Quatro negros, dois ou três problemas
Abstract
1. linhas soltas? Quatro Negros, de Luís Augusto Fischer, recebe a designação de novela – termo marcado por certa indefinição no tocante à sua configuração no campo das obras de ficção. Tal indefinição talvez se converta, afinal, em força estruturante da obra. Desde o princípio, o narrador faz questão de afirmarse como alguém identificado com o métier. “Eu escrevi muita coisa, tu sabes, mas tem uma que eu deveria ter escrito e não tive talento, ou paciência, ou sabedoria suficiente.” O domínio técnico da escrita surge, como se percebe, mesclado a alguma amargura, resultante da frustração e da falha por não ter escrito “a única história que valia a pena”. A única história que valia a pena é a trajetória de quatro pessoas, cujos destinos estão impressos, a priori, na cor da pele – os quatro negros do título. O enredo da novela desenvolvese na tentativa de entretecer tais destinos. Para tanto, tornase necessário fazer o recorte da especificidade do homem negro do pampa, mais precisamente da região de Caçapava, ou Caçapava do Sul – o que, registrese, é feito com rigor e competência. A história dos quatro negros tem seu fio puxado a partir de Janéti, desde o seu nascimento e sua inserção em “família pobre, de negros pequenos proprietários que não cultivavam sua sobrevivência, no meio de um mar de latifúndios de criação de gado”. Na história de Janéti, as carências despontam já no nome, estropiado pela escrita semianalfabeta do pai, que acaba transformando Janete em Janéti, em clara vitória da fala sobre a escrita. Tal traço aparecerá também em seu irmão, autonomeado Jorge – em sua recusa do nome “original”, Airton – e com a caçula, Rosi, identificada como Rosa, o que não lhe causava, aliás, zanga ou preocupação. O quarto negro, Seu Sinhô, nem nome, propriamente, ostenta, o que o erige numa espécie de símbolo dos sobejos da memória da escravidão. (Continua...)Downloads
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