“Não matou ninguém, mas deixou todo mundo meio torto”: trabalho, educação e infância desde a vitivinicultura de Videira, Santa Catarina, Brasil

Autores

  • Soraya Franzoni Conde Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis, Santa Catarina, Brasil, sorayafconde@gmail.com
  • Natália Palhoza Instituto Federal Catarinense (IFC), Campus Araquari, Araquari, Santa Catarina, Brasil, nataliapalhoza@hotmail.com

DOI:

https://doi.org/10.5216/rp.v32i2.70891

Resumo

Este artigo tem como foco o trabalho realizado por crianças ítalo-descendentes em pequenas propriedades rurais familiares, no Município de Videira, SC. O objetivo é refletir sobre a relação entre o trabalho infantil na vitivinicultura e a educação. Foram desenvolvidas entrevistas semiestruturadas com seis idosos, com idade entre 58 e 102 anos, cujas infâncias estiveram atreladas à produção de uvas e vinhos artesanais nas pequenas propriedades de suas famílias. Também foi desempenhada investigação documental e bibliográfica no Museu do Vinho Mário de Pellegrin. Os dados foram analisados a partir dos pressupostos do materialismo dialético e da Teoria Histórico-Cultural (MARX, 2017; THOMPSON, 1987; VYGOTSKY, 1991, 2004). A pesquisa revela que as crianças estavam inseridas em diversas fases do processo produtivo vitivinícola nas pequenas propriedades. As crianças trabalhavam junto aos seus familiares em longas jornadas semanais. O trabalho infantil extrapolava o parreiral e se fazia presente nas tarefas domésticas, no cuidado com os animais e no manejo dos demais cultivos da propriedade. A atividade de trabalho era prioritária e competia com o tempo de escola, contribuindo significativamente para a evasão escolar. O tempo de brincadeiras também era limitado, configurando-se como exceção na vida das crianças.

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Biografia do Autor

Soraya Franzoni Conde, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis, Santa Catarina, Brasil, sorayafconde@gmail.com

Doutora em Educação pela UFSC e Pós Doutora em Psicologia e Educação Urbana pela City University of New York. Professora dos Programas de Pós-Graduação em Educação (PPGE) e em Serviço Social (PPGSS) da UFSC. Pesquisadora do Núcleo de Estudos sobre as Transformações no Mundo do Trabalho (TMT/UFSC) onde coordena o Grupo de Estudos Trabalho, Educação e Infância. Membro Histedbr. Orcid: https://orcid.org/0000-0002-5271-6479.

Natália Palhoza, Instituto Federal Catarinense (IFC), Campus Araquari, Araquari, Santa Catarina, Brasil, nataliapalhoza@hotmail.com

Mestra em Educação (2019) pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Santa Catarina (PPGE/UFSC). Participa do Núcleo de Estudos sobre as Transformações no Mundo do Trabalho (TMT/CED-CFH/UFSC) e do Grupo de Estudos sobre Trabalho, Educação e Infância (GETEI). Atualmente é professora no Instituto Federal Catarinense, campus Araquari, nos cursos de Licenciatura em Química e Licenciatura em Ciências Agrárias. Orcid: https://orcid.org/0000-0002-2714-1319.

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Publicado

2021-11-18

Como Citar

FRANZONI CONDE, S.; PALHOZA, N. “Não matou ninguém, mas deixou todo mundo meio torto”: trabalho, educação e infância desde a vitivinicultura de Videira, Santa Catarina, Brasil. Revista Polyphonía, Goiânia, v. 32, n. 2, p. 59–75, 2021. DOI: 10.5216/rp.v32i2.70891. Disponível em: https://revistas.ufg.br/sv/article/view/70891. Acesso em: 19 nov. 2024.