Desenvolvimento Sustentável: três meias-verdades e algumas certezas
Abstract
Enquanto escrevo, o mundo enfrenta a primeira grande crise de alimentos deste século. As causas exatas para o fenômeno, a medir pelo que expõem experts de diferentes orientações e competências, são conhecidas, mas a conexão entre elas e o peso de cada uma na produção do efeito que assombra governos e populações, não. Com commodities estratégicas, como o arroz e milho, em preços assustadoramente acima dos alcançados em 2007 nas bolsas de mercadoria, as discussões sobre desenvolvimento sustentável deixam de vez os círculos acadêmicos, bem como o das instituições governamentais e de defesa do meio ambiente, descendo ao chão (no atual contexto, também no sentido literal do termo), ou, o que é pior, ao estômago. Os excessos cometidos nos debates sobre o tema não encontrarão ambiente adverso à sua proliferação. Bem ao contrário. Os ânimos em ascendente exaltação hão de favorecer ainda mais a desmedida com respeito a um tema que é, já devido à conjunção algo paradoxal dos conceitos que envolve – “desenvolvimento” e “sustentabilidade” –, controverso. Se eu for capaz de manter a discussão em um patamar razoável de equilíbrio e discernimento, minha contribuição, no que segue, será, por um lado, discriminar três posições sob as quais se poderia, com alguma benevolência do interlocutor, subsumir a maior parte do que se defende a respeito da questão e mostrar em que estão equivocadas; e, por outro, demarcar uma visão que, se não é adequada ao debate político, por não fazer concessões fáceis a qualquer matiz de demagogia ecológica, a mim me parece a única que interessa quando o que está em questão é obter, operar e antecipar ações – como políticas públicas, por exemplo – a partir de um certo conjunto de informações disponíveis mediante uma teoria aceita tácita ou expressamente. Neste caso, sou tácito: a teoria que esposo é a evolucionista (Continua...)Downloads
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