A experiência da imagem na história e na filosofia da ciência

O legado de Kuhn

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.5216/rth.v25i1.72834

Palabras clave:

Thomas Kuhn , Imagem, História e Filosofia da Ciência

Resumen

Um dos mais conhecidos nomes na história da filosofia da ciência, sem dúvida, foi o do físico estadunidense Thomas Kuhn. Em 1962, Kuhn publicou The Structure of Scientific Revolutions, um trabalho que repercutiu amplamente, em particular, entre os pesquisadores das ciências humanas e sociais. Em sua obra, o propósito do autor era o de reformular a identidade das ciências naturais e, para isso, recorria à história, sociologia, psicologia e, de certo modo, também à história da arte. Com uma linguagem que privilegiava a experiência visual, afirmava – entre outras coisas – que a arte e a ciência não eram assim tão distantes, embora permanecessem empreendimentos distintos. No entanto, talvez como uma estratégia para demarcar os campos, o filósofo da ciência manifestou uma compreensão convencional acerca do fenômeno artístico. Ora, tanto em sua principal obra quanto no artigo “Comments [about art and Science]” (1969), ignorou as realizações revolucionárias da arte contemporânea – com trabalhos que de fato tensionavam o entendimento tradicional da atividade – e, de igual modo, foi incapaz de perceber a imagem para além da determinação estética. Por extensão, no processo de formulação do conhecimento científico, vinculou a inscrição visual à uma função instrumental e subalterna. Nesse sentido, acompanhamos as reflexões sobre as representações visuais na história da ciência, bem como na filosofia da ciência, com especial destaque para a compreensão de Kuhn. Por fim, apresentamos algumas das perspectivas contemporâneas acerca da imagem e da visualidade em contexto científico. Nota-se que independentemente de seus juízos, as devastadoras implicações do pensamento de Kuhn configuram um dos aspectos que permitiram a reavaliação de práticas e instrumentos ao redor do ofício científico, vale dizer, de expedientes então desconsiderados pelos especialistas. Logo, também da imagem.

Biografía del autor/a

Ariadne Marinho, Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), Cuiabá, Mato Grosso, Brasil, dinhaamm@hotmail.com

Currículo: http://lattes.cnpq.br/2628613490626175

Thiago Costa, Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT), Pontes e Lacerda, Mato Grosso, Brasil, thiagocosta248@yahoo.com.br

Currículo: http://lattes.cnpq.br/2628613490626175

Citas

BREDEKAMP, Horst (ed). The Technical Image. A History of Styles in Scientific Imagery. Chicago and London: The University of Chicago Press, 2015.

BUENO, Otávio. “Interpreting scientific images: aesthetic considerations at work”. In: WUPPULURI, Shyam and WU, Dali. On art and science. The Frontiers Collection, Springer Nature Switzerland AG 2019; pp. 101-115.

CASTRO, Sixto. “Las propiedades estéticas: naturaleza, arte, ciencia”, en Fernando Martínez Manrique y Luis Miguel Peris-Viñe (eds.), Sociedad de Lógica, Metodología y Filosofía de la Ciencia en España (V Congreso), Granada, MEC-Universidad de Granada-Junta de Andalucía, 2006; pp.707-710.

COSTA, Thiago. “Pitoresco, um pensamento de arte”. Domínios da Imagem, v. 9, n. 17 (2015); pp. 218-236. Doi: http://dx.doi.org/10.5433/2237-9126.2015v9n17p218

COSTA, Thiago e MARINHO, Ariadne. “Debret, Humboldt e o Brasil. Arte e ciência no Voyage pittoresque et historique”. In: COSTA, Thiago e MARINHO, Ariadne (orgs.). O jardineiro de Napoleão. Alexander von Humboldt e as imagens de um Brasil/América (séculos XVIII e XIX). Curitiba: Appris, 2019; pp. 66-88.

DARWIN, Charles. A expressão das emoções nos homens e nos animais. Tradução de Leon de Souza Lobo Garcia. São Paulo: Companhia das Letras, 2009 [1872].

DASTON, Lorraine and GALISON, Peter. “The image of objectivity”, Representations, 40 (Fall, 1992); pp. 81-128.

GUILLAUMIN, Gofrey. “El relativismo epistemológico visto a través de la teoría del cambio científico de Thomas Kuhn”. Relaciones 120, otoño 2009, vol. xxX; pp. 139-164.

FREITAS, Renan Springer de. “A sedução da etnografia da ciência”. Tempo Social, Revista de Sociologia da USP, v. 17, n. 1, junho de 2005; pp. 229-253.

HÖÖG, Victoria. “Visualising the World. Epistemic Strategies in the History of Scientific Illustrations”. Ideas in History. The journal of the Nordic Society of the History of Ideas, Volume 5, 2010 (No. 1-2); pp. 53-69.

HUMBOLDT, Alexander von. Essai sur la géographie des plantes. Paris: Levrault, Schoell et Co., Libraires, 1805.

HUMBOLDT, Alexander von. Ansichten der Natur. Stuttgart: Reclam Verlag 1992 [1a. ed. Tübingen: J. G. Cotta’schen Buchhandlung, 1808].

LYNCH, Michael and WOOLGAR, Steve (ed). Representation in scientific practice. Cambridge MA: MIT Press, 1990.

IVANOVA, Milena. “Aesthetic Values in Science”. Philosophy Compass, Volume 12, Issue 10, October 2017; pp. 01-09.

KOMOLA, Jadwiga. ““Pani z pieskiem” (“Lady with Pooch”): Ludwik Fleck’s uses of images in his epistemological works”. Transversal: International Journal for the Historiography of Science, 1, 2016; pp. 79-87.

KUHN, Thomas S. A estrutura das revoluções científicas. Tradução de Beatriz Vianna Boeira e Nelson Boeira. São Paulo: Editora Perspectiva, 2001 [1962].

KUHN, Thomas. “Posfácio, 1969”. In: KUHN, Thomas. A estrutura das revoluções científicas. Tradução de Beatriz Vianna Boeira e Nelson Boeira. São Paulo: Editora Perspectiva, 2001 [1969]; pp. 217-257.

KUHN, Thomas. “Comentários sobre a relação entre a ciência e a arte”. In: KUHN, Thomas. A tensão essencial. São Paulo: Editora Unesp, 2011 [1969]; pp. 361-373.

MAIA, C. A. A trama das ciências na sociedade liberal: as histórias das ciências, as ciências e a história. Achegas para uma história das histórias das ciências na passagem do laissez-faire ao welfare do fim das ideologias. Tese de Doutorado em História Social – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, USP, 1996.

McALLISTER, JAMES. “Introduction. Recent work on aesthetics of science”. International Studies in the Philosophy of Science, Vol. 16, No 1, 2002; pp. 07-11.

MENDONÇA, André Luis de Oliveira e VIDEIRA, Antonio Augusto Passos. “Progresso científico e incomensurabilidade em Thomas Kuhn”. Scientiae Studia, São Paulo. V. 5, nº 2, 2007; pp. 169-83.

MOULINES, Carlos Ulisses. O desenvolvimento moderno da filosofia da ciência (1890-2000). Tradução Cláudio Abreu. São Paulo: Associação Filosófica Scientiae Studia, 2020 [2006].

MÖßNER, Nicola. Visual Representations in Science. Concept and Epistemology. London and New York: Routledge Taylor and Francis Group, 2018.

OLIVEIRA, José Carlos Pinto de. “Thomas Kuhn, a imagem da ciência e a imagem da arte: o primeiro manuscrito da Estrutura”. Primeira Versão, 149. Setembro de 2016, IFCH, Unicamp; pp. 3-22.

PANG, Alex Soojung-Kim. “Visual Representation and Post-Constructivist History of Science”. Historical Studies in the Physical and Biological Sciences, vol. 28, No. 1, 1997, pp. 139-171.

PENNA-FORTE, Marcelo do Amaral. Iconografia Científica: um estudo sobre as representações visuais na ciência. Tese de Doutoramento em Filosofia, Universidade Estadual de Campinas, SP: 2006.

PRODGER, Phillip. Darwin’s camera: art and photography in the theory of evolution. New York, Oxford University Press, 2009.

ROOT-BERNSTEIN, Robert Scott. “On paradigms and revolutions in science and art: the challenge of interpretation”. Art Journal, vol. 44, nº 2, Art and Science: Part I, Life Sciences (Summer, 1984), pp. 109-118.

RUDWICK, Martin “Emergence of a visual language for eological science (1760-1840)”. Hist. Sci., XIV, 1976; pp. 149-195.

WHITE, JR., Lynn. “Natural Science and Naturalistic Art in the Middle Ages”. The American Historical Review, Vol. 52, No. 3, Apr., 1947; pp. 421-435.

WHITE, Hayden. “The tasks of Intellectual History”. The Monist, Volume 53, Issue 4, 1 October 1969; pp. 606-630.

WISE, M. Norton. “Making visible”. ISIS, 97, march 2006; pp. 75-82.

VATTIMO, Gianni. O Fim da Modernidade. Niilismo e hermenêutica na cultura pós-moderna. Tradução de Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 1996 [1985].

Publicado

2022-07-29

Cómo citar

MARINHO, A.; COSTA, T. A experiência da imagem na história e na filosofia da ciência: O legado de Kuhn. Revista de Teoria da História, Goiânia, v. 25, n. 1, p. 35–55, 2022. DOI: 10.5216/rth.v25i1.72834. Disponível em: https://revistas.ufg.br/teoria/article/view/72834. Acesso em: 16 ago. 2024.