En la teoría de la historia y de la literatura hay una cuestión racial, en teoría

2022-03-29

Na teoria da história e da literatura há questão racial, em teoria

 

Data final para envio |  28 de fevereiro 2023                     Publicação em | julho de 2023

Período da avaliação de textos | até 30 de maio 2023

Envio das cartas de aceite | até 04 de junho 2023

Submissões via website | https://www.revistas.ufg.br/teoria/about/submissions

Organizadores | Ana Carolina Barbosa (UFBA), Fernando Baldraia (CEBRAP), Maria Dolores Sosin Rodriguez (UFBA), Marcello Assunção (UFRGS); Allan Kardec Pereira (UFRGS)

Resumo:

Cada vez mais as ciências humanas/humanidades – e as instituições que as produzem - se vêem diante de um debate sobre seus limites disciplinares. A História, disciplina “historicamente” construída nessa zona limítrofe com a Filologia, a Filosofia da história e a Teoria da Literatura, é peça chave neste debate.

Quais são esses limites? Onde e como identificá-los? O que é conceitualmente novo, singular e/ou distintivo nas inquirições e enquadres oriundos de campos como os estudos raciais críticos, o feminismo negro, a teoria queer e a crítica do mundo/paradigma colonial (em suas variadas vertentes: decolonial, pós-colonial, anti-colonial, contra-colonial, etc,)?

A última década foi marcada por uma evidente transformação na qualidade do debate sobre antirracismo na esfera pública brasileira, sobretudo na hegemônica. Esse novo cenário é fruto da intervenção de vozes antes ali ausentes e, em boa medida, decorrência de duas décadas de políticas de ações afirmativas que impulsionaram mudanças substantivas na composição do corpo discente das universidades, mas cujo reflexo ainda é tímido no que diz respeito à reconfiguração do corpo docente, à realocação de verbas para pesquisa e à reestruturação institucional dos departamentos.

Não obstante, é um estado de coisas que tem produzido algum rearranjo nos campos disciplinares, instigado renovados esforços de reescrita e reinterpretação e, eis o principal, colocado em xeque modos de teorizar cuja superioridade e poder aparentemente inabaláveis sempre dependeu de (se) manterem um ambiente epistemológico blindado pela autorreferencialidade.

A História – tanto mais se chancelada como historiografia profissional/acadêmica – é esteio de todas estas disputas. Em tese, aquele seu status “limítrofe” poderia colocá-la em posição de suturar – ou saturar - a estrutura acadêmica disciplinar e animar um pensar que, ao projetar-se para fora de uma relação de influências hierárquicas, se movesse para dentro da produção de teorias que dessem conta não apenas dessas relações, mas do próprio estatuto do histórico. Aqui, vislumbra-se a afirmação de modos de produzir sentido que levem em consideração uma episteme expressa em textualidades diversas, em elaborações do passado assentadas em criações e registros que se interrelacionam a partir de posições não hierarquizantes, mas colaborativas.

Um gesto epistemológico desta natureza se deseja, quase por definição, propenso ao trânsito entre campos, entre disciplinas, entre métodos, entre epistemes e posicionalidades heterogêneas. A posição disciplinar de sujeito do conhecimento é aqui, portanto e por assim dizer, “trans”: transdisciplinar.

Dito isso, o presente dossiê buscará evidenciar vazios, mas também buscará evidenciar produções que já caminhem na direção de práticas da Teoria da História e da Literatura que esbocem interfaces entre os debates raciais e as teorias que subjazem as discussões múltiplas que atravessam esses campos.

The racial question in the theory of history and literature, theoretically

 

Abstract:

The human sciences have been more and more confronted with a debate about their disciplinary limits. The institutions where they are produced faced the same challenge. History, a discipline “historically” constructed within a limit zone – with fields such as literature theory and philology – is a key element in this debate.

Which are these limits? Where and how to identify them? What is conceptually new, singular or distinctive in the inquires and frameworks originated from fields such as critical racial studies, black feminism, queer theory and the critiques of colonial paradigms (in all their varieties: decolonial, pos-colonial, anti-colonial, contra-colonial, etc.)?

The last decade showed a notorious qualitative transformation in the debate about antiracism in Brazil’s hegemonic public sphere. This new scenario results from the intervention of voices that are absent theretofore and, to a large extent, is the consequence of two decades of affirmative actions that drove forward substantive changes in the composition of the university’s student body. Yet, these measures had a small impact on the reconfiguration of the faculty, on the reallocation of research funds, and on the institutional restructuring of academic departments.

Despite its flaws, this state of affairs have been producing some rearrangement of disciplinary fields, stimulated fresh rewriting and reinterpretative efforts and, above all, put in check theorizing modes whose unshakable superiority and power have always depended on the fact that they kept themselves within an epistemological environment armored by self-referentiality.

History is one of the buttresses of all these disputes – even more so when it is endorsed as professional or academic. Theoretically, History’s limit status puts it in position to suture – or to saturate – academy’s disciplinary structure and animate a form of thinking that, by throwing itself out of a relation of hierarchical influences, would move toward the production of theories that account not only for these relations, but also for the very nature of the historical. Here, one glimpse the assertion of ways of generating sense that take into consideration an episteme expressed in a variety of textualities, in elaborations of the past based on creations and records that interrelate departing from non-hierarchical, but rather collaborative positions.

             A such epistemological gesture wants to be, almost par definition, prone to the transit between heterogeneous fields, disciplines, methods, and positionalities. Therefore, the disciplinary subject position is here straight “trans”: transdisciplined/transdisciplinary.

Having said that, this dossier seeks both to identify possible analytical gaps and to highlight theoretical contributions that explore the interface between the broad public sphere debate on racial relations and conceptual approaches in theory of history and literature. The expectation here is perhaps not only to glimpse a rather intertwined border – or limit – for these two settled disciplinary fields but also to show in which ways they have blurry bordered with theories sprung from some newer knowledge areas involved in the current racial debate.

 

En la teoría de la historia y de la literatura hay una cuestión racial, en teoría

Resumen:

            Cada vez más, las humanidades y las instituciones que las producen, se enfrentan a un debate sobre sus límites disciplinarios. La Historia, disciplina construida “históricamente” en esta zona fronteriza con la Filología, la Filosofía de la Historia y la Teoría de la Literatura, es pieza clave de este debate.

            ¿Cuáles son estos límites? ¿Dónde y cómo identificarlos? Lo que es conceptualmente nuevo, singular y/o distintivo en investigaciones y marcos de campos como los estudios raciales críticos, el feminismo negro, la teoría queer y la crítica del mundo/paradigma colonial (en sus diversos aspectos: decolonial, poscolonial, anti-colonial, contracolonial, etc.)?

            La última década estuvo marcada por una transformación evidente en la calidad del debate sobre el antirracismo en la esfera pública brasileña, especialmente en la hegemónica. Este nuevo escenario es fruto de la intervención de voces que antes estaban ausentes y, en buena medida, fruto de dos décadas de políticas de acción afirmativa que impulsaron cambios sustantivos en la composición del estudiantado universitario, pero cuyo reflejo aún es tímido en cuanto a la reconfiguración de la facultad, la reasignación de fondos para investigación y la reestructuración institucional de los departamentos.

            Sin embargo, es un estado de cosas que ha producido cierto reacomodo en los campos disciplinarios, instigado renovados esfuerzos de reescritura y reinterpretación y, he aquí lo principal, cuestionando formas de teorizar cuya superioridad y poder aparentemente inquebrantables han dependido siempre de mantenerse en un ambiente epistemológico escudado por la autorreferencialidad.

            La historia –más aún si se avala como historiografía profesional/académica– es el pilar de todas estas disputas. En teoría, su condición de “borderline” podría ponerlo en condiciones de suturar –o saturar– la estructura académica disciplinar y fomentar un pensamiento que, al proyectarse fuera de una relación de influencias jerárquicas, transite hacia las teorías de la producción que dan cuenta no sólo por estas relaciones, sino por el estatuto mismo de la historia. Aquí podemos ver la afirmación de formas de producir sentido que toman en cuenta una episteme expresada en diferentes textualidades, en elaboraciones del pasado a partir de creaciones y registros que se interrelacionan desde posiciones no jerárquicas, sino colaborativas.

            Un gesto epistemológico de esta naturaleza pretende, casi por definición, ser propenso a transitar entre campos, entre disciplinas, entre métodos, entre epistemes y posicionalidades heterogéneas. La posición disciplinar de sujeto de saber es aquí, por tanto, y por así decir, “trans”: transdisciplinar.

            Dicho esto, el presente dossier buscará resaltar vacíos, pero también buscará resaltar producciones que ya transitan hacia prácticas de la Teoría de la Historia y la Literatura que esbozan interfaces entre los debates raciales y las teorías que subyacen a las múltiples discusiones que atraviesan estos campos.