Práticas integrativas e complementares em saúde para pensar uma comunicação sensível

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5216/ci.v25.66810

Palavras-chave:

Comunicação Sensível, Práticas Integrativas e Complementares, Relações interpessoais, Vínculo

Resumo

Este artigo reflexivo-analítico explora as dimensões comunicativas no âmbito das atividades terapêuticas que integram a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares, no âmbito do Sistema Único de Saúde, no Brasil. Essas terapias, assentadas no paradigma vitalista de sistemas médicos complexos - associadas a produções de cuidado de tecnologia leve -, reconhecem a subjetividade e a sensibilidade como elementos na atenção em saúde. Ao se debruçar sobre as dinâmicas comunicacionais no contexto das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde, procuramos observar se os princípios descritos na política nacional que possam oferecer estímulos à interação entre os participantes dessas modalidades de cuidado. Percebemos que há nesse cenário, de maneira preliminar, uma relação de comunicação que supera a dimensão informacional e reconhece os sujeitos em relação de troca em diferentes dimensões, abrindo espaço para uma comunicação que acolhe o sensível.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Juliana Tonin, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil, juliana.tonin@pucrs.br

Comunicóloga, Pós-doutora em Sociologia da Infância (Paris V - Sorbonne). Professora do Programa de Pós-graduação em Comunicação Social da Escola de Comunicação, Artes e Design Famecos/ PUCRS. Líder do Grupo Infâncias, Comunicação e Imaginários (CNPq). Coordenadora do LabGim (Laboratório de Pesquisas da Comunicação nas Infâncias).

Jerônima Daltro Milton, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil, jeronima.milton60@edu.pucrs.br

Mestranda em Comunicação pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Escola de Comunicação, Artes e Design - FAMECOS (PUCRS), bolsista CAPES. Graduada em Comunicação Social – Relações Públicas PUCRS. Graduada em Administração de Empresas Faculdade Porto Alegrense (FAPA). Integrante do Grupo de Pesquisa Infâncias, Comunicação e Imaginários (GimPesquisa). Integrante do LabGim (Laboratório de Pesquisas da Comunicação nas Infâncias).

Anderson dos Santos Machado, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil, anderson.machado@edu.pucrs.br

Doutorando em Comunicação Social (PUCRS), na linha de pesquisa Cultura e Tecnologias das Imagens e dos Imaginários. Mestre em Saúde Coletiva (UFRGS). Jornalista, graduado em Comunicação Social - Habilitação Jornalismo (UFSM). Pós-graduado em Comunicação em Saúde pela Escola de Saúde Pública do Rio Grande do Sul e Unisinos. Integrante do Grupo de Pesquisa Infâncias, Comunicação e Imaginários - Gim Pesquisa. Integrante do Laboratório de Pesquisas da Comunicação nas Infâncias - LabGim, vinculado ao GimPesquisa.

Referências

AKERMAN, M.; FEUERWERKER, L. Estou me formando (ou eu me formei) e quero trabalhar, que oportunidades o sistema de saúde me oferece na saúde coletiva? Onde eu posso atuar e que competências preciso desenvolver? In: CAMPOS, G. W. S. (Org.). Tratado de Saúde Coletiva. 2 ed. São Paulo: Hucitec, 2012. p. 171-188.

ARAÚJO, I. S.; CARDOSO, J. M. Comunicação e Saúde. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2007.

ARROYO, C. S. Qualidade de serviços de assistência à saúde: o tempo de atendimento da consulta médica. 2007. (Tese de Doutorado) – Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007.

AYRES, J. R. C. M. Cuidado e reconstrução das práticas de Saúde. Interface - Comunicação, Saúde, Educação, v.8, n. 14, p. 73-92, 2004.

AZEVEDO, M. C. Teoria da Informação: fundamentos biológicos, físicos e matemáticos; relações com a cultura das massas. Petrópolis: Vozes, 1971.

BAHIA. Governo do Estado. Secretaria da Saúde (SES/BA). Superintendência de Atenção Integral à Saúde. Política Estadual de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde na Bahia. Salvador. Bahia. 2019. Disponível em: http://www.saude.ba.gov.br/wp-content/uploads/2020/02/PEPICS_BA___Documento_Final___09_12_19___Para_Divulgacao.pdf. Acesso em: 31 de jul. de 2020.

BAUDRILLARD, J. Réquiem pelos media. In: __________. Crítica de la economía política del signo. México: Siglo XXI, 1974.

BERGER, P.; LUCKMANN, T. A construção social da Realidade. Petrópolis: Vozes, 2001.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política nacional de práticas integrativas e complementares no SUS: atitude de ampliação de acesso/Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. 2. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2014.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Atenção Básica (DAB). Parâmetros para programação das ações básicas de saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2001.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde (SAPS). Portal [internet]. Práticas Integrativas. Brasília: MS, 2019. Disponível em: https://aps.saude.gov.br/ape/pics/praticasintegrativas. Acesso em: 12 de fev. de 2020.

CAMPOS GWS, BEDRIKOW R. História da Clínica e Atenção Básica: o desafio da ampliação. São Paulo: Hucitec, 2014.

CANGUILHEM G. O normal e o patológico. 5 ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2002.

CONTATORE, O. A.; MALFITANO, A. P. S.; BARROS, N. F. Os cuidados em saúde: ontologia, hermenêutica e teleologia. Interface - Comunicação, Saúde, Educação, v. 21, n. 62, p. 553-563, 2017.

CEDICA/RS. Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente do Rio Grande do Sul - Gestão 2015-2017. Porto Alegre: SES/RS, 2017.

CERTEAU, M. La prise de la parole. Paris: Seuil, 1994.

CLAVREUL, J. A ordem médica: poder e impotência do discurso médico. Rio de Janeiro: Brasiliense, 1983.

FOUCAULT, M. O Nascimento da Clínica. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1977.

FOUCAULT, M. História da sexualidade. 3. ed. Rio de Janeiro: Graal, 2002.

FRANÇA, V. V. O objeto da comunicação/a comunicação como objeto. In: HOHLFELDT, A.; MARTINO, L.; FRANÇA, V. V. (Orgs.). Teorias da comunicação: conceitos, escolas e tendências. Petrópolis: Vozes, 2001. p. 39-60.

ILLICH, I. A expropriação da saúde. Nêmesis da medicina. Rio de janeiro: Nova Fronteira, 1975.

LIMA, K. M. S. V.; SILVA, K. L.; TESSER, C. D. Práticas integrativas e complementares e relação com promoção da saúde: experiência de um serviço municipal de saúde. Interface - Comunicação, Saúde, Educação, v. 18, n. 49, p. 261-272, 2014.

LUZ, M.T. Natural, racional, social: razão médica e racionalidade científica moderna. São Paulo: Hucitec, 2004.

LUZ, M.T. A arte de curar versus a ciência das doenças: história social da homeopatia no Brasil. 2.ed. Coleção Clássicos da Saúde Coletiva. Porto Alegre: Rede UNIDA, 2013.

LUZ, M.T. Contribuição do conceito de racionalidade médica para o campo da saúde: estudos comparativos de sistemas médicos e práticas terapêuticas. In: Luz, M. T.; Barros, N.F (Orgs.). Racionalidades médicas e práticas integrativas em saúde: estudos teóricos e empíricos. Rio de Janeiro: Cepesc. IMS-UERJ, Abrasco, 2012.

LUZ, M.T. et al. Contribuição ao estudo do imaginário social contemporâneo: retórica e imagens das biociências em periódicos de divulgação científica. Interface - Comunicação, Saúde, Educação, v.17, n. 47, p. 901-912, 2013.

MACHADO, A.S; SILVA, V. C. Além do informar: a comunicação social a serviço dos processos de promoção em saúde e das redes de gestão e atenção. RECIIS – Revista Eletrônica de Comunicação Informação e Inovação em Saúde. Rio de Janeiro, v.6, n.2, n.p, 2012.

MAFFESOLI, M. Elogio da razão sensível. Petrópolis, RJ: Vozes, 1998.

MARCONDES FILHO, C. A comunicação do sensível: acolher, vivenciar, fazer sentir. São Paulo: ECA/USP, 2019.

MARCONDES FILHO, C. Para Entender a Comunicação. São Paulo: Paulus, 2008.

MARTÍN-BARBERO, J. De los medios a las mediaciones: comunicação, cultura y hegemonía. México: G. Gilli, 1987.

MATTOS, R. S. Fibromialgia: o mal-estar do século XXI. São Paulo: Phorte, 2015.

MAUSS, M. Ensaio sobre a dádiva: forma e razão da troca nas sociedades arcaicas. In: __________. Sociologia e antropologia. São Paulo: EPU Edusp, 1974.

MELO, S. C. C. et al. Práticas complementares de saúde e os desafios de sua aplicabilidade no hospital: visão de enfermeiros. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 66, n. 6, p. 840-846, 2013.

MERHY, E. E. Saúde: a cartografia do trabalho vivo. São Paulo: Hucitec, 2002.

MIKLOS, J.; CUNHA, R. B. C. O homem transbordante nietzschiano e a perspectiva transpessoal. Comunicação & Informação, Goiânia, GO, v. 21, n. 2, p. 71-86, 2018.

MORIN, E. O método 5: a humanidade da humanidade. Porto Alegre: Sulina, 2003.

NASCIMENTO, M. C. et al. A categoria racionalidade médica e uma nova epistemologia em saúde. Ciência & Saúde Coletiva, v. 18, n. 12, p. 3595-3604, 2013.

NASCIMENTO, M. C. Racionalidades Médicas, vinte anos. In: NASCIMENTO, M.C.; NOGUEIRA, M. I (Orgs.). Intercâmbio Solidário de saberes em saúde: racionalidades médicas e práticas integrativas e complementares. São Paulo: Hucitec, 2013.

NOGUEIRA, M. I. A formação médica sob a ótica do paradigma vitalista: via de entrada em um novo mundo. In: NASCIMENTO, M. C.; NOGUEIRA, M. I (Orgs.). Intercâmbio Solidário de saberes em saúde: racionalidades médicas e práticas integrativas e complementares. São Paulo: Hucitec, 2013.

OMS. Organização das Nações Unidas (2019). WHO global report on traditional and complementary medicine 2019. Genebra: Organização das Nações Unidas; 2019.

PINHEIRO, R. As práticas do cotidiano na relação oferta e demanda dos serviços de saúde: um campo de estudo e construção da integralidade. In: PINHEIRO, R.; MATTOS, R. A. (Orgs.). Os sentidos da integralidade na atenção e no cuidado em saúde. Rio de Janeiro: IMS/UERJ, 2001.

PINHEIRO, R. Integralidade em saúde. Ciência & Saúde Coletiva, v. 12, n. 3, p. 553-565, 2007.

PRIMO, ALEX. Interação mediada por computador: comunicação, cibercultura, cognição. Porto Alegre: Sulina, 2007.

RÜDIGER, F. As teorias da comunicação. Porto Alegre: Penso, 2011.

SANTOS, M. C.; TESSER, C. D. Um método para a implantação e promoção de acesso às Práticas Integrativas e Complementares na Atenção Primária à Saúde. Ciência & Saúde Coletiva, v. 17, n.11, p. 3011-3024, 2012.

SES/RS. Secretaria da Saúde do Estado do Rio Grande do Sul, Departamento de Ações em Saúde, Nota Técnica Nº 01/2017, Política Estadual de Práticas Integrativas e Complementares (PEPIC-RS). Porto Alegre, SES/RS, 2017. Disponível em< encurtador.com.br/afDOU>. Acesso em: 01 de jun. de 2017.

SHANNON, C.; WEAVER, W. The Mathematical Theory of Communication. Illinois: University of Illinois Press, 1949.

SILVA, GISLÉA K. F. et al. Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares: trajetória e desafios em 30 anos do SUS. Physis: Revista de Saúde Coletiva, v. 30, n. 1, e300110, 2020.

SODRÉ, M. A ciência do comum: notas para o método comunicacional. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014.

SODRÉ, M. As estratégias sensíveis: afeto, mídia e política. Petrópolis, RJ: Vozes, 2006.

SOUSA, I. M. C. D. et al. Práticas integrativas e complementares: oferta e produção de atendimentos no SUS e em municípios selecionados. Cadernos de Saúde Pública, v. 28, p. 2143-2154, 2012.

TESSER; C. D.; LUZ, M. T. Racionalidades Médicas e integralidade. Ciência & Saúde Coletiva, v. 13, n. 1, p. 195-206, 2008.

THOMPSON, J. B. A mídia e a modernidade: uma teoria social da mídia. Petrópolis, RJ: Vozes, 1998.

WEBER, M. A Ética protestante e o Espírito do Capitalismo. São Paulo: Cia das Letras, 2004.

Downloads

Publicado

2022-09-07

Como Citar

TONIN, J.; DALTRO MILTON, J.; DOS SANTOS MACHADO, A. Práticas integrativas e complementares em saúde para pensar uma comunicação sensível. Comunicação & Informação, Goiânia, Goiás, v. 25, p. 314–333, 2022. DOI: 10.5216/ci.v25.66810. Disponível em: https://revistas.ufg.br/ci/article/view/66810. Acesso em: 4 maio. 2024.