A Geografia Humanista e a Condição Pós-humana

notas para reflexão

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5216/teri.v14i1.78618

Palavras-chave:

Epistemologia da Geografia, Condição pós-humana, Geografia humanista

Resumo

A Geografia humanista nasceu no século XX num contexto de contestação de postulados geográficos quantativistas e numa mescla de efervescências cultural e socioeconômicas. Ela tem, como grande pressuposto teórico, uma nova concepção de espaço, fundada a partir de várias correntes filosóficas. Tal concepção proporcionou um programa de pesquisa variado, que tem como centro a experiência humana na terra e os significados na compreensão da relação das pessoas com lugares e ambientes geográficos. De certa forma, a Geografia humanista foi “provada” por diversas críticas e continua a contribuir com o debate geográfico. Partindo desse entendimento, o artigo objetiva promover um diálogo entre a Geografia humanista e a condição pós-humana, um campo de pesquisa emergente que discute novas formulações do humano a partir da aceleração do capitalismo, da tecnologia e da devastação da natureza. Assim sendo, este trabalho é composto por uma revisão bibliográfica aliada a uma reflexão teórica a respeito das ligações entre a condição pós-humana e a Geografia humanista. Conclui-se que a Geografia humanista, longe de ser uma abordagem caduca, ainda pode auxiliar nas questões geográficas do tempo presente bem como a crise ecológica, ao propor estudos interdisciplinares em busca de um habitar geopoético e o repensar dos valores fundados no humanismo iluminista europeu

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Francyjonison Custodio do Nascimento, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, jonisoncustodio@hotmail.com

Doutor em Geografia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Referências

ABRAM, D. Becoming Animal: an earthly cosmology. New York: Vintage Books, 2010. 336p.

ANDREOTTI, Giuliana. Geografia emocional e cultural em comparação com a racionalista. In: HEIDRICH, Álvaro Luiz; COSTA, Benhur Pinós da; PIRES, Cláudia Luisa Zeferino (Orgs.). Maneiras de ler Geografia e Cultura. Porto Alegre: Imprensa Livre, 2013, p 98-105.

BERNARDES, Antonio. O Dasein que somos no pesquisar em Geografia. Geograficidade, v.6, n.2, p.30-49, 2016. https://doi.org/10.22409/geograficidade2016.62.a12960.

BERQUE, Augustin. A cosmofania das realidades geográficas. Geograficidade, v.7, n.2, p. 4-16, 2017. https://doi.org/10.22409/geograficidade2017.72.a12977.

BESSE, Jean-Marc. Ver a Terra: seis ensaios sobre a paisagem e a Geografia. São Paulo: Perspectiva, 2014. 120p.

______. Geografia e Existência. IN: DARDEL, Eric. O homem e a terra: natureza da realidade geográfica. São Paulo: Perspectiva, 2015, p. 111-139

BONNEMAISON, Jöel. Viagem em torno do território. In: CORRÊA, R. L.; ROSENDHAL, Z. (Orgs.). Geografia cultural: um século (3). Rio de Janeiro: EdUERJ, 2002, p. 83-131.

BRAIDOTTI, Rosi. Posthuman knowledge. Polity Press, 2019. 210p.

BUTTIMER, Anne. Aprendendo o dinamismo do mundo vivido. In: CHRISTOFOLLETI, Antônio. Perspectivas da Geografia. São Paulo: Difel, 1982, p. 165-193.

CAPEL, Horacio. Filosofia e ciência na geografia contemporânea: uma introdução à Geografia. (vol.1). Maringá: Ed. Massoni, 2008. 133p.

CHACON, Carlos Alberto. Pensamiento ambiental geopoético: una estética del habitar la casa, la choza y la guarida. Geograficidade, v. 5, n. Especial, p.66-75, 2015. https://doi.org/10.22409/geograficidade2015.50.a12929.

CLAVAL, Paul. História da Geografia. Lisboa: Edições 70, 2006. 140p.

______. Epistemologia da Geografia. Florianópolis: Editora da UFSC, 2014. 406p.

DAL GALLO, P. M.; MARANDOLA JR, E. O conceito fundamental de mundo na construção de uma ontologia da Geografia. Geousp – Espaço e Tempo (Online), v. 19, n. 3, p. 551-563. 2016. https://doi.org/10.11606/issn.2179-0892.geousp.2015.82961.

DARDEL, Eric. O Homem e a Terra: natureza da realidade geográfica. São Paulo: Perspectiva, 2015. 176p.

FERRANDO, Francesca. Philosophical Posthumanism. New York: Bloomsbury Academic, 2019. 296p.

GOMES, Paulo Cesar da Costa. Geografia e Modernidade. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010. 368p.

HARAWAY, Donna. Manifesto ciborgue: ciência, tecnologia e feminismo-socialista no final do século XX. In: HARAWAY, Donna.; KUNZRU, Hari.; TADEU, Tomaz (orgs). Antropologia do ciborgue: as vertigens do pós-humano. Belo Horizonte: Autêntica, 2009, p. 33-118.

HAYLES, K. How we became posthuman: Virtual bodies in cybernetics, literature and informatics. Chicago: University of Chicago Press, 1999. 364p.

HOLZER, W. Geografia Humanista: sua trajetória 1950-1990. Londrina: Eduel, 2016. 340p.

LA BLACHE, Paul Vidal de. A Geografia humana: suas relações com a Geografia da vida. In: HAESBAERT, R.; NUNES PEREIRA, S.; RIBEIRO, G. (Orgs.). Vidal, Vidais: textos de Geografia humana, regional e política. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2012, p. 99-124.

LATOUR, B. Diante de Gaia: oito conferências sobre a natureza no Antropoceno. São Paulo: Ubu; 2020. 480p.

LORIMER, J. Moving image methodologies for more-than-human geographies. Cultural Geographies, v.17, n.2, p. 237-258, 2010. https://doi.org/10.1177/1474474010363853.

MAFFESOLI, Michel. O theatrum mundi pós-moderno: o jogo da vida, a vida como jogo. Curitiba: PUCPRESS, 2021. 160p.

MARANDOLA JR, Eduardo. Fenomenologia e pós-fenomenologia: alternâncias e projeções do fazer geográfico humanista na geografia contemporânea. Geograficidade, v. 3, n.2, p. 49-64., 2013. https://doi.org/10.22409/geograficidade2013.32.a12864.

______. Olhar encarnado, geografias em formas-de-vida. GeoTextos, v. 14, n.2, p. 237-254, 2018. https://doi.org/10.9771/geo.v14i2.28599.

MORAES, Antonio Carlos Robert. Geografia: Pequena História Crítica. São Paulo: Annablume, 2005. 152p.

MORIN, Edgar; SLOTERDIJK, Peter. Tornar a terra habitável. Natal: EDUFRN, 2021. 93p.

NOGUÉ, Joan. Paisaje y comunicación: el resurgir de las geografías emocionales. IN: LUNA, T. y VALBERDE, I. (Dirs.). Teoría y paisaje: reflexiones desde miradas interdisciplinarias. Barcelona: Observatorio del Paisaje de Cataluña, 2011, p. 27-41.

NOGUERA, A. P.; ARIAS, D. A. B.. Geografias del habitar: un habitar geopoético en la era planetária. Geograficidade, v.1, n1, p. 19-31, 2014. https://doi.org/10.22409/geograficidade2014.42.a12897.

PAIVA, Daniel. Urban sound: territories, affective atmospheres, and politics. 212f. Tese (Doutorado em Geografia) – Instituto de Geografia e Ordenamento do território, Universidade de Lisboa, Lisboa, 2019. Disponível em: http://hdl.handle.net/10451/37949. Acesso em: 15 mai. 2024.

RELPH, Edward. As Bases Fenomenológicas da Geografia. Geografia, v. 4, n. 7, p. 1-25, 1979.

______. Rational Landscapes and Humanistic Geography. New York: Barnes and Noble, 1981. 234p.

______. Reflexões sobre a emergência, aspectos e essência de lugar. In: MARANDOLA JR., Eduardo; HOLZER, Werther; OLIVEIRA, Lívia de (Orgs.). Qual o Espaço do Lugar? Geografia, Epistemologia, Fenomenologia. São Paulo: Perspectiva, 2014, p. 17-32.

RÜDIGER, F.. Breve história do pós-humanismo. E-Compós, v. 8, p. 1-17, 2007.

SAUER, Carl. A Educação de um Geógrafo. GEOgraphia, v. 2, n. 4, p. 137-150, 2000. https://doi.org/10.22409/GEOgraphia2000.v2i4.a13392.

SEAMON, David. Lugarização vivida e a localidade do ser: um retorno à geografia humanística?. Revista do Nufen: Phenomenology and Interdisciplinarity, v. 9, n. 2, p. 147-168, mai. - ago., 2017.

SEAMON, D; LARSEN, T.. Humanistic geography. In: The International Encyclopedia of Geography. Hoboken, Wiley & Sons, p. 1–12, 2020. https://doi.org/10.1002/9781118786352.wbieg0412.pub2.

SERRES, Michel. Os cinco sentidos: filosofia dos corpos misturados – I. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 2001. 364p.

SILVA, L. L. S.. A encruzilhada da abordagem cultural na Geografia. Caderno de Geografia, v. 30, n. 63, p. 1132-1153, 2020. https://doi.org/10.5752/P.2318-2962.2020v30n63p1132.

SOUZA JÚNIOR, C. R. B.. Geografias culturais mais-que-humanas: rumo ao coabitar na terra. Mercator, v. 20, p. 1-10, 2021. https://doi.org/10.4215/rm2021.e20005

STENGERS, Isabelle. No tempo das catástrofes: resistir à barbárie que se aproxima. São Paulo: Cosac Naify, 2015. 160p.

SUESS, R. C.; RIBEIRO, A. S. S.. O lugar na Geografia Humanista: uma reflexão sobre o seu percurso e questões contemporâneas - escala, críticas e cientificidade. Revista Equador, v. 6, p. 1-22, 2017. https://doi.org/10.26694/equador.v6i2.6121.

TUAN, Yi-Fu. Paisagens do medo. São Paulo: Editora UNESP, 2005. 376p.

______. Topofilia: um estudo da percepção, atitudes e valores do meio ambiente. São Paulo: Difel, 2012. 342p.

______. Geografía romântica: em busca del paisaje sublime. Madrid: Biblioteca Nueva, 2015. 184p.

VAZ, C.B.N.. Reflexões sobre modernidade e experiência: apontamentos para uma epistemologia geográfica do ser-no-mundo. GeoTextos, v. 18, n. 2, p. 131-151, 2022. https://doi.org/10.9771/geo.v0i2.51869.

WOLFE, Cary. What is Posthumanism? Minneapolis: University of Minnesota Press, 2010. 400p.

Downloads

Publicado

2024-05-16

Como Citar

DO NASCIMENTO, F. C. A Geografia Humanista e a Condição Pós-humana: notas para reflexão. Revista Terceiro Incluído, Goiânia, v. 14, n. 1, p. e14103, 2024. DOI: 10.5216/teri.v14i1.78618. Disponível em: https://revistas.ufg.br/teri/article/view/78618. Acesso em: 14 nov. 2024.

Edição

Seção

Artigos