A articulação entre ascendência e conduta como artifício retórico para louvar e vituperar os nobres nas crônicas de Gomes Eanes de Zurara

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5216/sig.v33.65001

Palavras-chave:

Escrita da história – Crônicas. Gomes Eanes de Zurara – Crônicas. Literatura portuguesa – Século XV. Retórica demonstrativa. Sociedade medieval portuguesa – Nobreza.

Resumo

Durante a Idade Média ibérica pensava-se que a superioridade da nobreza sobre a gente miúda residia sobretudo no sangue: os nobres, por terem “sangue elevado”, estariam “naturalmente” constrangidos a buscar a honra, enquanto os plebeus, em decorrência do seu “sangue baixo”, tenderiam aos vícios. Tal era a opinião e o costume do público receptor das crônicas escritas por Gomes Eanes de Zurara no século XV português. Atentando para tal fato e seguindo preceituações retóricas, Zurara articula a boa ascendência com uma conduta virtuosa ou viciosa para, respectivamente, louvar ou vituperar os nobres enquanto personagens de suas narrativas históricas.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

AGUIAR, Miguel. As crónicas de Zurara: a corte, a aristocracia e a

ideologia cavaleiresca em Portugal no século XV. Medievalista,

Lisboa, n. 2, jan.-jun. 2018. Disponível em: https://doi.org/10.4000/

medievalista.1580 . Acesso em: 4 dez. 2020.

AGUIAR, Miguel. Ideologia cavaleiresca em Portugal no século XV.

148 f. Dissertação (Mestrado em Estudos Medievais) – Faculdade

de Letras, Universidade do Porto, Porto, 2016. Disponível em: https://

www.academia.edu/26653912/Ideologia_Cavaleiresca_em_Portugal_

no_S%C3%A9culo_XV. Acesso em: 4 dez. 2020.

ALFONSO X (Don). Libro de axedreç, dados e tablas. P. SánchezPrieto, Rocío Díaz Moreno, Elena Trujillo Belso: Edición de textos alfonsíes en REAL ACADEMIA ESPAÑOLA: Banco de datos (CORDE). Corpus

diacrónico del español. Disponível em: https://ebuah.uah.es/dspace/

bitstream/handle/10017/7295/Libro%20ajedrez.pdf. Acesso em: 14 ago.

ALFONSO X (Don). Las siete partidas del rey D. Alfonso el Sabio,

cotejadas con varios códices antiguos por la Real Academia de la

Historia. t. I. Partida Primera. Madrid: Imprenta Real, 1807. Disponível

em: http://www.cervantesvirtual.com/obra-visor/las-siete-partidas-del-

-rey-don-alfonso-el-sabio-cotejadas-con-varios-codices-antiguos-por-la-

-real-academia-de-la-historia-tomo-1-partida-primera--0/html/. Acesso

em: 14 ago. 2020.

ALFONSO X (Don). Las siete partidas del rey D. Alfonso el Sabio,

cotejadas con varios códices antiguos por la Real Academia de la

Historia. t. II. Partida Segunda y Tercera. Madrid: Imprenta Real, 1807.

Disponível em: http://www.cervantesvirtual.com/obra-visor/las-siete-

-partidas-del-rey-don-alfonso-el-sabio-cotejadas-con-varios-codices-

-antiguos-por-la-real-academia-de-la-historia-tomo-2-partida-segunda-y-tercera--0/html/. Acesso em: 14 ago. 2020.

AMBROSIO, Renato. De rationibus exordiendi: os princípios da história em Roma. São Paulo: Associação Editorial Humanitas / Fapesp, 2005.

ANÔNIMO. Retórica a Herênio. Tradução e introdução de Ana Paula

Celestino Faria e Adriana Seabra. São Paulo: Hedra, 2005.

ARISTÓTELES. Poética. 3. ed. Prefácio de Maria Helena da Rocha

Pereira. Tradução e notas de Ana Maria Valente. Lisboa: Fundação

Calouste Gulbenkian, 2008.

ARISTÓTELES. Retórica. Tradução e notas de Manuel Alexandre Jr.,

Paulo Farnhouse Alberto e Abel do Nascimento Pena. Lisboa: Imprensa

Nacional / Casa da Moeda, 1998.

BEIRANTE, Maria Ângela. As estruturas sociais em Fernão Lopes.

Lisboa: Livros Horizonte, 1984.

BERTOLI, André Luiz. O cronista e o cruzado: a revivescência do ideal

de cavalaria no outono da Idade Média portuguesa (século XV). 2009.

f. Dissertação (Mestrado em História) – Setor de Ciências Humanas,

Letras e Artes, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2009.

Disponível em: https://www.academia.edu/19287457/O_Cronista_e_o_

Cruzado_A_Revivesc%C3%AAncia_do_Ideal_da_Cavalaria_no_Outono_

da_Idade_M%C3%A9dia_Portuguesa_S%C3%A9culo_XV. Acesso em: 4

dez. 2020.

CICERÓN. La invención retórica. Introducción, traducción y notas de

Salvador Núñez. Madrid: Editorial Gredos, 1997.

COELHO, Maria Helena da Cruz. D. João I: o que re-colheu Boa

Memória. Lisboa: Círculo de Leitores, 2005.

CRUZ, Abel dos Santos. A nobreza portuguesa no Marrocos no século XV: (1415-1464). 1995. 325 f. Dissertação (Mestrado em História

Medieval) – Faculdade de Letras, Universidade do Porto, Porto, 1995.

Disponível em: https://repositorio-aberto.up.pt/handle/10216/27423.

Acesso em: 4 dez. 2020.

CURTIUS, Ernst Robert. Literatura européia e Idade Média latina.

Tradução de Teodoro Cabral e Paulo Rónai. Rio de Janeiro: Ministério

da Educação e Cultura / Instituto Nacional do Livro, 1957.

DUARTE, Luís Miguel. A caravela contra a galé. Memórias 2016, Lisboa,

v. XLVI, p. 243-253, 2017. Disponível em: https://academia.marinha.pt/

Signótica. 2021, v.33: e65001

A articulação entre ascendência e conduta como artifício retórico para louvar e vituperar...

Jerry Santos Guimarães

pt/academiademarinha/Edies/Memorias_2016.pdf. Acesso em: 4 dez.

DUARTE, Luís Miguel. Ceuta, 1415: 600 anos depois. Lisboa: Livros

Horizonte, 2015.

DUARTE (Dom). Livro dos conselhos de el-rei D. Duarte (Livro da

Cartuxa). Edição diplomática de João José Alves Dias. Revisão de A. H.

de Oliveira Marques e Teresa F. Rodrigues. Lisboa: Editorial Estampa,

FERNANDES, R. M. Rosado. Breve introdução aos estudos retóricos em

Portugal. In: LAUSBERG, Heinrich. Elementos de retórica literária.

ed. Tradução, prefácio e aditamentos de R. M. Rosado Fernandes.

Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2011. p. 13-32.

FERNANDES, R. M. Rosado. Retórica. In: LANCIANI, Giulia & TAVANI,

Giuseppe (org. e coord.). Dicionário da literatura medieval galega e

portuguesa. 2. ed. Tradução de José Colaço Barreiros e Artur Guerra.

Lisboa: Editorial Caminho, 1993. p. 574-576.

FRANÇA, Susani Silveira Lemos. Os reinos dos cronistas medievais

(Século XV). São Paulo: Annablume; Brasília: Capes, 2006.

GODINHO, Vitorino Magalhães. A estrutura da antiga sociedade portuguesa. Lisboa: Editora Arcádia, 1971.

GOMES, Saul António. D. Afonso V: o Africano. Lisboa: Círculo de

Leitores / Temas e Debates, 2009.

GUIMARÃES, Jerry Santos. “De qualquer outro do povo escrevera

seu feito, se o achava em merecimento”: memória e esquecimento da “gente miúda” nas crônicas de Gomes Eanes de Zurara. 527 f.

Tese (Doutorado em Memória: Linguagem e Sociedade) – Programa de

Pós-Graduação em Memória: Linguagem e Sociedade, Universidade

Estadual do Sudoeste da Bahia, Vitória da Conquista, 2019. Disponível

em: https://www.academia.edu/43037191/_De_qualquer_outro_do_povo_escrevera_seu_feito_se_o_achava_em_merecimento_

Mem%C3%B3ria_e_esquecimento_da_gente_mi%C3%BAda_nas_cr%-

C3%B4nicas_de_Gomes_Eanes_de_Zurara. Acesso: 4 dez. 2020

HANSEN, João Adolfo. Instituição retórica, técnica retórica, discurso.

Matraga, Rio de Janeiro, v. 20, n. 33, p. 11-46, jul.-dez. 2013. Disponível

em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/matraga/article/

view/19759/14255. Acesso em: 4 dez. 2020.

HANSEN, João Adolfo. A sátira e o engenho: Gregório de Matos e

a Bahia no século XVII. 2. ed. São Paulo: Ateliê Editorial; Campinas:

Editora da UNICAMP, 2004.

HANSEN, João Adolfo; MOREIRA, Marcello. Para que todos entendais:

poesia atribuída a Gregório de Matos e Guerra: letrados, manuscritura,

retórica, autoria, obra e público na Bahia dos séculos XVII e XVIII. v. 5.

Belo Horizonte: Autêntica, 2013.

LOPES, Fernão. Crónica de D. João I. v. I. Com uma introdução de

Humberto Baquero Moreno e um prefácio de António Sérgio. Porto:

Livraria Civilização Editora, 1983.

LLULL, Ramon. Libro de la orden de caballería. Traducción de Luis

Alberto de Cuenca. Madrid: Alianza Editorial, 1986.

MALEVAL, Maria do Amparo Tavares. Fernão Lopes e a retórica medieval. Niterói: Editora da Universidade Federal Fluminense, 2010.

MATTOSO, José. Identificação de um país: ensaio sobre as origens de

Portugal. 1096-1325. v. I. Oposição. Lisboa: Editorial Estampa, 1985.

MONTEIRO, João Gouveia. A guerra em Portugal nos finais da Idade

Média. Lisboa: Editorial Notícias, 1998.

ORDENAÇÕES Afonsinas. Reprodução “fac-símile” da edição da Real

Imprensa da Universidade de Coimbra, 1792. Lisboa: Fundação

Calouste Gulbenkian. 5 v. Disponível em: http://www1.ci.uc.pt/ihti/proj/

afonsinas/. Acesso em: 14 ago. 2020.

PINA, Rui de. Chronica do senhor rey D. Affonso V. In: PINA, Rui de.

Crónicas de Rui de Pina. Introdução e revisão de M. Lopes de Almeida.

Porto: Lello & Irmão Editores, 1977. p. 576-881.

SILVA, Nuno J. Espinosa Gomes da. História do direito português: fontes de direito. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkianl, 1985.

VEGÉCIO, Flávio. Compêndio da arte militar. Tradução de João

Gouveia Monteiro e José Eduardo Braga. Coimbra: Imprensa da

Universidade de Coimbra, 2009.

ZURARA, Gomes Eanes de. Crónica da tomada de Ceuta. Introdução e

notas de Reis Brasil. Lisboa: Publicações Europa-América, 1992.

ZURARA, Gomes Eanes de. Crónica de Guiné. 2. ed. Introdução, novas

anotações e glossário de José de Bragança. Barcelos: Livraria Civilização

Editora, 1973.

ZURARA, Gomes Eanes de. Crónica do conde D. Duarte de Meneses.

Edição diplomática de Larry King. Lisboa: Universidade Nova de Lisboa,

ZURARA, Gomes Eanes de. Crónica do conde D. Pedro de Meneses.

Edição e estudo de Maria Teresa Brocardo. Braga: Fundação Calouste

Gulbenkian / Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica,

Downloads

Publicado

2021-07-21

Como Citar

SANTOS GUIMARÃES, J. A articulação entre ascendência e conduta como artifício retórico para louvar e vituperar os nobres nas crônicas de Gomes Eanes de Zurara. Signótica, Goiânia, v. 33, 2021. DOI: 10.5216/sig.v33.65001. Disponível em: https://revistas.ufg.br/sig/article/view/65001. Acesso em: 25 set. 2023.

Edição

Seção

Estudos Literários