Nos limites da civilização

a invenção do conceito de vandalismo e sua disseminação em manifestos em defesa do patrimônio cultural na imprensa periódica (França, Portugal e Brasil nos séculos XIX e XX)

Auteurs-es

DOI :

https://doi.org/10.5216/hr.v26i2.68625

Résumé

O artigo problematiza um percurso histórico pontuado por momentos em que a palavra vandalismo serviu para delimitar um mundo que imaginou a si mesmo como civilização. Desenvolve uma genealogia desse conceito, situando conexões entre a invenção do neologismo na França pós-revolucionária, pelo bispo Henri Grégoire, e sua disseminação em manifestos publicados na imprensa periódica ao longo do século XIX e início do XX na França, em Portugal e no Brasil. São discutidos alguns textos do escritor francês Victor Hugo, do historiador português Alexandre Herculano e do crítico literário brasileiro Alceu Amoroso Lima. Tais textos remontam a discussões sobre valores atribuídos ao passado e seus vestígios, concepções de história e memória, ideais de civilização frente à barbárie e caminhos a seguir rumo à consolidação de uma nação.

Téléchargements

Les données relatives au téléchargement ne sont pas encore disponibles.

Biographie de l'auteur-e

Diego Finder Machado, Universidade da Região de Joinville, Joinville, Santa Catarina, Brasil, diegofindermachado@gmail.com

Professor adjunto da Universidade da Região de Joinville, atuando nos cursos de Direito (unidade São Francisco do Sul), História e Artes Visuais, e como colaborador no Programa de Pós-Graduação em Patrimônio Cultural e Sociedade, na linha "Patrimônio, Memória e Linguagens". Doutor em História, na área de concentração História do Tempo Presente, pelo Programa de Pós Graduação em História da Universidade do Estado de Santa Catarina.

Références

ÁLVAREZ JIMÉNEZ, David. Vándalos e vandalismo. Revista de Historiografia, Madrid, n. 8, p. 112-122, 2008.

AMOROSO LIMA, Alceu. Os remendos inestheticos. Revista do Brasil, São Paulo, v. XIV, n. 56, p. 360-363, ago. 1920.

AMOROSO LIMA, Alceu. Pelo Passado Nacional. Revista do Brasil, São Paulo, v. III, n. 9, p. 1-15, set. 1916.

ANDERSON, Benedict. Comunidades Imaginadas. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.

ARCHER, Paulo. Sobre a visão patrimonial de Herculano em Monumentos Pátrios. Tomar: Terra de Linho, 2003.

BAPTISTA, Jacinto. Alexandre Herculano Jornalista. Lisboa: Bertrand, 1977.

BAUMAN, Zigmunt. Modernidade e ambivalência. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999.

BENVENISTE, Émile. Civilização: contribuição à história da palavra. In: BENVENISTE, Émile. Problemas de linguística geral. São Paulo: Ed. Nacional, EDUSP, 1976. p. 371-381.

BOURDIEU, Pierre. A produção da crença: contribuições para uma economia dos bens simbólicos. São Paulo: Zouk, 2004.

CATROGA, Fernando. Alexandre Herculano e o Historicismo Romântico. In: TORGAL, Luís Reis et. al. História da História em Portugal: séculos XIX – XX. Vol. 1. Lisboa: Círculo de Leitores, 1996. p. 45-98.

CATROGA, Fernando. Pátria, Nação, Nacionalismo. In: TORGAL, Luís Reis; PIMENTA, Fernando Tavares; SOUSA, Julião Soares (coord.). Comunidades Imaginadas: nação e nacionalismos em África. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2008. p. 9-39.

CHATZIGIANNIS, Dimitrios. Rethinking vandalism: alternative interpretations of deliberate destruction of cultural heritage. E-Conservation Magazine, Évora, n. 25, p. 182-195, 2013.

CHOAY, Françoise. A alegoria do patrimônio. São Paulo: UNESP; Estação Liberdade, 2001.

CONSERVAÇÃO dos monumentos nacionaes. O Panorama, Lisboa, n. 165, p. 205, 27 jun. 1840.

COSTA, Fernanda Gil. Herculano tradutor e intérprete do romantismo europeu. In: MARINHO, Maria de Fátima; AMARAL, Luís Carlos; TAVARES, Pedro Vilas-Boas (coord.). Revisitando Herculano no bicentenário do seu nascimento. Porto: FLUP, 2013. p. 19-24.

DROIT, Roger-Pol. Genealogía de los bárbaros: historia de la inhumanidad. Barcelona: Paidós, 2009.

GAMBONI, Dario. La destrucción del arte: iconoclasia y vandalismo desde la Revolución Francesa. Madrid: Cátedra, 2014.

GOMES JÚNIOR, Guilherme Simões. Crítica, combate e deriva do campo literário em Alceu Amoroso Lima. Tempo Social: revista de sociologia da USP, São Paulo, v. 23, n. 2, p. 101-133, nov. 2011.

GONZÁLEZ GARCÍA, Alberto. Vándalos vandálicos: acotaciones sobre el origen del término “vandalismo”. Revista de Historiografia, Madrid, n. 18, p. 101-104, 2013.

GRÉGOIRE, Henri. Rapport sur les destructions opérées par le vandalisme et sur les moyens de le réprimer. In: GRÉGOIRE, Henri. Rapports sur la bibliographie, la destruction des patois et les excès du vandalisme faits à la convention du 22 germinal an II au 24 frimaire an III. França: A. Massif, 1867.

HARTOG, François. Regimes de historicidade: presentismo e experiências do tempo. Belo Horizonte: Autêntica, 2013.

HERCULANO, Alexandre. A Architectura Gothica. O Panorama, Lisboa, n. 1, p. 2-4, 6 mai. 1837.

HERCULANO, Alexandre. Introdução. O Panorama, Lisboa, n. 1, p. 1-2, 6 mai. 1837.

HERCULANO, Alexandre. Monumentos Pátrios. In: HERCULANO, Alexandre. Opúsculos. Vol. 1. Porto: Presença, 1982. p. 173-219.

HUGO, Victor. Guerra aos Demolidores: 1825-1832. In: HUGO, Victor. Filosofia e Literatura Entremeadas: tomo II. Obras Completas. v. XXIV. São Paulo: Editora das Américas, 1958. p. 17-40.

KOSELLECK, Reinhart. Futuro passado: contribuição à semântica dos tempos históricos. Rio de Janeiro: Contraponto: PUC-Rio, 2006.

LUCA, Tania de. A Revista do Brasil: um diagnóstico para a (N)ação. São Paulo: Editora da UNESP, 1999.

MAIA, Maria Helena. Património e Restauro em Portugal: 1825-1880. Lisboa: Edições Colibri, 2007.

MERRILLS, Andrew. The Origins of ‘Vandalism’. International Journal of the Classical Tradition, Boston, v. 16, n. 2, p. 155-178, jun. 2009.

MONTALEMBERT, Charles de. Vandalisme en France, lettre à M. Victor Hugo. Revue des Deux Mondes, Paris, t.1, 1833. Disponível em: https://fr.wikisource.org/wiki/Vandalisme_en_France,_lettre_%C3%A0_M._Victor_Hugo. Acesso em: 3 abr. 2021.

MOURÃO-FERREIRA, David. Alexandre Herculano e a valorização do património cultural português. Lisboa: Imprensa Nacional, 1977.

POULOT, Dominique. Revolutionary ‘Vandalism’ and the Birth of the Museum: The Effects of a Representation of Modern Cultural Terror. In: PEARCE, Susan (org.). Art in Museums: New Research in Museum Studies. London: Athlone Press, 1995.

POULOT, Dominique. Uma história do patrimônio no Ocidente, séculos XVIII-XXI: do monumento aos valores. São Paulo: Estação Liberdade, 2009.

RIBEIRO, António Manuel. O museu de imagens na imprensa do romantismo: património arquitectónico e artístico nas ilustrações e textos do Archivo Pittoresco (1857-1868). Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2014.

VARNHAGEN, Francisco Adolfo de. Mosteiro de Belem. O Panorama, Lisboa, n. 10, p. 73-76, 5 mar. 1842.

Téléchargements

Publié-e

2021-11-04

Comment citer

FINDER MACHADO, D. Nos limites da civilização: a invenção do conceito de vandalismo e sua disseminação em manifestos em defesa do patrimônio cultural na imprensa periódica (França, Portugal e Brasil nos séculos XIX e XX). História Revista, Goiânia, v. 26, n. 2, p. 240–268, 2021. DOI: 10.5216/hr.v26i2.68625. Disponível em: https://revistas.ufg.br/historia/article/view/68625. Acesso em: 21 nov. 2024.

Numéro

Rubrique

Dossiê "Cultura e barbárie: o mundo em tempos extremos"