AS VANGUARDAS DO SÉCULO XX E O CAMINHAR COMO PRÁTICA ESTÉTICA NO CAMPONÊS DE PARIS
Palabras clave:
Caminhar e a cidade, Arte pública e o caminhar, Cartografia urbana, Cidade das VanguardasResumen
No início do século XX, o caminhar foi assumido pelas Vanguardas como uma forma de ação estética. Os dadaístas usavam a caminhada para representar a banalidade da cidade. O dadaísmo causou um golpe mortal aos conceitos tradicionais de cultura, dando origem ao surgimento de novas expressões e conceitos através da negação do que havia ocorrido antes. A exploração da banalidade pregada pelo Dada deu origem à análise freudiana do inconsciente da cidade, que seria desenvolvido mais tarde pelos surrealistas e os situacionistas. Essas representações se originaram na crença dos Futuristas de que a cidade não deveria ser vista de forma estática. As ideias surrealistas foram desenvolvidas no contexto da Europa entre guerras. Assumindo o caminhar como dispositivo, as deambulações surrealistas exploravam o simbólico nos elementos au hasard impossível de encontrar nas perspectivas tradicionais. A cidade surrealista era explorada todos os dias, de forma diferente, onde ‘sentir-se perdido’ fazia sentir o ‘maravilhoso cotidiano’ encontrado nos inconscientes da cidade. Este processo é retratado no Camponês de Paris de Louis Aragon, onde a analogia desenhada entre imagens surrealistas e espírito romântico, só era possível na cidade: Aragon descreveu a agonia de passagens, este fascinante espaço urbano e a experiência de caminhada em um parque público à noite, onde literalmente a realidade é confundida com os sonhos. Nadja e o Amor Louco de Breton também mostraram esse processo, mas enfatizando as percepções que surgiram au hasard durante encontros com pessoas e objetos em deambulações urbanas. As sucessões de fatos, objetos e situações foram pistas que levaram Breton a reconhecer, pouco a pouco, sinais que levaram ao seu destino pessoal, sempre com a cidade como pano de fundo.
Citas
ARAGON, Louis. O Camponês de Paris. Rio de Janeiro: Imago, 1996.
CARERI, Francesco. Walkscapes: walking as an aesthetic practice. Barcelona: Gustavo Gili, SA, Barcelona, 2002.
CIDADE, Daniela. A cidade revelada: a fotografia como prática de assimilação da arquitetura. Dissertação de Mestrado: PROPAR –UFRGS, 2002, p. 95 e 105.
CHEVALIER, Jean. Dicionário dos símbolos. Rio de Janeiro: José Olympio, 1995.
DE QUINCEY, Thomas. Confissões de um comedor de ópio. Porto Alegre, LP&M, 2002.
PAESE, Celma. Caminhando: o caminhar como prática socioestética e estudos sobre a arquitetura móvel. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2015.
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