HEGEL PODE SER UM HISTORICISTA?

Autores

  • Renato Paes Rodrigues Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

Palavras-chave:

Hegel, historicismo, filosofia da história, teoria da história, historiografia

Resumo

Se o historicismo é, essencialmente, uma visão da história que valoriza a singularidade, aparentemente Hegel não tem muito o que dizer sobre isso, até mesmo porque historiadores do século XIX, como Ranke e Burckhardt, identificam-no como um dedutivista, que subordina o individual ao universal, defensor uma falsa teodiceia, entre outros. Problematizando essas afirmações sobre a filosofia da história hegeliana, o objetivo neste artigo é justamente refletir sobre a possibilidade de pensar Hegel dentro da tradição historicista. Apesar de tal questão já ter sido abordada por alguns autores (Beiser, Grespan), consideramos a possibilidade de complexificar ainda mais o debate, com base no próprio Hegel e na tradição hegeliana do século XX.

Biografia do Autor

Renato Paes Rodrigues, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

Renato Paes Rodrigues é mestre em História pela Universidade Federal de Ouro Preto. Atualmente é doutorando do Programa de Pós-Graduação em História da UNIRIO, com a pesquisa intitulada: A atualidade da filosofia da história hegeliana nas obras de Fukuyama e Zizek. Atua principalmente nas áreas de história intelectual, filosofia e teoria da história e história da historiografia alemã. É membro do Núcleo Interdisciplinar de Estudos Históricos (NIET) e do grupo de estudos Historik. 

Referências

BARROS, José D'Assunção. Historicismo: notas sobre um paradigma. Antíteses, v. 5, n.9, p.391-419 jan/jul 2012.

BEISER, Frederick. Hegel and Ranke: A Re-examination. In: HOULGATE, Stephen; BAUR, Michael (eds.)A Companion to Hegel. A John Wiley & Sons, Ltd, Publication, 2011.

BEISER, Frederick. Hegel's historicism. In: Frederick C. Beiser (ed.), The Cambridge Companion to Hegel. Cambridge University Press, 1993, pp. 270-300.

BURCKHARDT, Jacob. Reflexões sobre a História. Rio de Janeiro: ZAHAR Editores, 1961.

BUTLER, Clark. W. Hegel: The Letters. Translated by Clark Butler and Christiane Seiler with Commentary by Clark Butler. Bloomington: Indiana University Press, 1984.

CALDAS, Pedro Spinola Pereira. Que significa pensar historicamente: uma interpretação da teoria da história de Johann Gustav Droysen. Tese de Doutorado em História, PUC-RJ, 2004.

CROCE, Benedetto. A história, pensamento e ação. Rio de Janeiro: Zahar, 1962.

DILTHEY, Wilhelm. A construção do mundo histórico nas ciências humanas.Tradução: Marco Antonio Dos Santos Casanova. –1°ed. –São Paulo: EditoraUNESP, 2010.

DROYSEN, Johann Gustav. Manual de Teoria da História. Petrópolis; Vozes, 2009.

D’HONDT, Jacques. Hegel, Filósofo de la historia viviente. Buenos Aires. Amorrortu Editores, 1971. Vol. 7,n. 1/2, (2002).FALCON, F. J. Calazans. Historicismo: antigas e novas questões. História Revista (UFG. Impresso), Goiânia., v. 7, 2002, p. 23-54.

FUKUYAMA, Francis. The End of History and The Last Man. New York: Avon. Books, 1993.

GRESPAN, Jorge. Hegel e o Historicismo, In: História Revista –Revista da Faculdade de História e do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Goiás. Vol. 7, n. 1/2, (2002).

HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich. Enciclopédia das Ciências Filosóficas em Compêndio(1830). A Ciência da Lógica. Tradução Paulo Meneses e José Machado (colaboração). São Paulo: Loyola, 1995. v. 1.

HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich. Fenomenologia do Espírito. Tradução de Paulo Meneses; com colaboração de Karl-Heinz Efken, e José Nogueira Machado. –7° ed. –Petrópolis, RJ: Vozes: Bragança Paulista: Editora Universitária São Francisco, 2012.

HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich. Filosofia da História. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2008.

HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich. Princípios da Filosofia do Direito. Tradução Noberto de Paula Lima, adaptação e notas Márcio Pugliesi –São Paulo: Ícone, 1997.

KOSELLECK, Reinhart. Crítica e Crise: uma contribuição à patogênese do mundo burguês. Rio de Janeiro: EDUERJ: Contraponto, 1999.

LEBRUN, Gérard. O avesso da dialética –Hegel à luz de Nietzsche. Tradução Renato Janine Ribeiro. São Paulo: Companhia das Letras, 1988.

LÖWITH, Karl. De Hegel a Nietzsche: La quiebra revolucionaria del pensamento el el siglo XIX. Buenos Aires, Katz, 2008.

MANNHEIM, Karl Mannheim. Essays on the Sociology of Knowledge. Edited by Paul Kecskemeti. New York: Oxford University Press, 1952.

MARCUSE, Hebert. Razão e Revolução–Hegel e o advento da teoria social. Editora Saga, 1969.

MARTINS, Estevão C. de Rezende. Historicismo: o útil e o desagradável. In: Flávia Florentino Varella; Helena Miranda Mollo; Sérgio Ricardo da Mata; Valdei Lopes Araujo (org). A dinâmica do historicismo. Belo Horizonte, MG: Argvmentvm, 2008, p. 15-48.

MATA,Sérgio da. Elogio ao Historicismo. In: Flávia Florentino Varella; Helena Miranda Mollo; Sérgio Ricardo da Mata; Valdei Lopes Araujo (org.) A dinâmica do historicismo. Belo Horizonte, MG: Argvmentvm, 2008, p. 49-62.

MEINECKE, Friedrich. El Historicismo y su génesis. México: Editora Fondo de Cultura Económica, 1943.

MORA, José Ferrater. Dicionário de Filosofia. Tradução Roberto Leal Ferreira e Álvaro Cabral. 2° ed. -São Paulo: Martins Fontes, 1996.

PINKARD, Terry. Saber absoluto: por que a filosofia é seu próprio tempo apreendido no pensamento.Revista Eletrônica Estudos Hegelianos, Ano 7, no 13, Dezembro -2010: 07-23.

POPPER, Karl Raimund.A miséria do historicismo. Tradução de Octany S. da Mota e Leônidas Hegenberg –São Paulo: Cultrix: Ed. da Universidade de São Paulo, 1980.

RANKE, Leopold von. O conceito de história universal. Tradução: Sérgio da Mata. In.:. Estevão de Rezende Martins. (Org.).A história pensada: teoria e método da historiografia européia do século XIX. 1ed. São Paulo: Contexto, 2010.

RITTER, Joaquim. Hegel and French Revolution: Essay on the Philosophy of Right. Translated with an Introduction by Richard Dien Winfield. The MIT Press, Cambridge, Massachusetts, London, England, 1982.

SCHOLTZ, Gunter. O problema do historicismo e as ciências do espírito no século XX. In: Revista de História da Historiografia, Ouro Preto, n°6, 03/2011, p. 42-63.

SCHOLTZ, Gunter. O advento da consciência histórica e o conceito de historicismo. Tradução Sérgio da Mata, 2013.

SOUZA, Maria Carmelita Homem de. Hegel em Berlim –Discurso inaugural. Revista Portuguesa de Filosofia. T. 52, Fasc. 1/4, Homenagem ao Prof. Doutor Lúcio Craveiro da Silva (Jan. -Dec., 1996), pp. 831-870.

ŽIŽEK, Slavoj. Menos que nada: Hegel e a sombra do materialismo dialético. Tradução Rogério Bettoni, Editora Boitempo, 2013.

Downloads

Publicado

2019-08-01

Como Citar

RODRIGUES, R. P. HEGEL PODE SER UM HISTORICISTA?. Revista de Teoria da História, Goiânia, v. 21, n. 1, p. 218–250, 2019. Disponível em: https://revistas.ufg.br/teoria/article/view/59770. Acesso em: 19 abr. 2024.