APRESENTAÇÃO

Autores

  • Marcello Felisberto Morais Assunção UFG

Resumo

Apresentamos nesse número o dossiê Cartografias da História da Historiografia Portuguesa, no qual divulgamos a produção historiográfica lusitana recente em autores de diversas universidades portuguesas (Universidade de Coimbra, Universidade Nova de Lisboa e Universidade do Porto). O objetivo principal desse dossiê coaduna com a proposta geral dessa revista: o esforço continuo de historicizar o sujeito objetivante, afim de pensar o que “fazem os historiadores quando fazem historia”. No entanto, há dentro desse campo especializado na “auto-análise” disciplinar especificidades próprias em seus “sub-campos”, como é o caso especifico da História da Historiografia. A HH não pode ser confundida com as demais disciplinas fronteiriças, como a história intelectual, teoria da história, metodologia ou mesmo a escrita da história. O esforço de separar a HH enquanto campo autônomo vem levando uma série de historiadores a afirmar, no Brasil, a emergência de uma “comunidade acadêmica” cada vez mais preocupada com a “analítica da historicidade[1]”.

                  Entretanto, esse não é um esforço somente da intelectualidade brasileira, em outros países encontramos projetos similares nessa espécie de “giro historiográfico”. Neste dossiê, pretendemos demonstrar a partir de uma série de autores a contribuição portuguesa para o debate da “História da Historiografia[2]”. Essas cartografias permitem delinear percursos evidenciando as dimensões estéticas e políticas das narrativas historiográficas situadas em seus distintos tempos, fazendo um exercício análogo ao da “teoria da ideologia” e da “sociologia do conhecimento” ao perscrutar as visões de mundo que subjazem às produções intelectuais e as suas repercussões históricas. Esse esforço de analisar a historicidade da história-conhecimento pode ser encontrada nos diversos recortes temporais e análises dos sete textos que formam esse dossiê.


[1]Entre estes podemos citar os esforços contínuos de Valdei Lopes Araujos de delimitar as fronteiras da HH em diversos artigos e intervenções, ver: ARAUJO, Valdei Lopes. Sobre o lugar da historiografia como disciplina autônoma. Locus, Juiz de Fora, V. 12, 2007, pg. 79-94; ARAUJO, Valdei Lopes. História da historiografia como analítica da historicidade. História da historiografia, Ouro Preto, n.12, Agosto, 2013, pg. 35-44.  

[2]Entre os textos em torno desta problemática podemos citar: ASSUNÇÃO (2016); CATROGA, MENDES, TORGAL (1996); CARVALHO (1971a; 1971b); GODINHO (1971); MARQUES (1974; 1988); MOREIRA (2012); NUNES (1993; 2013); SÉRGIO (1920); SERRÃO (1968 1972).

Biografia do Autor

Marcello Felisberto Morais Assunção, UFG

Possuí graduação, mestrado e doutorado em história pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Pós-Doutorando em Letras FAPESP-USP (2017). Foi pesquisador visitante no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (2015). Analista de pesquisa da Comissão Nacional da Verdade e PNUD-Brasil (2014). Tem experiência na área de História, com ênfase em Estudos Étnico-raciais, História Contemporânea e Teoria da História, atuando principalmente nos seguintes temas: imprensa, intelectuais, história atlântica luso-afro-brasileira, Colonialismos-imperialismo-neo-colonialismo, Estudos Étnico-Raciais, ensino de história e cultura afro-brasileira, Marxismo Clássico e Contemporâneo e Pierre Bourdieu. Foi analista de pesquisa da Comissão Nacional da Verdade entre os meses de Agosto a Dezembro de 2014 (http://cnv.memoriasreveladas.gov.br/institucional-acesso-informacao/equipe.html). Pertence desde 2014 ao grupo de pesquisa "Portugal e Brasil no mundo contemporâneo: identidade e memória" (CNPQ: http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/2599879888501045). Editor executivo do periódico Revista de Teoria da História (RTH). Membro de grupos sobre o estudo da imprensa, a saber: "Pensando Goa: Uma peculiar biblioteca em língua portuguesa" (USP-FAPESP http://goa.fflch.usp.br/), "Imprensa e circulação de ideias: o papel dos periódicos nos séculos XIX e XX" (Fundação Casa Rui Barbosa http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/9541541718955541)" e "Grupo Internacional de Estudos da Imprensa Periódica Colonial do Império Português (Universidade Nova de Lisboa https://giepcippt.wordpress.com/participantes/)". Também e membro de grupos em teoria e historiografia: Teoria da História e Historia da Historiografia no Brasil (http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/203500?fbclid=IwAR3Hg56dOOeLV4Mc5gvex0FxXRyowtWPvK59Fgo0mOSlLBnJrzRUAhHritg) e GT Teoria da História e História da Historiografia (https://anpuh.org.br/index.php/grupos-de-trabalho/atividades/item/5429-gt-teoria-da-historia-e-historia-da-historiografia). Realizou pesquisa de campo em Goa (Índia) durante os meses de junho a julho de 2018 e janeiro a fevereiro de 2019 e 2020.

Referências

ASSUNÇÃO, Marcello Felisberto Morais. A historiografia portuguesa em tempos de política do espírito: o caso da revista Brasília, do Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de Coimbra. Práticas da História: Journal on Theory, Historiography and Uses of the Past, v.2, 2016a, pgs. 57-88.

ARAUJO, Valdei Lopes. Sobre o lugar da historiografia como disciplina autônoma. Locus, Juiz de Fora, V. 12, 2007, pg. 79-94.

___________________. História da historiografia como analítica da historicidade. História da historiografia, Ouro Preto, n.12, Agosto, 2013, pg. 35-44.

Catroga, Fernando; MENDES, José Maria Amado; TORGAL, Luís Reis. História da História de Portugal. Lisboa: Círculo de Leitores, 1996, pgs. 547- 673.

CARVALHO, Joaquim Barradas de. Da História-Crónica à História Ciência, Lisboa: Livros Horizonte, 1971.

CARVALHO, Joaquim Barradas de. As Ideias Políticas e Sociais de Alexandre Herculano, 2ª edição, Lisboa: Seara Nova, 1971.

FALCON, Francisco José Calazans. Historiografia portuguesa contemporânea: Ensaio Histórico Interpreativo. Estudos Históricos 1 (1988).

GODINHO, Vitorino Magalhães. Razão e História (Introdução a um problema), Lisboa, Faculdade de Letras, 1940. [Dissertação de Licenciatura em histórico-filosóficas].

GODINHO, Vitorino Magalhães. Ensaios III, Sobre Teoria da História e Historiografia, Lisboa: Sá da Costa, 1971.

MARQUES, A.H. de Oliveira. Antologia da Historiografia Portuguesa, 2 volumes, Lisboa: Publicações Europa-América, 1974

_______________________________. Estudos de Historiografia Portuguesa, Lisboa: Palas Editora, 1988.

Matos, Sérgio Campos. História, Mitologia, Imaginário Nacional: A História no Curso dos Liceus (1895-1939). Lisboa: Livros Horizonte, 1990.

__________________. “O Ultranacionalismo da Memória Institucional.” In Portugal Contemporâneo (1926-1968). Volume IV, ed. Reis, António. Lisboa: Publicações Alfa, 1990.

MOREIRA, Nuno Miguel Magarinho Bessa. A Revista de História (1912-1928), Dissertação de Doutoramento em História, 2 vols., Porto: Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 2012. [Dissertação de Doutoramento em História].

Nunes, João Paulo Avelãs. A História Econômica e Social na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (1911-1974): Ascensão e Queda de um Paradigma Historiográfico. Dissertação de Mestrado, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, 1993.

____________________________. O Estado, a Historiografia e outras Ciências/Tecnologias Sociais. In: Historiografias Portuguesa e Brasileira no Século XX: Olhares Cruzados, ed. João Paulo Avelãs Nunes, Américo Freire. Coimbra: IUC, 2013.

SÉRGIO, António (1920), Ensaios, Tomo I, Rio de Janeiro, Anuário do Brasil, 1920. SERRÃO, Joaquim Veríssimo. História e conhecimento histórico. Verbo, Lisboa, 1968.

________________________________. A Historiografia Portuguesa Doutrina e Crítica, séculos XII-XVI, Verbo, Lisboa, I Volume 1972.

TORGAL, Luís Reis. Historia e ideologia. Coimbra: Minerva, 1989.

Downloads

Publicado

2017-07-27

Como Citar

ASSUNÇÃO, M. F. M. APRESENTAÇÃO. Revista de Teoria da História, Goiânia, v. 17, n. 1, p. 1–10, 2017. Disponível em: https://revistas.ufg.br/teoria/article/view/48053. Acesso em: 28 mar. 2024.