Rememorando traumas e memórias esquecidas da derrota politica
representações da Revolução Francesa de 1848 em O Cisne de Baudelaire.
DOI:
https://doi.org/10.5216/hr.v26i2.68281Resumen
Os episódios sangrentos de 1848 são uma ferida aberta na história francesa. Como todo evento com ares de guerra civil, é extremamente difícil lidar com o assunto. Daí podermos pensar no grande recalque que silencia esse episódio revolucionário. Na sequência imediata ao fato, livros e publicações foram proibidos de comentar os assassinatos. Mas pior do que esse tipo de censura é a autocensura e o seu lento processo de esquecimento coletivo. Entenderemos que é a revolução e seu triste desdobramento o tema central de O Cisne de Baudelaire. Neste poema é possível acompanhar as opções estéticas do poeta que fiel à tradição latina sabe também apreender a mais áspera modernidade. O Cisne é uma meditação alegórica sobre Virgílio e Andrômaca a propósito das transformações de Paris e das degradações da condição humana nas zonas suburbanas. A referência à Antiguidade justifica o papel desse poema como paradigma da oposição entre época antiga e época moderna e dota assim o conjunto de uma tensão insolúvel que pode ser a sua significação profunda.
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