O PROGRESSO DA DESTRUIÇÃO
Abstract
6 de agosto de 1945. Numa manhã de verão, ainda cedo, a cidade se prepara para mais um dia de trabalho. De repente, sem alerta, um imenso clarão se forma no céu e uma onda de choque surge arrasando casas, prédios, destruindo tudo em volta. Algo diferente de tudo que jamais se vira na face da Terra. Aos efeitos devastadores imediatos da imensa explosão, que matou mais de 100 mil pessoas, seguiu-se o pavor de pessoas vivas se derretendo, outras enlouquecendo com as dores de queimaduras invisíveis. O terror da morte somou-se ao terror do desconhecido. Os que não morreram na hora pereceram de forma lenta e inexorável, durantes horas, dias ou até mesmo anos de sofrimento intenso. Muitos que não viviam na cidade sofreram as conseqüências das chuvas negras, altamente radioativas, oriundas da explosão. A cidade de Hiroshima foi aniquilada por uma nova arma, cuja origem não era mais química, mas atômica, iniciando assim um novo patamar nas armas de guerra, a destruição em massa. O domínio do átomo só se tornou possível com as teorias desenvolvidas pela física do início do século XX, a mecânica quântica e a relatividade. Teoricamente, já se conhecia, na segunda década daquele século, o poder do átomo. Do conhecimento teórico ao uso tecnológico, no entanto, uma longa distância haveria de ser percorrida, apesar dos enormes avanços da física atômica experimental na década de 1930. Em 1934, o casal de cientistas franceses Joliot e Irene Curie (ela, filha de Pierre e Marie Curie, ambos vencedores do Prêmio Nobel de Física em 1903, pela descoberta da radioatividade, prêmio este que Marie voltaria a receber, dessa vez em Química, em 1911, pela descoberta de novos elementos) desenvolveu a síntese de novos elementos radioativos não-naturais. A criação de elementos radioativos por meio da radiação trouxe um enorme avanço nos estudos de reação nuclear auto-alimentada. Por esse trabalho o casal Irene e Joliot recebeu também o Nobel de Física em 1935. (Continua...)Downloads
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