Esporotricose animal em dois municípios de Mato Grosso do Sul - Brasil: aspectos epidemiológicos sob a perspectiva de uma só saúde
DOI:
https://doi.org/10.1590/1809-6891v25e-78251EResumo
A esporotricose humana e animal têm sido observadas em Corumbá e Ladário, Mato Grosso do Sul (MS), desde 2011. Em razão das especificidades das áreas fronteiriças e da interface humano-ambiente-animais o desenvolvimento de políticas e programas de saúde, considerando conceitos de “uma só saúde”, é um caminho para a pesquisa e a gestão da saúde. O artigo discute sobre aspectos epidemiológicos da esporotricose felina com o objetivo de dar suporte às decisões pertinentes a sua prevenção, controle e gestão da saúde pública. Coletou-se informações em prontuários veterinários, entre 2011 e 2018, totalizando 315 casos (5 cães e 310 gatos). Realizou-se o mapeamento dos casos compatíveis ou confirmados de esporotricose animal, utilizando o QGis, entretanto a perda de dados foi um aspecto limitante. Foram realizadas estatística descritiva para frequência das variáveis, métodos de análise geo- estatística e taxas de ocorrência da doença. Este é o primeiro estudo sobre esporotricose no estado, a taxa de ocorrência, em felinos, variou de 0,04% a 3,50% entre os anos de 2015 e 2018. O perfil dos gatos infectados foi: adultos jovens, machos não-castrados. Taxa de eutanásia foi 76,50%, a taxa de cura em animais tratados foi 64,90%. O maior número de casos relacionou-se a bairros mais populosos, indicando que essas seriam áreas sob maior risco. Os resultados foram fundamentais para mobilizar o poder público e a sociedade em atenção à esporotricose, mas é preciso melhorar aspectos relacionados a notificação de casos, diagnóstico laboratorial, a acompanhamento do tratamento, educação sanitária, guarda responsável e controle populacional de felinos.
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