HISTÓRIA E HISTORIOGRAFIA AFRICANA: ENTREVISTA COM ELIKIA M’BOKOLO
Resumen
Elikia M’Bokolo nasceu em Kinshasa (antiga Léopoldville), em 1944, no até então Congo Belga. Sua experiência de vida é um importante substrato para a sua historiografia crítica. Viveu o colonialismo, o apartheid, descolonização e tantas outras experiências que marcaram as sociedades africanas nos anos 50-60. Teve sua formação em curso superior na França (em Lyon e Paris), nos anos 60, onde participou ativamente de um grupo mais jovem da intelligentsia negra emigrada, obtendo sua formação em Letras e sua agrégation na École Normale Supérieure, em 1971. Teve bastante influência de autores da diáspora (C. L. R. James, Eric Williams, Du Bois, etc.) e da renovação da historiografia africana (Cheick Anta Diop, Joseph Ki-Zerbo, Kenneth Onwuka Dike, etc.), como também das tradições intelectuais hegemônicas na França nos anos 60, especialmente a tradição da geração chamada “Escola dos Annales” (Fernand Braudel, Pierre Villar, Jacques Le Goff, Georges Duby e outros). Seus estudos voltam-se para a História Moderna e Contemporânea da África em uma perspectiva de longa duração, como também da Diáspora africana na Europa, América e Ásia. Participou da escrita de textos no projeto da História Geral da África, da UNESCO, como também é autor de uma das obras mais vastas sobre a História da África Negra (BOKOLO, 2003; 2011). A entrevista foi realizada em Goiânia no dia 13 de setembro, após a sua palestra na Universidade Federal de Goiás, na ocasião do I Seminário de História da África e suas Diásporas.
Citas
BALANDIER, Georges. A situação colonial: abordagem teórica. Cadernos CERU, Vol.25, n. 1, pgs. 33-58.
BOAHEN, Albert Adu. História Geral da África, vol. VII: África sob dominação colonial, 1880-1935, 2° edição. Brasília: Unesco, 2010
JAMES, C. L. R. Os jacobinos negros: Toussaint L’Ouverture e a Ouverture e a revolução de São Domingos. São Paulo: Boitempo, 2000.
HOUNTONDJI, Paulin. Sur la “philosophie africaine”. Paris: Maspéro, 1976.
________________________. Conhecimento de África, conhecimento de africanos: Duas perspectivassobre os Estudos Africano. Revista Crítica de Ciências Sociais, 80, 2008.
ISAACMAN, Allen F.. A tradição da resistência em Moçambique: o vale do Zambeze, 1850-1921. Porto Afrontamento, 1979.
KI-ZERBO, Joseph. Le monde africain noir. Paris: Ed. Hatier, 1964.
MAZRUI, Ali. The Africans: A Triple Heritage. BBC/WAT, 57: 00, 1980. Disponível em: >https://www.youtube.com/watch?v=8-pksToXSL4<.
___________ (Org.). História Geral da África, vol. VIII: África desde 1935, 2° edição. Brasília: Unesco, 2010.
MBEMBE, Achille. As formas africanas de auto-inscrição. Estudos Afro-Asiáticos. Rio de Janeiro, vol. 23-1, 2001, p. 171-209.
M’BOKOLO, Elikia. África Negra: história e civilizações. Tomo I (até ao Século XVIII). Tradução de Alfredo Margarido. Lisboa: Editora Vulgata, 2003.
_____________________. África Negra: história e civilizações. Tomo II (Do século XIX aos nossos dias). Tradução de Manuel Resende, revisada academicamente por Daniela Moreau, Valdemir Zamparoni e Bruno Pessoti. Salvador: EDUFBA; São Paulo: Casa das Áfricas, 2011, 754 p.
_______________________; AMSELLE, Jean-Loup. No centro da etnia–Etnias, tribalismo e Estado na África. Rio de Janeiro: Vozes, 2017.
MUNDIMBE, V. Y. A invenção da África: Gnose, filosofia e a ordem do conhecimento. Lisboa: Edições Pedago/Edições Mulemba, 2013a.
_________________. A ideia de África. Luanda: Edições Mulemba/Edições Pedago, 2013b.
TEMPELS, Placide. La philosophie bantoue. Paris: Présence Africaine, 1949.
WILLIAMS, Eric. Capitalismo &Escravidão. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
A Revista publica única e exclusivamente artigos inéditos. São reservados à Revista todos os direitos de veiculação e publicação dos artigos presentes no periódico.
Licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License