Esta é uma versão desatualizada publicada em 2020-12-22. Leia a versão mais recente.

No rastro historiográfico da Psicanálise no Brasil

Reencontrando a escrita da sua ficção

Autores

  • Aline Librelotto Rubin Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, São Paulo, Brasil, linelrubin@gmail.com

DOI:

https://doi.org/10.5216/rth.v23i2.65241

Palavras-chave:

Historiografia psicanalítica, “verdadeira psicanálise”, ficção teórica

Resumo

Neste trabalho elaboramos uma articulação entre as diferentes tradições e momentos dos estudos historiográficos da Psicanálise no Brasil, desde sua emergência na década de 1920. Buscamos situar historicamente continuidades e descontinuidades promulgadas pela virada epistemológica dos anos 1970. Com vistas a uma critica a abordagem historiográfica que se construiu dentro do paradigma da “ficção científica” e da “verdadeira psicanálise”, propomos um retorno à “ficção teórica” de Freud, como definido pelo historiador Michel De Certeau. Além disso, visando a construção de uma historiografia psicanalítica que se baseie em preceitos aliados a sua própria teoria, convocamos alguns elementos da teoria do texto de Barthes, como a escritura baseada no desejo e não na autoria.

Palavras-chaves: Historiografia psicanalítica; verdadeira psicanálise; ficção teórica.

Biografia do Autor

Aline Librelotto Rubin, Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, São Paulo, Brasil, linelrubin@gmail.com

Aline Librelotto Rubin é psicóloga e doutoranda pela Universidade de São Paulo (USP) em Psicologia Social, com bolsa de estudos da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), incluindo bolsa doutorado sanduíche pela Birkbeck - University of London. É mestre também pela Birkbeck College, University of London em "Psychoanalysis, History and Culture" (2014), mestrado reconhecido pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Graduou-se pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) em Psicologia (2011). Tem afinidade com a teoria psicanalítica aplicada ao contexto histórico, político e social, tendo como campo de investigação a Psicanálise no Brasil no período ditatorial. Assim como tem experiência em serviços de saúde mental para usuários de álcool e outras drogas (Brasil e Londres). Trabalhou três anos com ênfase em Psicologia Organizacional e Gestão de Pessoas (http://lattes.cnpq.br/0562453856711623).

Referências

ABRÃO, Jorge Luís Ferreira. As contribuições de Júlio Pires Porto-carrero à difusão da psicanálise de crianças no Brasil nas décadas de 1920 e 1930. Memorandum, v. 20, pp. 123-134, 2011. Acessado em 20/01/2020, http://www.fafich.ufmg.br/memorandum/a20/abrao02

ABRÃO, Jorge Luís Ferreira. Por um modelo metodológico de historiografia da psicanálise. Pulsional - Revista de Psicanálise, Ano 20, n.189, p. 5-16, 2007.

BARTHES, Roland. Da ciência à literatura. In: BARTHES, Roland. O rumor da língua. São Paulo: Editora WMF, p. 3-12, 1988/2012.

BARTHES, Roland. A morte do autor. In: BARTHES, Roland. O rumor da língua. São Paulo: Editora WMF, p. 57-64, 1988/2012.

BARTHES, Roland. Jovens pesquisadores. In: BARTHES, Roland. O rumor da língua. São Paulo: Editora WMF, p. 98-108, 1988/2012.

CABERNITE, Leão. The selection and functions of the training analyst in analytic training institutes in Latin America. Contemporary Psychoanalysis, pp. 398-417, 1982.

CERQUEIRA FILHO, G. (Org.) Crise na psicanálise. Rio de Janeiro: Graal, 1982.

COIMBRA, Cecília. Guardiães da ordem. Uma viagem pelas práticas psi no Brasil do ‘Milagre’. Rio de Janeiro: Oficina do Autor, 1995.

DE CERTEAU, Michel. A escrita da História. Forense Universitária: Rio de Janeiro, 3ª Ed, 1987/2011.

DE CERTEAU, Michel. História e Psicanálise: Entre ciência e ficção. Tradução: João Guilherme de Freitas Teixeira. São Paulo: Autêntica, 1975/2017.

DUNKER, Christian; PAULON, Clarice Pimentel; MILAN-RAMOS, José Guillermo. Análise Psicanalítica de Discursos: Perspectivas Lacanianas. Estação das Letras e Cores: São Paulo, 2ª Ed., 2016.

DUNKER, Christian. Mal-estar, sofrimento e sintoma: uma psicopatologia do Brasil entre muros. Boitempo Editorial: São Paulo, 2015.

EDITORIAL. IDE. n. 10, pp. 3-4., 1984.

GALVÃO, Luiz de Almeida Prado. Notas para a História da Psicanálise em São Paulo. Revista Brasileira de Psicanálise, v.1, n.1, pp. 46-66, 1967.

FACCHINETTI, Cristiana; CASTRO, Rafael Dias.The historiography of psychoanalysis in Brazil: the case of Rio de Janeiro. Dymamis, v. 35, n.1, pp. 13-34, 2015.

FACCHINETTI, Cristiana; PONTE, Carlos. De barulhos e silêncios: contribuições para a história da psicanálise no brasil. Psychê (São Paulo. Impresso), Ano VII, n.11, pp. 59-83, 2003.

FACCHINETTI, Cristiana. Psicanálise para brasileiros: história de sua circulação e apropriação no entre-guerras. Culturas Psi, n. 1, pp. 45-62, 2012.

FREUD, Sigmund. Recordar, repetir e elaborar. In: ______. Observações psicanalíticas sobre um caso de paranoia relatado em uma autobiografia (“o caso Schereber”), artigos sobre técnica e outros textos (1911-1913). Tradução Paulo César Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. p. 193-209, 2014.

FREUD, Sigmund. Contribuição à história do movimento psicanalítico. In: ______. Obras completas, volume 11: totem e tabu, contribuição à história do movimento psicanalítico e outros textos (1912-1914). Tradução Paulo César de Souza. Companhia das Letras: São Paulo, 1914/2012.

FROSH, Stephen. The Re-enactment of Denial. A. Gulerce (ed.) Re(con)figuring Psychoanalysis: Critical Juxtapositions of the Philosophical, the Sociohistorical and the Political. London: Palgrave, pp. 60-75, 2012.

FROSH, Stephen. Hate and the Jewish Science: Antisemitism, Nazism, and Psychoanalysis. London: Palgrave, 2005.

FROSH, Stephen; MANDELBAUM, Belinda. “Like Kings in Their Kingdoms”: conservatism in brazilian psychoanalysis during the dictatorship. Political Psychology, v. 38, n.4, pp. 591-604, 2017.

FROSH, Stephen e MANDELBAUM, Belinda. Psychosocial histories of Psychoanalysis. Revista Praxis e Culturas Psi, v. 1., p.1-13, 2019.

GOMES, Roger Marcelo Martins. representações de ciência, profissão e história no movimento psicanalítico brasileiro (1967 a 1986). Tese de Doutorado – Universidade Estadual Paulista. (UNESP), Faculdade de Ciências e Letras, Assis, 2018.

GOGGIN, J. E.; GOGGIN, E. B. Death of a ‘Jewish science’: Psychoanalysis in the Third Reich. Purdue University Press: Indiana, 2001.

HAMER, Chaim José; AZAMBUJA, Deodato Curvo de; FAVILLI, Myrna Pia; LIMA, Luiz Tenório de Oliveira. Os primeiros anos da ide - lembranças e reflexões. Ide. vol. 38, n.60, São Paulo jul./dez, s/p, 2015,

KATZ, Chaim. Nazismo e Psicanálise: outras relações. In C. S. Katz (Ed) Psicanálise e Nazismo. Taurus Ed: Rio de Janeiro, 1985.

MOREIRA, Luiz Eduardo de Vasconcelos; BULAMAH, Lucas Charafeddine; KUPERMANN, Daniel. Entre barões e porões: Amílcar Lobo e a psicanálise no Rio de Janeiro durante a ditadura militar. Analytica, São João del-Rei, v. 3, n. 4, pp. 173-200, janeiro/junho, 2014.

LACAN, Jacques. A verdade e a ciência. In: LACAN, Jacques. Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, p. 869-892, 1966.

LA PORTA, Ernesto Meirelles. A Agressividade na sociedade Contemporanea: Um enfoque psicanalítico. Revista Brasileira de Psicanálise. v. 18, pp. 411-417, 1984.

LE GOFF, Jacques. Prefácio. Bloch (1993[2002]) A apologia da História ou o ofício do historiador. Rio de Janeiro: Zahar, 2002.

LUZ, Cléo Lichtenstein. A psicanálise em São Paulo – Jubileu de prata, homenagem à Durval Marcondes e Adelheid Koch. Revista Brasileira de Psicanálise. v. 10, pp. 507- 509, 1976.

MANDELBAUM, Belinda. Wounds of dictatorship in the Brazilian psychoanalysis: traumatic reviviscences in the research of the history of psychoanalysis. Mandelbaum, B; Frosh, S.; Lima, R. (2021) Brazilian Psychosocial Histories of Psychoanalysis. Palgrave Macmillan, London, UK. No prelo.

MANDELBAUM, Belinda; RUBIN, Aline e FROSH, Stephen. ‘He didn’t even know there was a dictatorship’: The complicity of a psychoanalyst with the Brazilian military regime. Psychoanalysis and History, 20 (1): 37–57, 2018.

MATHEUS, Tiago Corbisier. Adolescência – História e política do conceito em Psicanálise. Coleção Clínica Psicanalítica, 2010.

MEZAN, Renato. Sob o “signo dos quatro”: ideias para abordar a história da psicanálise. Pulsional – Revista de Psicanálise, ano 22, n.1, p. 28-46, 2009.

NOSEK, et al. Álbum de família: imagens, fontes e idéias da Psicanálise em São Paulo. São Paulo, Brasil: Casa do Psicólogo, 1994.

OLIVEIRA, Carmen Lucia Montechi Valladares de. A historiografia sobre o movimento psicanalítico no Brasil. Revista Latino Americana de Psicopatologia Fundamental, 3: 144-153, 2002.

OLIVEIRA, Carmen Lucia Montechi Valladares de. Arquivos da Psicanálise no Brasil. Pulsional - Revista de Psicanálise. Ano 22, n.1, p. 97-104, 2009.

OLIVEIRA, Carmen Lucia Montechi Valladares de.. História da Psicanálise - São Paulo (1920-1969). Escuta: SP, 2005

OLIVEIRA, Carmen Lucia Montechi Valladares de. Sob o discurso da “neutralidade”: as posições dos psicanalistas durante a ditadura militar. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, v.24, supl., nov., p.79-90, 2017.

PERESTRELLO, M. História da Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro: suas origens e fundação. Rio de Janeiro: Imago, 1987.

PERESTRELLO, Danilo. Contribuição ao estudo da história da psicanálise no Brasil. Revista Brasileira de Psicanálise, Vol. 10, p. 293-296, 1976.

PRADO, Mario Pacheco de Almeida. Perfil trágico dos nossos dias. Revista Brasileira de Psicanálise, V. 8, pp. 147- 156, 1974.

REICH, Wilheim. O combate sexual da Juventude. Edições Epopeia: São Paulo, 1932/1986.

ROCHA, Gilberto S. Introdução ao nascimento da psicanálise no Brasil. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1989.

ROUDINESCO, Elisabeth. Genealogias. Trad. Nelly Ladvocat Cintra. Rio de Janeiro: Relume & Dumará, 1995.

ROUDINESCO, Elisabeth. Psychanalyse et histoire: résistance et mélancolie. In: GAUTHIER, R. M. (org.). Les voies de la psychanalyse. Paris: L’Harmattan, p. 21-34, 1997.

ROUDINESCO, Elisabeth; PLON, Michael. Dicionário de Psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998.

RUBIN, Aline; FROSH, Stephen; MANDELBAUM, Belinda. ‘No memory, no desire’: Psychoanalysis in Brazil during Repressive Times. Psychoanalysis and History. V. 18, N. 1, pp. 93-118. Jan, 2016.

RUBIN, Aline Librelotto. A psychoanalysis for subversion: psychoanalytic discourse on the “new youth” in dictatorial Brazil (1964-1985). Mandelbaum, B; Frosh, S.; Lima, R. (2021) Brazilian Psychosocial Histories of Psychoanalysis. Palgrave Macmillan, London, UK. No prelo.

RUSSO, Jane. The Social diffusion of Psychoanalysis during the Brazilian Military Regime: Psychological Awareness in an Age of Political Repression. En Damousi, J. y Plotkin, M. (Eds.) Psychoanalysis and Politics: Histories of Psychoanalysis under conditions of restricted political freedom. Oxford, Inglaterra: Oxford University Press, 2012.

AFONSO, Rodrigo e MANDELBAUM, Belinda. A psicanálise e seus pioneiros no brasil: notas sobre o “vigoroso psicanalista” Karl Weissmann. Analytica, São João de-Rei. v.6, n. 11, julho/ dezembro, 2017.

SILVEIRA, R. M. G. A 3ª Geração dos Annales: cultura histórica e memória. CURY et al. (orgs) (2010) Cultura histórica e historiografia: legados e contribuições do século 20. Editora da UFPB, 2010.

VIANNA, Helena Besserman. Não Conte a Ninguém – Contribuição à história das Sociedade Psicanalíticas do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Imago, 1994.

ZARETSKY, Eli. Secrets of the Soul. New York: Knopf, 2004.

Downloads

Publicado

2020-12-22

Versões

Como Citar

LIBRELOTTO RUBIN, A. No rastro historiográfico da Psicanálise no Brasil: Reencontrando a escrita da sua ficção. Revista de Teoria da História, Goiânia, v. 23, n. 2, p. 210–229, 2020. DOI: 10.5216/rth.v23i2.65241. Disponível em: https://revistas.ufg.br/teoria/article/view/65241. Acesso em: 22 nov. 2024.

Edição

Seção

Artigos de dossiê