémologie Historique (Research Network on the Traditions and Methods of Historical Epistemology)". É membro do Grupo de Pesquisa EPISTATHAI - Epistemologia e História Comparada das Ciências Humanas (UFF/CNPq), coordenado por Francine Iegelski (UFF) e Maurício de Carvalho Ramos (USP). Membro do Comitê Científico-Editorial da editora Liber Ars (São Paulo). Atua na área de História, com ênfase nas seguintes áreas: Historiografia das Ciências; Epistemologia Histórica; História do Pensamento Científico; História dos Ideais e Práticas de Racionalidade; História e Filosofia das Ciências da Vida e da Medicina.

References

ALMEIDA, Fábio Ferreira de. “Nota à tradução de ‘A continuidade e a multiplicidade temporais’”. In: SALOMON, Marlon (org.). Heterocronias –Estudos sobre a multiplicidade dos tempos históricos. Goiânia: Edições Ricochete, 2018, pp. 366-375.

ALMEIDA, Tiago Santos. Canguilhem e a gênese do possível. Estudo sobre a historicização das ciências. São Paulo: Editora Liber Ars, 2018. –(Coleção Epistemologia Histórica).

BACHELARD, Gaston. “A continuidade e a multiplicidade temporais” [Trad. de Fábio Ferreira de Almeida]. In: SALOMON, Marlon (org.). Heterocronias –Estudos sobre a multiplicidade dos tempos históricos. Goiânia: Edições Ricochete, 2018, pp. 337-365.

BACHELARD, Gaston. A filosofia do não. Trad. Remberto F. Kuhnen. São Paulo: Ed. Abril, 1974a. –(Coleção Os Pensadores).

BACHELARD, Gaston. A formação do espírito científico: contribuição para uma psicanálise do conhecimento. Tra. Estela dos Santos Abreu. Rio de Janeiro: Contraponto, 1996.

BACHELARD, Gaston. Ensaio sobre o conhecimento aproximado. Trad. Estela dos Santos Abreu. Rio de Janeiro: Contraponto, 2004.

BACHELARD, Gaston. Le matérialisme rationnel [1953]. Paris: P.U.F., 2000.

BACHELARD, Gaston. O novo espírito científico. Trad. Remberto F. Kuhnen. São Paulo: Ed. Abril, 1974. –(Coleção Os Pensadores).

BACHELARD, Gaston. O Racionalismo Aplicado[1949]. Rio de Janeiro: Zahar Ed., 1977.

CANGUILHEM, Georges et al. Du développement à l’évolution au XIX siècle. Paris: Presses Universitaires de France, 2003. – (Quadrige: Grands Textes).

CANGUILHEM, “L’objet de l’histoire des sciences”. In. Études d’histoire et de philosophie des sciences: concernant les vivants et la vie. 2a. ed. aum. Paris: J. Vrin, 2002.

CANGUILHEM, Georges. “L’évolution du concept de méthode de Claude Bernard à Gaston Bachelard”. In: CANGUILHEM, Georges. Études d’histoire et de philosophie des sciences: concernant les vivants et la vie. 2ª ed. aum. Paris: Librairie Philosophique J. Vrin, 2002a. – (Problemes & Controverses).

CANGUILHEM, Georges. “L’histoire des sciences dans l’œuvre epistemologique de Gaston Bachelard”. In: CANGUILHEM, Georges. Études d’histoire et de philosophie des sciences: concernant les vivants et la vie. 2ª ed. aum. Paris: Librairie Philosophique J. Vrin, 2002b. –(Problemes & Controverses).

COMTE, Auguste. Curso de filosofia positiva. Tradução de José Arthur Giannotti. São Paulo: Nova Cultural, 1996. –(Os Pensadores).

FOUCAULT, Michel. “A vida: a experiência e a ciência”. In: FOUCAULT, Michel. Ditos & Escritos II. Arqueologia das ciências e história dos sistemas de pensamento. Trad. Elisa Monteiro. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2005a.

FOUCAULT, Michel. “Sobre a arqueologia das ciências. Resposta ao Círculo de Epistemologia”. In: FOUCAULT, Michel. Ditos & Escritos II. Arqueologia das ciências e história dos sistemas de pensamento. Trad. Elisa Monteiro. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2005b.

FOUCAULT, Michel. A arqueologia do saber. Trad. Luiz Felipe Baeta Neves. 3a. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1987. –(Campo Teórico).

GUTTING,Gary. “Thomas Kuhn and the French philosophy of science”. In: NICKLES, Thomas. Thomas Kuhn. Cambridge: Cambridge University Press, 2003.

KOYRÉ, “Da influência das concepções filosóficas sobre a evolução das teorias científicas”. In: Estudos de história do pensamento filosófico. Trad. Maria de Lourdes Menezes. Rio de Janeiro: Forense, 1991.

KOYRE, Alexandre. “Orientation et projets de recherches”. In: KOYRE, Alexandre. Études d’histoire de la pensée scientifique. Paris: Gallimard, 2003b.

KOYRÉ, Alexandre.Du monde clos à l’univers infinit. Trad. Raissa Tarr. Paris: Gallimard, 2003a. –(Tel; 129).

KOYRÉ, Alexandre. Etudes Galiléenes. Paris: Hermann et Cie, 1939. –(Histoire de la Pensée).

KUHN, Thomas S. A Estrutura das Revoluções Científicas. Trad. Beatriz Vianna Boeira; Nelson Boeira. 5a. ed. São Paulo: Perspectiva, 2005.

LECOURT, Dominique. Pour une critique de l’épistémologie. Paris: Maspero, 1972.

LECOURT, L’épistémologie historique de Gaston Bachelard. 11a. ed. aum. Paris, J. Vrin, 2002.

METZGER, Hélène. “La philosophie d’Émile Meyerson et l’histoire des sciences”. In: METZGER, Hélène. La méthode philosophique en histoire des sciences. Paris: Fayard, 1987.

MEYERSON, Émile. La décuction relativiste. Paris: Payot, 1925.

PARROCHIA, Daniel. “La lecture bachelardienne de la théorie de la relativité”. In: WUNENBURGER, Jean-Jacques (org). Bachelard et l’épistémologie française. Paris: P.U.F., 2003.

Published

2019-08-01

How to Cite

ALMEIDA, T. S. PENSAR O TEMPO PARA CONSTRUIR UM MÉTODO: A DESCONTINUIDADE HISTÓRICA EM GASTON BACHELARD. Revista de Teoria da História, Goiânia, v. 21, n. 1, p. 168–190, 2019. Disponível em: https://revistas.ufg.br/teoria/article/view/51181. Acesso em: 18 jul. 2024.